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Misoginia na Internet é tema de livro com lançamento hoje na Unicamp

Misoginia na Internet é tema de livro com lançamento hoje na Unicamp

Nesta terça-feira, 29 de agosto, a pesquisadora e advogada Mariana Valente, diretora associada do think thank InternetLab, estará lançando o livro “Misoginia na Internet”, em evento às 19 horas, no Auditório Marielle Franco, do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH), na Unicamp. Publicado pela editora Fósforo, o livro é um relato contundente das múltiplas formas de agressão contra as mulheres pela Internet.

O lançamento ocorrerá em debate com a participação da autora, de Fernanda K.Martins (Unicamp, InternetLab), Anna Bentes (IEL, PAGU/Unicamp) e Iara Beleli (PAGU/Unicamp). A organização do evento é de Regina Facchini (PAGU/Unicamp). O evento integra a programação especial de aniversário de 30 anos do Núcleo de Estudos de Gênero – PAGU (@pagu.unicamp).

Além de diretora associada de InternetLab, Mariana Valente é professora de Direito na Universidade de Saint Gallen, na Suíça. Parte de seu doutorado foi como pesquisadora visitante na Universidade da Califórnia, em Berkeley. Ela pesquisou aspectos internacionais do direito de propriedade intelectual.

Mariana pesquisa sobre vários temas. Com base em múltiplos exemplos de ataques a mulheres na web, a autora faz, em “Misoginia na Internet”, uma análise sobre as disputas sociais e as legislações estabelecidas para coibir comportamentos violentos e sexistas na internet.

Misoginia

 

Criados ao longo de dez anos — da Lei Carolina Dieckmann à Lei de Violência Política, passando pelo Marco Civil da Internet —, os instrumentos legais criados no Brasil “são apenas o fio condutor de um estudo que se ramifica para a sociologia, política, ética e filosofia. A autora explora conceitos complexos e mostra quão nefastas podem ser as consequências do ódio às mulheres, discutindo quais as mudanças culturais necessárias para enfrentar a misoginia on-line e off-line”, assinala o texto de lançamento do livro no site da Fósforo.

    Misto de ensaio, pesquisa acadêmica e manifesto feminista, “Misoginia na internet” apresenta “uma abordagem interdisciplinar e interseccional para esses problemas contemporâneos, captando com surpreendente clareza questões da ordem do dia e mostrando que o universo cibernético não está apartado da realidade, mas imbricado no cotidiano de cada cidadã e cidadão”, assinala o texto da editora.

     Os ataques de ódio na Internet são um dos grandes desafios contemporâneos. Um relatório divulgado em 2018 pela Anistia Internacional, “#Twitter Tóxico: Violência e abuso contra mulheres na internet”, já mostrava as vulnerabilidades do mundo digital a manifestações de ódio e misoginia. A Anistia lembrava que em 2017 encomendou uma pesquisa com 4.000 mulheres, em oito países (Dinamarca, Itália, Nova Zelândia, Polônia, Espanha, Suécia, Reino Unido e Estados Unidos), e o trabalho revelou que  mais de três quartos (76%) das mulheres que vivenciaram abuso ou assédio nas redes sociais mudaram a maneira de usá-las, resultando em restrição das postagens: 32% das mulheres pararam de postar suas opiniões sobre certos temas.

    De acordo com a pesquisa, em todos os países, pouco menos da metade (46%) das mulheres que responderam às perguntas e que sofreram abuso ou assédio on-line afirmaram ser de natureza misógina ou sexista. “Entre um quinto (19% na Itália) e um quarto das mulheres que sofreram abuso ou assédio disseram ter incluído ameaças de agressão física ou sexual”, afirmava a Anistia Internacional. O livro de Mariana Valente agora traz novos e importantes subsídios para essa fundamental discussão no contexto brasileiro.

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