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Mário Gravem Borges apoia política cultural para Unicamp, mas quer diálogo com a cidade
Mário Gravem Borges: sucessão no Fórum Municipal de Cultura (Foto Martinho Caires)

Mário Gravem Borges apoia política cultural para Unicamp, mas quer diálogo com a cidade

A implementação de uma política cultural pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) é uma ótima notícia para a cidade, pelo potencial da instituição em fortalecer as manifestações culturais locais. Mas essa política precisa ser executada “em diálogo com a cidade, e não de costas para ela e nem vice-versa, porque então teríamos duas cidades”. Esta é a posição do presidente do Fórum Municipal de Cultura de Campinas, Mário Gravem Borges, também membro do Conselho Municipal de Cultura. Um dos mais importantes artistas plásticos campineiros, Gravem viveu anos na Inglaterra. Em 1981, foi o primeiro não-britânico a expor no Institute of Contemporary Art, em Londres.

Construir uma política cultural para a Universidade é o compromisso assumido pelo Conselho de Desenvolvimento Cultural da Unicamp (Condec) e com ações executadas pela Coordenadoria de Desenvolvimento Cultural, da Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos Comunitários. Como parte desse processo de construção será realizado no próximo dia 10 de setembro, quinta-feira, no Centro de Convenções da Unicamp, o fórum “Cultura, Universidade e Sociedade: construindo uma política cultural para a – e a partir da – Unicamp”.

O evento terá a participação de especialistas de Portugal e Colômbia, com experiência na implementação de políticas culturais universitárias, e de representantes do Ministério da Cultura. Os promotores do fórum (Coordenadoria de Desenvolvimento Cultural e Condec) assinalam que essa política cultural vem sendo construída, há mais de dois anos, “pela promoção de debates para o aprofundamento da temática, por meio de diálogos que permitem ouvir a comunidade, tanto interna quanto externa –  acadêmicos, gestores, produtores, consumidores – seus conhecimentos e experiências”.

Novo capítulo na história da Unicamp – O presidente do Fórum Municipal de Cultura entende que a adoção de uma política cultural pela Unicamp representa um novo capítulo na história da instituição. “Antes a Unicamp não tinha muito a ver com a cidade, ao contrário da PUC, que sempre teve um enraizamento comunitário”, ele observa.

Nos últimos tempos, entretanto, Mário Gravem Borges diz identificar movimentos apontando para uma maior aproximação entre a Unicamp e a cidade, inclusive no âmbito cultural. “Através da Coordenadoria de Desenvolvimento Cultural, estão sendo executadas ações de ocupação de espaços públicos, na própria universidade e fora dela, por atividades artísticas e culturais, em benefício dos alunos e comunidade toda, de um modo que nunca houve”, assinala.

Para o artista, a política cultural da Unicamp pode contribuir para romper a lógica existente em alguns âmbitos sociais, no sentido de que uma atividade artística, para ser de fato reconhecida, deve ter a chancela de uma Universidade ou do mundo corporativo. “Essa lógica é perversa e é preciso ser rompida”, ele defende.

Mário Gravem Borges considera que, de fato, a política cultural da Unicamp deve ser conduzida em diálogo permanente com uma política cultural mais ampla de Campinas. “Esse diálogo é essencial e sabemos que não é fácil ser concretizado”, observa. De qualquer modo, ele afirma estar vendo “com muitos bons olhos” a abertura da Unicamp no plano cultural, o que, na sua opinião, pode ser muito benéfico, para Campinas e para a própria Universidade. (Por José Pedro Martins)  

 

 

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