Capa » Cultura Viva » Cultura caipira é celebrada neste sábado em Bragança Paulista
Cultura caipira é celebrada neste sábado em Bragança Paulista
Exposição ‘Nos Braços do Violeiro’ retrata o universo da viola caipira (Foto Martin Zenorini)

Cultura caipira é celebrada neste sábado em Bragança Paulista

Produção de Yuri Garfunkel com curadoria de João Carlos Villela promove ao público a oportunidade de mergulhar no universo criativo da HQ A Viola Encarnada

A exposição multidisciplinar “Nos Braços do Violeiro”, em cartaz, na Casa Lebre, em Bragança Paulista, promove, a partir das 17h deste sábado (23), um evento especial para celebrar a cultura caipira em linguagens contemporâneas.  Os idealizadores da mostra, Yuri Garfunkel e João Carlos Villela, promoverão uma roda de prosa sobre os processos de criação e curadoria, e exibirão o curta-metragem “Xangri-lá – A história de Quinzinho Vilela” dirigido por Mário de Almeida, da Maravilha Filmes.

Para completar, será realizada uma roda de viola com participação de Lula Fidalgo e convidados como o cantor, compositor e violeiro paulista Levi Ramiro e o poeta, ator, cantor, compositor e publicitário, Jean Garfunkel.

Com curadoria de João Carlos Villela, a mostra “Nos Braços do Violeiro é sobre “A Viola Encarnada: Moda de Viola em Quadrinhos”, um romance gráfico inspirado em mais de 80 canções do repertório caipira, com roteiro e artes visuais do desenhista, músico e educador Yuri Garfunkel. A mostra ficará em Bragança Paulista até dia 20/04 e depois circulará por: São José dos Campos (de 27/04 a 25/05); Botucatu e Pardinho (01/06 a 10/08); São Luís Paraitinga (31/08 a 21/09) e Campinas (28/09 a 20/10).

De acordo com Yuri Garfunkel, a vontade inicial da Viola Encarnada era traduzir o universo da música caipira para a linguagem dos quadrinhos e das artes visuais. “Criar um ponto de vista pra diálogos contemporâneos com a nossa cultura. A estreia da exposição concretizou essa vontade. Foi um grande encontro de pessoas interessadas em participar desse diálogo e um primeiro passo muito especial pra circulação que faremos durante esse ano”, declara Garfunkel.

Exibição do curta “Xangri-lá”

Quinzinho Viola, retratado no curta-metragem “Xangri-lá – A história de Quinzinho Vilela” (BRA | 2020 | Doc | 12 min), dirigido por Mário de Almeida, da Maravilha Filmes, é um poeta e violeiro de São Francisco Xavier, no interior do estado de São Paulo. Criado na zona urbana de Caçapava, sempre procurou estar em contato com a sua identidade caipira, a natureza e as coisas simples. Com cenas documentais e ilustrações animadas feitas por Yuri, que também compôs a trilha sonora, o curta-metragem narra a história de migração de Quinzinho em busca de seu ideal de vida.

Mário de Almeida explica que foi o interesse na temática da viola que proporcionou o encontro com Yuri Garfunkel que resultou em parcerias profissionais unindo os quadrinhos e o audiovisual. “Nosso trabalho tinha semelhança, interesses em comum e diferenças em relação ao foco então eles se complementavam de uma forma muito legal”, afirma.

Ele conta que o filme “Xangri-lá” foi feito a partir de um material de pesquisa utilizado no projeto de longa metragem “Viola Perpétua”. “Eu e o Yuri Garfunkel colocamos a nossa imaginação a serviço do projeto, ouvindo as histórias do Quinzinho que já estavam gravadas, editando essa história, com a ajuda da Carolina Scatolino, que fez a pré-edição do material e me ajudou no roteiro. Yuri fez um trabalho incrível de história em quadrinhos por camadas, que a gente pôde animar depois”, pontua

O filme com duração de 12 minutos foi lançado pelo Poiesis -Instituto de Apoio à Cultura, à Língua e à Literatura. “O curta rendeu um novo fruto da minha parceria com o Yuri, e que pode ser muito bem o símbolo de uma bela amizade entre o documentário e as histórias em quadrinhos, tendo a viola como um elo. E a viola e a cultura caipira, todo o universo que cerca essa viola mais caipira. É uma honra estar com ele nesse evento para falar dessa produção”, afirma.

Interação do público

Na exposição interativa “Nos Braços do Violeiro” ,o público terá a oportunidade de apreciar as páginas originais da HQ premiada pelo ProAC 2019, com introdução escrita pelo violeiro, professor e pesquisador Ivan Vilela e indicada ao prêmio HQ MIX na categoria Melhor Adaptação em 2020. Umas das propostas da mostra, contemplada pelo Programa de Ação Cultural (ProAC) Circulação,  da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado,  é promover a interação do público com os processos criativos do artista.

