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Campinas, cidade ocupada por arte e resgatada para a gentileza e o encontro
Banda da Corporação Musical dos Homens de Cor: a cidade é de todos

Campinas, cidade ocupada por arte e resgatada para a gentileza e o encontro

Por José Pedro Martins

Com fotos de Adriano Rosa

A Corporação Musical Campineira dos Homens de Cor deu o tom e teve início o espetáculo, no palco da metrópole libertada. A cidade que segregou e ficou rica com a escravidão, mas que também foi o berço do movimento republicano, é sacudida no século 21 pela abolição do medo de ir para as ruas e as praças. Entre 4 e  16 de novembro, Campinas é a Cidade Ocupada: diversos espaços, em vários momentos, tomados por arte e pelo resgate da gentileza, dos afetos, do encontro com o outro que nos é negado pela pressa, pelo consumismo cego  e pelo preconceito. A cidade devolvida ao cidadão, ressignificada pela rica diversidade cultural brasileira, na partitura do projeto liderado pelo SESC Campinas, e que conta com o apoio da Prefeitura Municipal, EPTV  e Sindicato do Comércio Varejista de Campinas e Região – Sindivarejista.

A abertura da programação, na terça-feira, 4, foi repleta de simbolismo. Às 18 horas, as paredes da Estação Cultura foram tomadas pela coreografia vertical Tempo Ausente, dos grupos Ares e Pedra Branca, de São Paulo. Teatro, dança e circo, multilinguagens para narrar a história do anjo caído e tornado humano pelo amor. Na antiga estação central de uma das ferrovias que transportaram gente e riqueza, sob o impulso do Ouro Negro do café, os anjos que anunciam a concepção de um novo tempo, o da cidade ocupada pela esperança. O tempo foi suspenso, foi possível ser eterno.

Cidade Ocupada tem atrações até o dia 16 de novembro, em vários espaços

Cidade Ocupada tem atrações até o dia 16 de novembro, em vários espaços

Pouco depois, 19h30, no Galpão Multiuso do SESC, foi a vez da Liga da Dança Dura, de Santo André, oferecer o sabor do Cardápio de Dança. Um menu temperado com ritmos e gestos sugeridos pelo público. Os condimentos eram as sensações e os sentimentos aflorados. Emoções presas no cimento e no asfalto.

Em seguida, no mesmo espaço, a abertura oficial do Projeto Cidade Ocupada e a apresentação da Corporação Musical Campineira dos Homens de Cor. A banda foi criada em 1933, pelo maestro João de Oliveira. Campinas ainda sentia os ecos da escravidão. Mesmo com a abolição, a segregação continuava. Alguns territórios, geográficos e simbólicos, ainda eram vetados aos negros. Nas primeiras décadas do século 20 muitas instituições surgiram na comunidade negra, como afirmação da identidade e reafirmação de direitos.

Uma delas foi a Corporação Musical Campineira dos Homens de Cor. E com ela, em parceria com o músico e compositor Lívio Tragtenberg, foram abertas oficialmente as portas da Cidade Ocupada. Em tempos de eclosão de alguns fundamentalismos e rancores, nada melhor do que essa mensagem: a mestiçagem brasileira é patrimônio coletivo, é a alma ardente de partilha.

A programação completa do Projeto Cidade Ocupada está em www.sescsp.org.br/cidadeocupada

Parceiros do Projeto Cidade Ocupada: a narrativa da partilha

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