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Parque Cultural Campinas abre novos horizontes para artes
Estação Cultura, no complexo ferroviário: tradição e futuro (Foto José Pedro Martins)

Parque Cultural Campinas abre novos horizontes para artes

Estação Cultura, no epicentro de forte movimento cultural (Foto José Pedro Martins)

Estação Cultura, no epicentro de forte movimento cultural (Foto José Pedro Martins)

Desde o dia 16 de junho de 2014, o Parque Cultural Campinas representa o novo território para as artes no centro da cidade. O Parque foi criado em função da decisão do Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Campinas (Condepacc), de tombar 33 bens ligados ao complexo ferroviário, compreendido pelas sedes e outros prédios e anexos vinculados à Companhia Paulista e à Companhia Mogiana, ambas do final do século 19. Com a deliberação do Condepacc, praticamente todo o patrimônio ferroviário no centro da cidade está tombado, restando poucos itens para fechar o tombamento.

A determinação do Condepacc é mais um reconhecimento da importância histórica do patrimônio ferroviário para Campinas, derivado da trajetória da Paulista e da Mogiana. As estações dessas companhias foram o palco de alguns dos fatos mais relevantes para a história econômica, social, política e cultural campineira. Com essas empresas, a cidade se tornou um dos principais polos ferroviários do Brasil nas últimas décadas do século 19. E, com o polo ferroviário, Campinas consolidou sua posição como uma das maiores produtoras/exportadoras de café do Brasil na época, o que por sua vez teve notável impacto no processo político.

Algumas das principais lideranças republicanas eram de Campinas, como Francisco Glicério e Manuel Ferraz de Campos Sales, que viriam a ser ministro do primeiro governo republicado e segundo presidente civil do Brasil, respectivamente. Glicério e Campos Sales usaram inúmeras vezes as companhias Paulista e Mogiana em seus deslocamentos.

Entre outros episódios, a estação da Paulista, hoje Estação Cultura, recebeu, no dia 18 de setembro de 1902, o grande inventor Alberto Santos Dumont, o Pai da Aviação. Santos Dumont, que havia estudado em Campinas, no Colégio Culto à Ciência, voltou à cidade para a cerimônia da colocação da pedra fundamental do monumento-túmulo de Carlos Gomes, no centro. Quando chegou na estação central da Paulista, o aviador foi recebido com bandas de música e, descendo a rua Treze de Maio, foi aclamado por centenas de alunos das escolas locais.

Este trajeto é hoje percorrido por milhares de pessoas, que vão ao forte comércio da região central, e também se deslocando para escolas, assuntos de saúde, entre outros de ordem pessoal. E este mesmo trajeto, entre a Estação Cultura e o centro, na altura da Catedral de Campinas, é invariavelmente o percurso de muitas manifestações sociais, políticas e culturais. A decisão do Condepacc, de sacramentar o tombamento de quase todo patrimônio ferroviário, o que levou à criação do Parque Cultural Campinas, fecha um ciclo e abre outro, o de novas plataformas para as múltiplas linguagens artísticas no centro vivo de Campinas.

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