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No Carnaval do confinamento, Campinas terá exposição histórica e rodas virtuais com blocos de rua
Bloco do Cupinzeiro, em 2017, em foto de Fabiana Ribeiro, um dos painéis na exposição na Casa de Vidro, em Campinas

No Carnaval do confinamento, Campinas terá exposição histórica e rodas virtuais com blocos de rua

O Brasil não terá em 2021 toda a alegria de sua maior festa popular, em função do confinamento e as outras medidas decorrentes da pandemia de Covid-19, mas a energia e resistência características do Carnaval continuarão aquecendo corações e mentes em diferentes formatos. Em Campinas, por exemplo, os blocos de rua que revitalizaram o Carnaval nos últimos anos participarão de rodas de conversa virtuais transmitidas pelo Canal CulturAr (www.youtube.com/c/CulturAr) e promovidas pela Casa Hacker e Casa de Cultura Itajaí, enquanto uma exposição na Casa de Vidro documentará a trajetória carnavalesca na cidade.

As rodas de conversa pelo Carnaval CulturAr no Youtube serão animadas por vídeos, entrevistas e roda de samba sobre a temática da cultura popular/carnaval e os blocos de rua. Os blocos de rua, que resgataram a essência do Carnaval campineiro, assim como ocorreu em outros pontos do país, estarão presentes nos eventos virtuais desde este sábado, dia 13 de fevereiro, até a terça, dia 16.

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Neste sábado, dia 13, às 17h30, o Carnaval no CulturAr começa com o Bloco da Galinhada. Desde 2010, o Bloco da Galinhada anima o Carnaval de rua do distrito de Joaquim Egídio. Mesmo sob fortes chuvas, como às vezes acontece no período carnavalesco, os foliões do bloco saem à rua devidamente fantasiados, em tributo à simpática ave.

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No domingo, dia 14, às 19 horas, será a vez da apresentação da União Altaneira, com participação da Bateria Alcalina e Maré Altaneira. Na segunda-feira, dia 15, às 16 horas, o historiador Américo Vilella participa da roda de conversa sobre as atividades carnavalescas em Campinas. Logo em seguida, às 18 horas, se apresentam o Bloco Cupinzeiro e o Núcleo de Samba Cupinzeiro, com participação de Anabela Leandro e Edu de Maria.

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Na terça-feira de Carnaval, às 17 horas, estará se apresentando o Bloco do Paredão. Também está prevista a participação do bloco Berra Vaca, inicialmente na terça-feira às 20 horas, e de outros blocos e artistas ainda dependendo de confirmação.

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A produção da série de rodas de conversa é da agente cultural e fotógrafa Fabiana Ribeiro, que desde 2013 faz a documentação do Carnaval dos blocos de Campinas. “Achamos muito importante manter de alguma forma essa manifestação culturalmente tão rica que é o Carnaval de rua, que contempla questões de ancestralidade e outras, fundamentais para a identidade popular”, comenta Fabiana, em entrevista para a Agência Social de Notícias.

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Ela nota que uma intenção, na montagem da programação, foi que os blocos se apresentassem no CulturAr mais ou menos nos mesmos dia e horário em que geralmente vão para as ruas durante o Carnaval. Outro aspecto fundamental na estruturação da programação, diz Fabiana, é a participação ativa dos blocos. “Não é uma programação imposta, mas construída coletivamente. Cada bloco propôs o material que gostaria de mostrar ou a forma de se apresentar, dentro dos limites de tempo do canal”, diz ela.

Fabiana Ribeiro salienta que a roda de conversa com a participação do historiador Américo Vilella, na segunda-feira, fará uma discussão sobre o processo de institucionalização do Carnaval. “Carnaval é o povo na rua, é o poder nas mãos do povo. E o que acontece quando ocorre a institucionalização, com os limites impostos pelo Estado ou com a transformação do Carnaval em uma máquina econômica?”, indaga-se a fotógrafa e agente cultural, que destaca a participação da Casa Hacker, Casa de Cultura Itajaí e canal CulturAr na viabilização das rodas de conversa, mantendo vivo o espírito de resistência e alegria do Carnaval de rua de Campinas.

Uma das fotos históricas do Carnaval de Campinas em exposição na Casa de Vidro a partir do dia 15, quarta-feira

Uma das fotos históricas do Carnaval de Campinas em exposição na Casa de Vidro a partir do dia 15, quarta-feira

Exposição na Casa de Vidro documenta a história do Carnaval em Campinas

A exposição “Do Samba ao Carnaval – A influência rítmica afrodescendente” entra em cartaz na quarta-feira, dia 17 de fevereiro, às 9 horas, na Casa de Vidro no Lago do Café, que fica ao lado do Parque Portugal (Lagoa do Taquaral), em Campinas. A entrada é franca.

A mostra conta com 50 painéis nas medidas 60 x 40 cm, fazendo um recorte do carnaval na cidade; os desfiles das escolas de samba do município e os blocos históricos que influenciaram os diversos blocos atuais. A exposição pode ser visitada até 20 de março, está aberta ao público às quartas, quintas e sextas-feiras, das 9h às 13h.
A exposição também traz fotos da história da Banda do Boi, do Leão da Várzea, de escolas de samba da cidade e do Samba de Bumbo, além de blocos como o Nem Sangue Nem Areia, Nação Maracatu / Urucungos, Puitas e Quinjegues, e os atuais Berra Vaca, Unidos do Candinho, União Altaneira, Cupinzeiro entre outros.
Essa exposição foi realizada pela primeira vez em 2011, foi resultado de uma parceria entre a Coordenadoria Especial de Promoção da Igualdade Racial (Cepir) da Secretaria Municipal de Assistência Social, Pessoa com Deficiência e Direitos Humanos, Coordenadoria de Extensão Cultural da Secretaria de Cultura e do Centro de Memória da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

Em 2019, o material foi “resgatado” e atualizado com um novo acervo com imagens contemporâneas. A mostra conta com os acervos fotográficos do Centro de Memória da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Museu da Imagem e do Som de Campinas (MIS), de Aluízio Jeremias, área de fotografia da Secretaria de Comunicação da Prefeitura de Campinas e da fotógrafa Fabiana Ribeiro que, desde 2013, se dedica ao registro dos blocos na cidade. Na versão para a Casa de Vidro, o acervo de objetos do Museu da Cidade se somam à mostra: são instrumentos dos Blocos do início do século 20, uma recente doação do Bloco Nem Sangue, Nem Areia e uma das fantasias luxuosas de Carlito Maia, ícone histórico do Carnaval campineiro.

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