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Pessoas com Síndrome de Down pedem mais espaço na sociedade na Caminhada pela Inclusão em Campinas
Centenas de famílias participaram da 5ª Caminhada pela Inclusão em Campinas, que começou às 9h na Praça Arautos da Paz Fotos: Martinho Caires

Pessoas com Síndrome de Down pedem mais espaço na sociedade na Caminhada pela Inclusão em Campinas

Por Adriana Menezes

O microfone roubado por alguns segundos no meio da programação para um rápido protesto espontâneo – “Por mais oportunidades no mercado de trabalho” – demonstrou o real desejo de quem estava ali: o direito à expressão e à participação na sociedade. Não foi a única voz a surgir, de repente, no microfone. Outras palavras de ordem foram ouvidas: “Pela inclusão” ou “Por nossos direitos”. Centenas de famílias foram às ruas de Campinas na manhã de hoje por uma causa urgente e de extrema importância para a cidadania: A Inclusão. Foi a 5ª Caminhada pela Inclusão em Campinas.

O clima festivo e a alegria espontânea dominaram o evento que começou às 9h na Praça Arautos da Paz (ao lado da Lagoa do Taquaral). A caminhada foi promovida pelo Centro de Educação Especial Síndrome de Down (CEESD), e pela primeira vez reuniu na mesma ação as entidades da cidade voltadas para as pessoas com a síndrome: Fundação Síndrome de Down (FSD), Instituto Mano Down e o próprio CEESD. O evento encerrou a Semana da Síndrome de Down da Prefeitura de Campinas e antecipou a comemoração pelo dia 21 de março, Dia Internacional da Síndrome de Down.

A caminhada foi promovida pelo Centro de Educação Especial Síndrome de Down (CEESD), com participação da Fundação Síndrome de Down (FSD) e do Instituto Mano Down, com apoio da Prefeitura de Campinas     Fotos: Martinho Caires

A caminhada foi promovida pelo Centro de Educação Especial Síndrome de Down (CEESD), com participação da Fundação Síndrome de Down (FSD) e do Instituto Mano Down, com apoio da Prefeitura de Campinas Fotos: Martinho Caires

Música, capoeira e dança foram as principais formas de expressão na série de apresentações artísticas que antecederam a caminhada. A secretária municipal dos Direitos da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida, Emmanuelle Alkmin, falou sobre a importância da iniciativa.

“A reunião das entidades nesta iniciativa, pela primeira vez, muda o status da inclusão na cidade de Campinas”, disse Emmanuelle. “É o resultado do trabalho dos últimos anos. Mas, afinal, a cidade tem mais de 240 anos sem pensar na inclusão, e só muito recentemente começamos a pensar nisso.”

O evento encerrou a Semana da Síndrome de Down da Prefeitura de Campinas e antecipou a comemoração pelo dia 21 de março, Dia Internacional da Síndrome de Down    Fotos: Martinho Caires

O evento encerrou a Semana da Síndrome de Down da Prefeitura de Campinas e antecipou a comemoração pelo dia 21 de março, Dia Internacional da Síndrome de Down Fotos: Martinho Caires

Glauber Martins Chaves, de 24 anos, conquistou seu espaço no mercado de trabalho como pessoa com Síndrome de Down. Há dois anos e três meses ele trabalha Renner do Campinas Shopping, como Auxiliar de loja. “Faço tudo: arrumo cabide, atendo cliente, e gostam de mim. Fui destaque cinco vezes na loja”, conta Glauco que se preparou no Centro de Iniciação e Qualificação Profissional (CIQP) da Apae Campinas.

Glauber tem carteira assinada e trabalha das 10h50 às 19h10. Almoça com os colegas e está integrado à equipe. “Também levo bronca, como todos.” Mas não é só no mercado do trabalho que ele gosta de ser incluído. Participou do filme “Colegas”, numa cena de banho, e praticava capoeira – parou porque achou que precisava fazer uma dieta. “A festa está muito bonita.”

Glauber Martins Chaves, de 24 anos, trabalha há dois anos e três meses na Renner, como Auxiliar de loja: "Faço tudo."    Fotos: Martinho Caires

Glauber Martins Chaves, de 24 anos, trabalha há dois anos e três meses na Renner, como Auxiliar de loja: “Faço tudo.” Fotos: Martinho Caires

A dançarina Keyla Ferrari, da Companhia de Dança Humaniza, comemorou o ambiente festivo e descontraído da apresentação de dança. Na hora da apresentação, não saiu quase nada como no ensaio e muitos se juntaram no palco para dançar. Mas ela adorou a participação. Ela e seu marido, Vicente Pironti, diretor da Agência Internacional de Desenvolvimento Humanitário Humaniza, disseram que o melhor da manhã foi a brincadeira e, na prática, a inclusão de todos na comemoração.

