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Consórcio PCJ: R$ 6,1 bilhões em dessalinização da água do mar para salvar reservatórios paulistas
Consórcio PCJ estudou dessalinização da água do mar para garantir abastecimento em São Paulo (Foto Adriano Rosa)

Consórcio PCJ: R$ 6,1 bilhões em dessalinização da água do mar para salvar reservatórios paulistas

O Consórcio PCJ, associação de usuários da água das Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí que conglomera 43 prefeituras e 30 empresas, produziu estudo sobre a possibilidade de dessalinizar água do mar e lançá-la no Sistema Cantareira e, assim, ampliar a oferta de água nos reservatórios, ocasionando, consequentemente, a ampliação da oferta de água para o interior do Estado de São Paulo, nas Bacias PCJ, e para a capital, na Bacia do Alto Tietê. O Consórcio estima que o projeto como um todo, com a implantação de uma usina de dessalinização em Bertioga (SP) e a construção de adutoras que trariam a água até o Reservatório Jaguari/Jacareí do Cantareira, custaria algo em torno de R$ 6,1 bilhões. Embora, esses números necessitam de estudos de detalhamento técnico financeiro.

A equipe técnica do Consórcio PCJ, organização que completou 25 anos em 2014, estudou cinco alternativas de traçados para trazer a água do mar para a região da cabeceira da Bacia do Rio Piracicaba, sendo o mais viável o que busca água em Bertioga (SP), por ser o trajeto mais curto com 99,9 km de adutoras. “Porém, há um desnível a ser superado por meio de bombeamento de no mínimo 663 metros de altitude para chegar à região do Sistema Cantareira”, explica o Consórcio PCJ.

A opção por lançar a água dessalinizada no sistema Jaguari/Jacareí, segundo o Consórcio PCJ, permitirá manter de forma artificial em tempo integral o sistema com no mínimo 80% de sua capacidade de reservação, respeitando 20% do espaço útil como reserva estratégica de volume de espera, ou seja, para acumular água de chuvas no período de grandes precipitações no verão, evitando inundações a jusante das barragens.

Segundo o secretário executivo da entidade e coordenador do projeto, Francisco Lahóz, a energia necessária para o bombeamento dessa água “poderia ser obtida com a implantação de usinas eólica aproveitando, assim, a energia do vento” sem sobrecarregar o sistema elétrico convencional. “Além de ser uma obra essencial para a ampliação da oferta de água para salvar as duas principais regiões econômicas do Brasil, estamos preocupados com a minimização dos impactos ambientais. O uso de energia eólica é favorecido pelas correntes de ventos litorâneas”, afirmou Lahoz.

O Estado de São Paulo possui uma potência instalável de 4.734 MW, com geração estimada de 3.000 GWh/ano, sendo necessária sua implantação em áreas que possuam velocidade de vento média anual maior do que 6,5 m/s, segundo o Atlas Eólico do Estado de São Paulo, elaborado pela Secretaria de Energia. No litoral de São Paulo, existem regiões propícias para essa instalação.

O estudo do Consórcio PCJ aponta duas tecnologias de dessalinização: por osmose reversa, utilizada em Israel, e a de evaporação. As duas formas são eficientes, sendo necessários estudos mais detalhados de viabilidade técnica e econômica de acordo com a realidade da região que será implantado. Existe ainda uma terceira alternativa desenvolvida no Estado da Paraíba, na Universidade de Campina Grande, sob a coordenação do professor e doutor Kepler Borges França, que utiliza como tecnologia o aprimoramento de membranas cerâmicas no processo de osmose reversa, acoplado a outros sistemas, num processo de dessalinização com tecnologia nacional e custos inferiores aos modelos acima mencionados.

No documento do Consórcio PCJ, a dessalinização por evaporação tem um custo de energia que representa 41% do custo operacional, enquanto na osmose reversa do modelo israelense é de apenas 26%. Porém, no quesito qualidade, a água dessalinizada por evaporação é a com mais pureza, por retirar aproximadamente 100% das partículas em suspensão, enquanto na osmose reversa esse índice é menor.

O conteúdo do estudo do Consórcio PCJ foi enviado há 15 dias para a direção técnica da Sabesp, operadora do Sistema Cantareira, que respondeu ao ofício de encaminhamento dizendo que o projeto estava sendo analisado. O estudo também será enviado a todos os municípios e empresas associados à entidade.

Sobre José Pedro Soares Martins

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