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ANA e DAEE limitam retirada de água do Cantareira em novembro para evitar catástrofe em 2015
Sistema Cantareira, próximo do fim do Volume Morto: à beira do colapso (Foto Adriano Rosa)

ANA e DAEE limitam retirada de água do Cantareira em novembro para evitar catástrofe em 2015

Para evitar uma catástrofe na região mais rica e populosa do país em 2015, a Agência Nacional de Águas (ANA) e o Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE) de São Paulo anunciaram nesta quarta-feira, 19 de novembro, que o limite superior de retirada efetiva (demanda menos afluências) de volumes de água do Sistema Cantareira para o mês de novembro será de  39 milhões de m3/s. No mesmo comunicado, ANA e DAEE informaram que a vazão do Cantareira para as bacias dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ), onde está a Região Metropolitana de Campinas (RMC), no período é de 4 metros cúbicos, ou quatro mil litros, de água por segundo.

ANA e DAEE afirmam ainda que a meta de volume disponível, a ser preservado no Sistema Equivalente do Cantareira, ao final de 30 de novembro, é de 77 milhões de metros cúbicos por segundo, totalizando as disponibilidades por gravidade e por bombeamento, incluindo as Reservas Técnicas (o chamado Volume Morto) I e II. O Cantareira abastece metade da Grande São Paulo, com águas da bacia do rio Piracicaba.

O objetivo da ANA e do DAEE é garantir que o Sistema Cantareira tenha um mínimo razoável de água no início de 2015, no período final das chuvas de verão. Na semana passada, em audiência na Câmara dos Deputados, o presidente da ANA, Vicente Andreu, afirmou que, sem chuvas razoáveis no final de 2014 e início de 2015, a crise hídrica pode ser ainda pior no próximo ano.

Vicente citou o fato de que em janeiro de 2014 os reservatórios do Sistema Cantareira, em seu conjunto, já estavam muito abaixo da média histórica. Esses reservatórios, formados por águas da bacia do rio Piracicaba e que abastecem metade da Grande São Paulo, estavam com menos de 30% de sua capacidade, menos do que o volume em janeiro de 2013 (menos de 50%) e janeiro de 2012 (menos de 70% da capacidade).

Ao longo de 2014, como o presidente da ANA demonstrou com um gráfico na audiência na Câmara dos Deputados, em todos os meses o volume útil do conjunto de reservatórios do Cantareira esteve muito menor do que nos anos anteriores. Esse volume útil foi de pouco mais de 20% em fevereiro (em relação a pouco mais de 50% em fevereiro de 2013 e mais de 70% em fevereiro de 2012), cerca de 15% em março (contra mais de 50% em mais de 70% no mesmo mês em 2013 e 2012), pouco mais de 10% em abril (contra mais de 60% e mais de 70%), 10% em maio (contra mais de 60% e mais de 70%), cerca de 5% em junho (contra 60% e 70%) e cerca de 2% em junho (contra pouco menos de 60% no mesmo mês em 2013 e mais de 70% em 2012).

Em julho o volume útil do Cantareira já estava praticamente zerado, contra mais de 50% no mesmo mês em 2013 e mais de 70% em 2012, e em agosto o volume útil já era negativo, com o abastecimento para metade da Grande São Paulo apenas assegurado pelo uso da primeira parte do Volume Morto. Em agosto de 2012 o volume útil era mais de 50% e em agosto de 2013, de mais de 70%. Em setembro e outubro o volume útil continuava negativo e continuará assim nos próximos meses, a menos que venham chuvas muito fortes até o final de 2015. Sem elas, em janeiro de 2015 o volume útil poderá estar em muito menos do que os menos de 30% em janeiro de 2014. Com isso, a crise hídrica de 2015 na região mais populosa e rica do Brasil tende a ser muito mais grave.

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