Manhã ensolarada de quarta-feira, 30 de março de 2016, centro de Campinas. Grupos de teatro, dança, circo e outras expressões estão participando, desde as 10 horas, no Largo da Catedral, do ato Arte pela Democracia. Haverá programação durante o dia todo, culminando com a Dança pela Democracia, por volta das 17 horas.
Os artistas desceram inicialmente em cortejo pela rua Treze de Maio, com faixas, cartazes e palavras pela democracia. Depois se concentraram no Largo da Catedral, um dos mais tradicionais espaços de manifestações políticas e culturais da cidade, ao lado do Largo do Rosário e Centro de Convivência Cultural.
“Estamos nos manifestando em defesa da democracia e do Estado de Direito e contra o golpe que está sendo articulado contra um governo eleito legitimamente”, afirmou Tiche Vianna, coordenadora do Núcleo de Atores Pesquisadores do Barracão Teatro, um dos grupos que participam do evento. Ela se refere ao pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff, que está tramitando na Câmara dos Deputados.
“Os dois lados precisam ser ouvidos e não estão sendo pela mídia que apoia o golpe”, disse Tiche Vianna, assinalando que o ato “também é em defesa da alegria, da liberdade de expressão, que foi arduamente conquistada no país”. Ela defende a continuidade da Operação Lava Jato, “para pegar todos que devem”.
Coletivo Nina, Damião e Cia de Teatro e Caxeiras da Guia são outros dos grupos que participam da manifestação. “A arte é política. Os artistas se manifestaram contra a ditadura e agora devem se expressar pela democracia. Há muito em jogo”, destacou Lara Prado, atriz da Damião e Cia de Teatro.
“Grupos que não eram ouvidos, como de mulheres, gays, negros e outros, passaram a se manifestar, a se expressar, e isso gera uma reação conservadora e o ódio. É uma disputa ideológica e é esse direito de manifestação que está em jogo e ameaçado”, completou a atriz.
Uma das fundadoras do grupo Caixeiras da Guia, Cristina Bueno também participou da abertura do ato Arte pela Democracia. “A arte não é fonte de ódio, de rancor, mas de reflexão, de diálogo. A arte sempre é democrática e neste momento a arte deve estar com a democracia, com a liberdade de pensamento e expressão”, ressaltou Cristina Bueno.
Os populares que frequentam um dos pontos mais movimentados de Campinas iam chegando e perguntando. “Você sabe dizer o que é isso? O que significa isso?” Aos poucos, pelos próprios artistas e pelo que viam, percebiam os propósitos do ato, mais um dos que estão acontecendo em todo país contra o impeachment da presidente Dilma Rousseff, assim como têm ocorrido os eventos pelo impeachment e críticos ao governo do PT (ver aqui). (Por José Pedro Martins)