A bailarina Keyla Ferrari, da Companhia de Dança Humaniza, trabalha há 20 anos com pessoas com deficiência; seu marido, Vicente Pironti, é diretor da Agência Internacional de Desenvolvimento Humanitário Humaniza    Fotos: Martinho Caires

A bailarina Keyla Ferrari, da Companhia de Dança Humaniza, trabalha há 20 anos com pessoas com deficiência; seu marido, Vicente Pironti, é diretor da Agência Internacional de Desenvolvimento Humanitário Humaniza Fotos: Martinho Caires

Mas, enquanto a inclusão em um evento festivo e familiar acontece naturalmente, o cenário no dia-a-dia é bem diferente. Para entender o que ocorre no cotidiano, de verdade, primeiro é preciso entender o que é inclusão.

Apresentação de capoeira antes do início da Caminha pela Inclusão, que teve clima descontraído e reuniu centenas de famílias    Fotos: Martinho Caires

Apresentação de capoeira antes do início da Caminhada pela Inclusão, que teve clima descontraído e reuniu centenas de famílias Fotos: Martinho Caires

A secretária dos Direitos da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida da Prefeitura de Campinas, Emmanuelle Alkmin, que tem deficiência visual, define o que é inclusão: “Para mim é a possibilidade da deficiência ser apenas um detalhe na vida das pessoas. Daí você vê a valorização da pessoa e da vida. Para acontecer isso precisa haver muitas mudanças na nossa cultura e no nosso olhar como sociedade.”

Secretária dos Direitos da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida da Prefeitura de Campinas, Emmanuelle Alkmin, ao lado do vice-prefeito, Henrique Magalhães Teixeira   Fotos: Martinho Caires

Secretária dos Direitos da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida da Prefeitura de Campinas, Emmanuelle Alkmin, ao lado do vice-prefeito, Henrique Magalhães Teixeira Fotos: Martinho Caires

“É possível ter vida, talento, diversão, estudo, trabalho tendo deficiência. As leis também precisam mudar, para que haja uma rede real de garantia de defesa dos direitos das pessoas com deficiência. Estas máquinas digitais de cartão, por exemplo, não funcionam pra mim; não consigo digitar minha senha. Precisa haver normas técnicas que prevejam a acessibilidade. Uma calçada, por exemplo, não pode ser apenas bonitinha com grama e pedrinhas; precisa permitir que passe uma cadeira de rodas. É preciso aliar também a sustentabilidade à acessibilidade”, conclui Emmanuelle.

A jornalista Marta Avancini e sua filha Zoe participaram da Caminhada e assistiram às apresentações de dança e capoeira    Fotos: Martinho Caires

A jornalista Marta Avancini e sua filha Zoe participaram da Caminhada e assistiram às apresentações de dança e capoeira Fotos: Martinho Caires

O toque do berrante por Rogério Afonso convocou todos para a caminhada, por volta de 10h. A 5ª Caminhada pela Inclusão teve o apoio da Prefeitura de Campinas, da Lado B Comunicação Estratégica, do Projeto Sign e das entidades envolvidas: Centro de Educação Especial Síndrome de Down, Fundação Síndrome de Down e Instituto Mano Down.

“É possível ter vida, talento, diversão, estudo, trabalho tendo deficiência. As leis também precisam mudar, para que haja uma rede real de garantia de defesa dos direitos das pessoas com deficiência", disse Emmanuelle Alkmin no evento    Fotos: Martinho Caires

“As leis precisam mudar, para que haja uma rede real de garantia de defesa dos direitos das pessoas com deficiência”, disse Emmanuelle Alkmin no evento Fotos: Martinho Caires

Para a secretária dos Direitos da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida "precisa haver mudanças na nossa cultura e no nosso olhar como sociedade"    Fotos: Martinho Caires

Para a secretária dos Direitos da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida “precisa haver mudanças na nossa cultura e no nosso olhar como sociedade” Fotos: Martinho Caires

 

“É possível ter vida, talento, diversão, estudo, trabalho tendo deficiência", afirma Emmanuelle Alkmin      Fotos: Martinho Caires

“É possível ter vida, talento, diversão, estudo, trabalho tendo deficiência”, afirma Emmanuelle Alkmin Fotos: Martinho Caires

A alegria espontânea e muita descontração marcaram a comemoração antecipada do Dia Internacional da Síndrome de Down, amanhã, 21 de março     Fotos: Martinho Caires

A alegria espontânea e muita descontração marcaram a comemoração antecipada do Dia Internacional da Síndrome de Down, amanhã, 21 de março Fotos: Martinho Caires

A Caminhada pela Inclusão levou gente de todas as idades para as ruas no entorno da Praça Arautos da Paz hoe pela manhã   Fotos: Martinho Caires

A Caminhada pela Inclusão levou gente de todas as idades para as ruas no entorno da Praça Arautos da Paz hoe pela manhã Fotos: Martinho Caires

Chamar a atenção da sociedade para o direito de inclusão na sociedade das pessoas com Síndrome de Down foi a principal motivação da caminhada   Fotos: Martinho Caires

Chamar a atenção da sociedade para o direito de inclusão na sociedade das pessoas com Síndrome de Down foi a principal motivação da caminhada Fotos: Martinho Caires

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