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São Paulo perto de guerra da água, mas paralisia de gestores e sociedade continua
Outorga do Cantareira será renovada este ano (Foto Adriano Rosa)

São Paulo perto de guerra da água, mas paralisia de gestores e sociedade continua

Os reservatórios do Sistema Cantareira chegaram a 5,6% de sua capacidade nesta terça-feira, 21 de janeiro, menos 0,2% do que ontem. Todos os reservatórios que abastecem a Grande São Paulo estão em queda, indicando um colapso no abastecimento se não chover em quantidade suficiente nas próximas semanas. O cenário aponta para uma guerra pela água, envolvendo a região mais rica e populosa do país, mas continua a paralisia dos gestores públicos e da sociedade em geral.

O Guarapiranga caiu de 38,9% para 38,5% nas últimas 24 horas. O Sistema Cotia declinou de 28,7% para 28,5%. O Alto Tietê teve queda de 10,4% para 10,2%. Queda também no Sistema Rio Claro, de 23,2% para 22,6%. E queda, finalmente, no Sistema Rio Grande, de 69,1% para 68,8%.

A guerra pela água é prevista em função da disputa de diferentes setores pelos recursos hídricos. Pela legislação brasileira, a prioridade do uso dos recursos hídricos é para abastecimento humano e dessedentação animal. Depois vêem os outros setores.

Mas a disputa pela água já é intensa. Na Macrometrópole Paulista, região que abrange as regiões metropolitanas de São Paulo, Campinas,  Baixada Santista, Sorocaba e Vale do Paraíba, e outras aglomerações urbanas, o abastecimento público consome 110 metros cúbicos por segundo, ou 110 mil litros de água por segundo. O consumo pelos setores industrial e agrícola também é grande, de 70 m3/s e 44 m3/s, respectivamente.

O brusco corte de água para todos esses setores significará um “caos social”, se os reservatórios de água não forem recompostos, como descreve o professor Dr.Antônio Carlos Zuffo, do Departamento de Recursos Hídricos da Faculdade de Engenharia Civil da Unicamp. (Ver na Agência Social de Notícias: http://agenciasn.com.br/arquivos/2027)

As obras acenadas até o momento pelo poder público para garantir a continuidade do abastecimento de água na região mais rica e populosa do país demorarão pelo menos um ano e até três anos para ficarem concluídas. Um dos projetos implica em transposição de águas do Paraíba do Sul para a bacia do rio Piracicaba, e o Rio de Janeiro já tem protestado. Se as chuvas continuarem abaixo da média, o eventual “caos social” poderá acontecer. Em Itu, a cidade que mais sentiu a falta de água em 2014, a população foi às ruas para protestar. O professor Zuffo lembra que houve seca semelhante em 1953. Naquele ano, houve saques no Nordeste.

A Agência Nacional de Águas (ANA) divulgou em seu site nesta terça-feira que a UN-Water, agência das Nações Unidas que trata dos recursos hídricos, anunciou o tema do Dia Mundial da Água de 2015. “Neste ano, o assunto que pautará as discussões do setor de recursos hídricos em todo o mundo será Água e Desenvolvimento Sustentável”, afirma a ANA. O Dia Mundial da Água é lembrado a 22 de março. Se a seca perdurar nas próximas semanas em São Paulo, não haverá água até lá. (Por José Pedro Martins)

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