Apesar das fortes chuvas dos últimos dias, a região de Piracicaba e Campinas, localizada nas bacias dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ), continua sendo injustiçada em termos de distribuição de águas pelo Sistema Cantareira. O Sistema retira águas da bacia do rio Piracicaba para abastecer metade da Grande São Paulo: a média mensal de vazão para a metrópole paulistana está em 22 ,76 mil litros, ou 22,76 m3, por segundo. Por outro lado, a região de Campinas e Piracicaba está recebendo de volta, em média, somente 0,40 m3/s.
Segundo dados da própria Sabesp, que gerencia o Cantareira, choveu 43,2 mm em agosto, até hoje, no Sistema Cantareira, superando a média histórica de 34,3 mm. Também choveu muito mais neste mês do que a média histórica nos demais sistemas de abastecimento da Grande São Paulo.
No Sistema Alto Tietê choveu 39,3 mm, contra a média histórica de 36,3 mm. No Sistema Guarapiranga, já choveu 74,4 mm, muito mais do que a média de 39,7 mm. Nos Sistemas Alto Cotia (58,8mm/36,7mm), Rio Grande (55,4mm/48,3mm) e Rio Claro (100,6mm/95,1mm) o volume de chuvas também tem sido superior às médias históricas respectivas.
Com as chuvas significativas para o período, o Sistema Cantareira está com um volume armazenado de 450,81hm³, o que equivale a 46,29% do volume útil total do chamado Sistema Equivalente, segundo a Agência Nacional de Águas (ANA). Situação bem melhor do que nos últimos dois anos, quando chegou a ser necessário o uso do Volume Morto do Cantareira.
Mesmo com as chuvas e a situação mais favorável, a região de Piracicaba e Campinas continua sendo injustiçada na distribuição de águas do Cantareira. É um elemento a ser considerado no processo de renovação da outorga para que a Sabesp continue gerenciando o Sistema. O processo está em curso, com as discussões praticamente no âmbito apenas dos órgãos públicos envolvidos e reduzida participação efetiva da sociedade civil. (Por José Pedro Martins)