Desta forma, além do contato com os originais da obra e seus esboços originais, o visitante da exposição “Nos Braços do Violeiro” terá acesso à viola física que foi inspirada na viola vermelha de Tião Carreiro e encomendada ao Luiz Armando da luthieria Trevo, exclusivamente para este projeto. Inspirado nesse universo, o público também poderá montar sua própria história em um painel com imãs das imagens da HQ. Oportunidade para soltar a criatividade e fazer parte da mostra.

Para propiciar uma imersão na HQ como um todo, a exposição disponibiliza áudios das mais de 80 músicas do repertório caipira. O material possui recursos de acessibilidade como audiodescrição, textos em braile e em alguns dos encontros promovidos com o público, como rodas de viola e bate-papo, terão tradução em Libras.

Por ser uma exposição multidisciplinar sobre um instrumento singular que marca a nossa história musical, um dos objetivos dos idealizadores é compartilhar o conteúdo com um público diverso, inclusive estudantesuniversitários e grupos de idosos e outros interessados. “Essa é uma exposição que mescla Arte Contemporânea, História em Quadrinhos e Música Caipira, por isso a intenção em cada uma das 6 cidades por onde passaremos é dialogar, trocar e aprender com os agentes locais de cada um desses campos”, explica João Carlos Villela.

Exposição ficará até o dia 20/04 na Casa Lebre (Foro Martin Zenorini)

Exposição ficará até o dia 20/04 na Casa Lebre (Foro Martin Zenorini)

“A Viola Encarnada”

Em suas páginas, a obra “A Viola Encarnada’ conduz o leitor para uma viagem sonora afinada e cheia de história, a partir de uma viola avermelhada nas mãos de um violeiro e de um vaqueiro, numa jornada que percorre os sertões até chegar na cidade grande, testemunhando a história da música caipira desde suas origens rurais.

Yuri Garfunkel detalha que a ideia da HQ se formou ao longo de muitos anos ouvindo música caipira. De modo geral, e no gênero Moda de Viola principalmente, ele explica que as canções descrevem narrativas tão intensas que muitas músicas inspiraram filmes. “Mas até agora não conheço outra graphic novel feita a partir desse repertório. Entendi que era um trabalho que poucos poderiam pôr em prática, e mergulhei de cabeça. No final de 2017 eu já tinha clara a estrutura do roteiro, fui a uma palestra do Ivan Vilela e me apresentei a ele que se  interessou imediatamente pelo projeto e começamos a trabalhar”, relembra.

Garfunkel conta que Vilela sugeriu uma que a história fosse além dos temas mais faroeste previstos inicialmente, com muito boi e bala. “Ampliamos o roteiro com a origem da viola, derivada de instrumentos mouros e vinda ao Brasil com as primeiras caravelas portuguesas, e com a construção da Viola Encarnada, protagonista da história. Para isso, busquei ajuda do Luiz Armando da luthieria Trevo, que construiu efetivamente a viola em um mês! O Ivan também sugeriu outro desfecho para a HQ, que termina na cidade grande, completando todo o trajeto percorrido pela música caipira”, comenta Garfunkel.

Programação

Em Bragança Paulista a exposição ficará até o dia 20/04 na Casa Lebre e poderá ser visitada de terça a sexta, das 14 às 18h. Depois seguirá para o Museu do Folclore, em São José dos Campos (de 27/04 a 25/05); MAGMA (Museu Aberto de Geociências, Mineralogia e Astronomia), em Botucatu e  Centro Max Feffer, em Pardinho (01/06 a 10/08); Instituto Elpídio dos Santos, em São Luís Paraitinga (31/08 a 21/09) e Centro Cultural Casarão, em Campinas (28/09 a 20/10).

Os idealizadores contam que a proposta de montar a exposição surgiu durante a pandemia de COVID-19. Em outubro de 2021, “Nos Braços do Violeiro” foi apresentada na A7MA Galeria, na Vila Madalena, em São Paulo, com a realização de bate-papo com o curador e convidados como Xênia França, Lucas Cirillo, Shell Osmo e Renato Shimmi e roda de viola com a participação da cantora e violeira Adriana Farias e dos violeiros Gerson Curió e Inimar dos Reis. Em junho de 2022, integrou a Mostra ‘No Braço da Viola’ no Teatro do Sesc Rio Preto. Na ocasião, Yuri Garfunkel apresentou-se ao lado de grandes nomes da viola contemporânea e ministrou oficinas de criação de HQ a partir de modas de viola.

