Charge, caricatura, colagem, fotografia, desenho, pintura. A manifestação contra o fechamento da Oficina Cultural Hilda Hilst, na manhã e tarde deste sábado, 11 de abril, no Centro de Convivência Cultural, reuniu artistas de vários estilos e linguagens e se transformou em um happening coletivo de indignação e, ao mesmo tempo, um tributo à grande personagem da literatura brasileira que morava em Campinas.
“Fiquei sensibilizado e achei que era importante fazer alguma coisa”, disse o artista plástico Álvaro Azzan, um dos organizadores da exposição-protesto. “É um espaço importante para a cultura, seria uma grande perda o seu fechamento”, completou.
O cartunista Bira Dantas, um dos artistas presentes, cumpriu o que havia prometido e fez uma caricatura da escritora, como sua assinatura no protesto. O Coletivo M7 Arte reuniu vários talentos em uma obra coletiva. O fotógrafo Lilica também deu o seu apoio, com uma obra direta: “Somos Hilda”.
Paulo Branco também se expressou: “Hilda fica”. Synnove fez referências à obra da escritora, citando a “A Obscena Senhora D” e “A Excêntrica Senhora D”. João Bosco fez uma performance indicando a sua ligação estreita com o espírito democrático da Oficina Hilda Hilst e, também, com a linha contestadora da obra da escritora.
“Eu dei oficinas e ao mesmo tempo frequentei oficinas de outros artistas. É toda uma rede de artistas e produtores culturais afetada com essa decisão”, destacou João Bosco.
Muitos frequentadores da feira de artesanato aberta nos finais de semana no Centro de Convivência ficaram sabendo pelos artistas sobre o anúncio do fechamento da Oficina Hilda Hilst.
Com a justificativa do governo de São Paulo, de “readequação do orçamento estadual”, também foi anunciado o fechamento de outras cinco unidades de oficinas culturais, além da de Campinas: Lélia Abramo (Araraquara), Guiomar Novaes (São João da Boa Vista), Glauco Pinto de Moraes (Bauru), Silvio Russo (Araçatuba) e Luiz Gonzaga (São Paulo), que “serão absorvidas” por outras sedes (15 que sobraram), diz o comunicado oficial. Em 2014, o Programa Oficinas Culturais, gerenciado pela Organização Social Poiesis, em conjunto com a Secretaria de Cultura do Estado, desenvolveu atividades em cerca de 300 municípios paulistas.