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Regina Márcia Moura Tavares coloca o patrimônio histórico no centro da agenda da RMC
Regina Márcia Moura Tavares: trajetória em defesa do patrimônio cultural (Foto Martinho Caires)

Regina Márcia Moura Tavares coloca o patrimônio histórico no centro da agenda da RMC

Por José Pedro S.Martins

A defesa e a proteção da memória e do patrimônio histórico, material e imaterial, geralmente não recebem a atenção devida dos poderes públicos e sociedade em geral no Brasil. O resultado é o conjunto de perdas irreparáveis como aquela decorrente do incêndio no Museu Nacional, no Rio de Janeiro, na fatídica noite de 2 de setembro de 2018. Pois na Região Metropolitana de Campinas (RMC) esse panorama desfavorável à preservação da memória e do patrimônio está mudando, em função de ações como as da antropóloga Regina Márcia Moura Tavares, que acaba de lançar, entre outras iniciativas, uma cartilha voltada para o grande público sobre o tema.

A antropóloga lançou a Cartilha de Educação Patrimonial – Memória e Patrimônio em eventos como palestra na Casa de Vidro, em Campinas, durante a 13ª Primavera dos Museus. Agora, está se preparando para lançar a publicação e discutir os temas que enfoca em cidades como Sorocaba (no dia 8 de novembro, durante a Jornada do Patrimônio), Indaiatuba (25 de outubro), Paulínia (5 de novembro) e de novo Campinas, no Colégio Atheneu (no dia 19 de outubro). Outros lançamentos e debates devem acontecer, para divulgar a importante publicação.

Capa da publicação da antropóloga Regina Márcia Moura Tavares (Foto Reprodução)

Capa da publicação da antropóloga Regina Márcia Moura Tavares (Foto Reprodução)

Cartilha para o público em geral – Concebida e escrita em uma linguagem didática, a Cartilha de Educação Patrimonial – Memória e Patrimônio, de Regina Márcia Moura Tavares, foi construída no formato de um diálogo entre a autora e o leitor, de qualquer idade, posição social ou profissão. “Gostaria de conversar com vocês sobre memória, patrimônio histórico, patrimônio material e imaterial”, adianta a autora, na apresentação da publicação.

“Por que tudo isso é tão importante em nossa vida? Podemos fazer alguma coisa para proteger o nosso patrimônio?”, indaga Regina Márcia, apontando as reflexões que irão orientar o corpo da cartilha. Ela faz, então, o convite: “Vamos falar aqui de conceitos gerais, que valem para o Brasil e o mundo, mas vamos citar muitos exemplos concretos de Campinas e outros municípios da Região Metropolitana. Vem comigo!”

A Cartilha de Educação Patrimonial foi dessa forma materializada, com a apresentação de conceitos fundamentais sobre memória e patrimônio histórico material e imaterial, mas com casos concretos, identificados e documentados no texto da autora e em imagens de diversos arquivos e do premiado fotógrafo Martinho Caires. A cartilha foi publicada pela PCN Comunicação e teve projeto gráfico e diagramação de Fabiana Pacola Ius.

O item “Importância dos Museus”, por exemplo, é ilustrado com o Museu Universitário da PUC-Campinas, que mantém uma das principais coleções de arte indígena no Brasil, fruto das expedições de pesquisadores como Alfonso Trujillo Ferrari e Desiderio Aytai. O Museu mantém outras coleções, como a de Brinquedos e Brincadeiras, tipicas do patrimônio imaterial.

Regina Márcia na sessão de autógrafos na Casa de Vidro (Foto Martinho Caires)

Regina Márcia na sessão de autógrafos na Casa de Vidro (Foto Martinho Caires)

Na mesma linha, ao se referir à inclusão da paisagem no conceito de memória, Regina Márcia cita a Mata de Santa Genebra, fragmento de Mata Atlântica localizado no distrito de Barão Geraldo, em Campinas.

Outros municípios da Região Metropolitana de Campinas são contemplados na Cartilha de Educação Patrimonial – Memória e Patrimônio. Como representantes do conceito de memória social, a autora evidencia a presença da colônia italiana em cidades como Valinhos e Vinhedo e da colônia holandesa em Holambra.

Já a Associação Pró-Memória de Sumaré é destacada como exemplo do esforço de uma comunidade pela preservação de sua memória e de seu patrimônio cultural e histórico. A Associação cuida de um acervo de 250.000 papeis, mais de 117.000 fotografias e volumosa coleção de jornais, além de estar sempre publicando artigos e notícias vinculadas à preservação da memória e patrimônio sumareense.

Educadores e profissionais na área do patrimônio ansiosos pelo autógrafo da antropóloga comprometida com a preservação da memória (Foto Martinho Caires)

Educadores e profissionais na área do patrimônio ansiosos pelo autógrafo da antropóloga comprometida com a preservação da memória (Foto Martinho Caires)

A relevância do patrimônio imaterial – O patrimônio imaterial, uma das grandes preocupações da antropóloga Regina Márcia Moura Tavares, está bem representado na Cartilha de Educação Patrimonial. São documentados o jongo, a capoeira e outras das manifestações típicas do rico e diverso patrimônio imaterial brasileiro, presente na RMC.

E, claro, a cartilha também comenta a relevância dos brinquedos e brincadeiras como um precioso patrimônio imaterial da humanidade. Regina Márcia tem uma luta antiga nesse campo. Em 1990, suas ações receberam o selo Década Cultural Mundial pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco), o principal órgão que cuida do patrimônio cultural em nível mundial. Em 1994 a antropóloga organizou o I Encontro Latino-Americano de Brinquedos e Brincadeiras Tradicionais, em Campinas.

No final da cartilha, Regina Márcia Moura Tavares reitera: “Cada um pode fazer alguma coisa importante para preservar a memória e os usos e costumes de sua comunidade contribuindo, desta forma, para a preservação da da cultura da sociedade em que vive, o seu maior patrimônio”.

A própria antropóloga é um exemplo de que é possível fazer muito, com ações individuais e coletivas, em comunhão entre poder público, universidades e sociedade civil organizada. Regina Márcia foi professora e diretora do Instituto de Artes e Comunicação da PUC-Campinas (onde também coordenou o Museu Universitário) e tem no seu currículo, entre outras atividades, a participação em órgãos como o Condephaat e o Condepacc. Uma trajetória emblemática na proteção e preservação da memória e do patrimônio histórico e cultural, maiores tesouros dos povos.

(Veja artigo de Regina Márcia Moura Tavares, na Agência Social de Notícias, sobre “Como preservar a memória e a história da metrópole”, aqui)

 

 

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