Ficha Técnica ‘Nos Braços do Violeiro':

-Yuri Garfunkel: Artista expositor, músico, coordenação geral
- João Carlos Villela: Curadoria e Produção Artística
- Cris Rangel: Produção Executiva
- Lula Fidalgo: Montagem e direção musical
- Ellen B. Fernandes: Assessoria de Imprensa
- Mário de Almeida: Registro Audiovisual
– Rodrigo Camargo: Consultoria Jurídica

Realização: ProAC

Contato: garfunkelyuri@gmail.com // @yurisopa // facebook.com/yuri.sopa

SERVIÇO:

Exposição “Nos Braços do Violeiro”
Data: 23/03/2024
– Roda de prosa com os idealizadores Yuri Sopa e João Carlos Villela;
– Exibição do curta ‘Xangrilá’ de Mário de Almeida;
– Roda de viola com Levi Ramiro Silva e Jean Garfunkel;
– Oportunidade de mergulhar no universo criativo do artista no desenvolvimento da HQ ‘A Viola Encarnada’!
Local: Casa Lebre (R. Nícola Ortenzi, 104), em Bragança Paulista
Apoio cultural: Edith Cultura @edithcultura e Aqui Hostel @aquihostelbraganca
Cozinha e bar: @alecrimveg
Entrada gratuita
 

***A Exposição Nos Braços do Violeiro  fica em cartaz até dia 20/04. Visitação: De terça a sexta, das 14 às 18h

 Os idealizadores

Yuri Garfunkel: Artista visual, músico e educador:  Autor dos romances gráficos A Viola Encarnada: modas de viola em quadrinhos, indicado ao prêmio HQMIX 2020 na categoria Melhor Adaptação, e A Outra Anita, sobre a trajetória da pintora Anita Malfatti, lançada em 2022 para o centenário da Semana de Arte Moderna de 1922.  Criador do Sopa Art Br, estúdio de artes visuais, ilustração e design, com mais de 10 anos de experiência em comunicação visual ligada à cultura. Desenvolve seu trabalho a partir de pesquisas na união de linguagens artísticas, relacionando HQs com arte urbana, música e educação. Com quatro exposições criadas nesse conceito, circulou por galerias como Coletivo, Matilha Cultural e A7MA, parques e estações do Metrô de São Paulo, e expôs na Argentina, Itália e Espanha. Como músico, Yuri integra desde 2008 o grupo instrumental Kaoll, com o qual gravou 3 álbuns, realizou mais de 300 apresentações pelo Brasil e uma turnê europeia em 2014. Em 2015 Yuri passou a integrar o grupo Pequeno Sertão de música caipira autoral, com quem lançou dois álbuns, em 2016 e 2021. Como educador, Yuri cria e ministra cursos e oficinas de desenho e criação artística com propostas adequadas para diferentes públicos, de crianças e terceira idade à profissionalização, com circulação no Estado de São Paulo pela rede do Sistema S e centros culturais. 

 João Carlos Villela: Curador, art advisor e produtorAtua há 12 anos no mercado de arte tendo trabalhado como produtor e diretor de vendas em galerias de arte contemporânea do mercado primário. Como produtor, foi responsável por mais de 30 exposições, em galerias e espaços institucionais como o Centro Universitário Maria Antônia e o Instituto Tomie Ohtake. Entre as exposições que produziu estão as de artistas como, Ana Prata, Claudio Mubarac, Elisa Bracher, Fabio Miguez, Oswaldo Goeldi, Paulo Monteiro e Sergio Lucena. Como pesquisador na Art Options, escritório de consultoria de arte, foi responsável pela aquisição de artistas para coleções privadas e para a coleção corporativa do escritório. Desde 2016, como art advisor e curador independente, assessora colecionadores privados e artistas em desenvolvimento de carreira. Curou a exposição coletiva Campo para o Exercício da Liberdade na FUNARTE-SP em 2018, a exposição individual do artista Lumumba no Matilha Cultural em 2018, a exposição Los Silencios sobre o filme homônimo da cineasta Beatriz Seigner no Espaço Itaú de Cinema – Frei Caneca em 2019, e a exposição Nos Braços do Violeiro com obras de Yuri Garfunkel em 2021 na A7MA Galeria e em 2022 no Sesc-Rio Preto. Dirigiu e produziu em 2021 os shows Ao Vivo da Mooca e In Goma, do trio instrumental A Timeline, ambos com o respectivo patrocínio e apoio do ProAC SP e do Teatro Arthur Azevedo.

 

Sobre ASN

Organização sediada em Campinas (SP) de notícias, interpretação e reflexão sobre temas contemporâneos, com foco na defesa dos direitos de cidadania e valorização da qualidade de vida.