Um painel mundial sobre conflito, coletividade e transformação, sob a perspectiva sempre instigante da imaginação. No próximo dia 24 de março, terça-feira, a partir das 20 horas, o galpão do SESC Campinas abre exposição com 30 das melhores obras da 31ª Bienal de Artes de São Paulo. Sob o título Como (…) coisas que não existem, a exposição é gratuita e acontece até 07 de junho, de terça a domingo.
A interatividade do público com as obras será potencializada por um conjunto de ações educativas e debates relacionados aos temas da proposta curatorial da exposição. Um grupo de 18 profissionais, entre artistas, ativistas e pesquisadores, irá recepcionar os grupos previamente agendados ou formados no momento do percurso. O agendamento de visitas em grupos, a partir de 11 anos e no máximo de 40 pessoas, com mediação dos educadores da Bienal, pode ser feito pelo e-mail agendamento@campinas.sescsp.org.br, durante todo o período da exposição.
As obras selecionadas para a itinerância em Campinas permitem um olhar crítico sobre o panorama da arte contemporânea em âmbito global. Entre elas, destacam-se duas com referências diretas à ditadura militar no Brasil: o vídeo Apelo, filmado por Clara Ianni e Débora Maria da Silva no cemitério Dom Bosco, em São Paulo (construído para receber os cadáveres das vítimas da repressão), e A Última Aventura, pesquisa de fotografia documental em que a artista gaúcha Romy Pocztaruk registra os resquícios do projeto da Rodovia Transamazônica, projeto faraônico arquitetado durante a ditadura, no governo Médici. Ainda no campo político brasileiro, destaque para Não é sobre sapatos, série de imagens registradas por Gabriel Mascaro durante as manifestações de 2013, mas sob a ótica da polícia.
Entre as atrações internacionais, a colagem It’s Just the Spin of Inner Life, da polonesa Agnieszka Piksa, e Open Phone Booth/ Black Series, da curda Nilbar Güreş, que registra, por meio de fotos e vídeos, as soluções criativas encontradas pelos moradores de Bingöl, no Curdistão turco, para as discriminações sociais geradas pelo governo central.
Em sua obra, Agnieszka Piksa tece uma rede de imagens sobre a relação do ser humano com o desconhecido. Com esta ótica, utiliza referências à prática do animismo ou aos mais modernos instrumentais da exploração do espaço. Um mergulho na alma e na condição humana, a partir de seu contato com o que não conhece e, eventualmente, teme e/ou respeita.
Por sua vez, a curda Nilbar Güreş faz uma incursão pela memória, para fotografar a permanência de aparatos e valores repressivos no cotidiano de seu povo. Através de suas lentes, ela procura desvendar o que está escondido pelas aparências e que continua provocando medo e dor. Ao mesmo tempo, apresenta as estratégias que essa população, e particularmente as mulheres, utilizam para reverenciar e praticar o maior bem, a liberdade. A seleção de obras no galpão do SESC Campinas é uma síntese perturbadora do complexo século 21.