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Inscrições para Bienal Naïfs do Brasil, em Piracicaba, vão até 22 de março
Prêmio Destaque Aquisição, para Augusto Japiá, de Paulista (PE),na edição de 2014 da Bienal Naïfs do Brasil, em Piracicaba (Foto José Pedro Martins)

Inscrições para Bienal Naïfs do Brasil, em Piracicaba, vão até 22 de março

Continuam abertas até o dia 22 de março as inscrições para a décima terceira edição da Bienal Naïfs do Brasil, que acontece no segundo semestre em Piracicaba, interior de São Paulo, na unidade local do Serviço Social do Comércio (Sesc). A Bienal Naïfs reúne os trabalhos representativos da arte ingênua, espontânea, primitiva e popular de todas as regiões do Brasil. As inscrições são gratuitas e devem ser feitas observando o regulamento que pode ser obtido no SESC-Piracicaba.

A 12ª edição da Bienal Naïfs do Brasil, no SESC-Piracicaba, em 2014, apresentou 106 obras de 81 artistas de todos os cantos do país. Desses cantos vem o encanto com o lirismo, a visão crítica e a esperança de dias melhores.

O Baile das Caveiras, do Mestre João do Carmo, de Jaboticabal (SP), na edição de 2014 (Foto José Pedro Martins)

O Baile das Caveiras, do Mestre João do Carmo, de Jaboticabal (SP), na edição de 2014 (Foto José Pedro Martins)

A arte naïf, ou naive, é aquela de matriz na cultura popular, e que representa a expressão espontânea, ingênua, instintiva, de artistas geralmente autodidatas, sobre vários aspectos da vida. Entre 1986 e 1991 o SESC-Piracicaba realizou mostras anuais, que representaram o fortalecimento do olhar mais atento para esse importante recorte da cultura brasileira. As bienais deram um passo à frente, representam um salto de qualidade na valorização e visibilidade dessa vertente artística e filosófica.

A 12ª edição da Bienal Naïfs do Brasil não se limitou à pintura. Eram vários suportes para a expressão dos artistas, como na técnica mista usada pelo Mestre João do Carmo, de Jaboticabal (SP), para mostrar “O Baile das Caveiras”.

Obras de Milene de Oliveira, de Socorro (SP), na última edição da Bienal Naïfs do Brasil: o meio é a mensagem (Foto José Pedro Martins)

Obras de Milene de Oliveira, de Socorro (SP), na última edição da Bienal Naïfs do Brasil: o meio é a mensagem (Foto José Pedro Martins)

Diógenes Moura assinou a curadoria da 12ª Bienal Naïfs do Brasil. Há décadas o pesquisador mergulha na alma da cultura popular brasileira. Nascido em Recife, viveu em Salvador e há anos está em São Paulo, onde atua na Pinacoteca do Estado. É jornalista, escritor e roteirista. É autor, entre outros, de “Elásticos Chineses”, editado pela Fundação Casa de Jorge Amado.

A festa, a alegria, a comunhão de afetos é uma das fortes vertentes da arte naïf. A celebração da vida em comunidade. Como em “Festa Junina”, de Edgard D´Oliveira, de São José do Rio Preto (SP), ou Dança Pau de Fitas, de Salvatori, de Porto Alegre (RS), presentes na 12ª Bienal.

Outro tema valorizado no mundo naïf é a nostalgia da vida rural, seu contato direto com a natureza, o cotidiano duro e livre, como em “Refúgio dos Pescadores” e “A Vida na Roça”, de Milene de Oliveira (Socorro, SP), tendo como suporte duas enxadas, também na última edição. Na arte naïf o meio também é a mensagem.

A cidade medicalizada, por Cor Jesus, de Ouro Preto (MG), em 2014 (Foto José Pedro Martins)

A cidade medicalizada, por Cor Jesus, de Ouro Preto (MG), em 2014 (Foto José Pedro Martins)

Não por acaso, o êxodo rural e suas consequências, tanto para a roça como para a cidade, também está presente no universo naïf e na bienal de Piracicaba. Na edição de 2014, o par de óleos sobre tela “Antes do êxodo rural” e “Depois do êxodo rural”, de Miguel S.S.S., de Marília (SP), foi mais do que explícito nesse sentido.

Um dos efeitos da urbanização intensiva é a medicalização da vida. Esta foi a denúncia de Cor Jesus, de Ouro Preto (MG), em sua assemblagem sem título, na qual utiliza caixas de remédio para montar a maquete de uma cidade densamente urbanizada.

Enfim, a Bienal Naïfs do Brasil é um espelho da alma brasileira, em toda sua diversidade. Os interessados em participar da edição de 2016 por ter mais informações nos números 0800-771-6243 e 3437-9286 ou  pelo email bienalnaifs@piracicaba.sescsp.org.br. O Sesc de Piracicaba fica na Rua Ipiranga, 155, região central da cidade. (Por José Pedro Martins)

Obras de 81 artistas estiveram expostas na última Bienal Naifs de Piracicaba (Foto José Pedro Martins)

Obras de 81 artistas estiveram expostas na última Bienal Naifs de Piracicaba (Foto José Pedro Martins)

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