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Sem acordo ambicioso em Paris, diplomacia já fala na COP-22 no Marrocos
Conferência de Paris termina neste dia 12 de dezembro, mas diplomacia já prepara a COP-22 (Foto Adriana Menezes)

Sem acordo ambicioso em Paris, diplomacia já fala na COP-22 no Marrocos

A Conferência do Clima (COP-21) deve terminar neste sábado, 12 de dezembro, em Paris, provavelmente sem um acordo que o jargão da diplomacia denomina de “ambicioso”, ou seja, sem as medidas que efetivamente garantiriam o corte de emissões para que a temperatura média do planeta não suba até 2 graus até o final do século 21. Com isso, a diplomacia já aponta para “ajustes” na COP-22, marcada para o período de 7 a 18 de novembro de 2016, em Marrakesh, no Marrocos. A próxima Conferência terá como tema central “Inovação e Adaptação às Mudanças Climáticas”, o que na prática significa o maior investimento em energias renováveis pela descarbonização ou, no mínimo, por uma economia de baixo carbono.

Nas últimas duas semanas, a COP-21 levou cerca de 140 Chefes de Estado e governo e milhares de diplomatas, ativistas e lobistas a Paris. A Conferência transcorreu com muitas negociações oficiais e um número muito menor de manifestações de rua, em função do aparato de segurança montado na capital francesa após os atentados terroristas de 13 de novembro.

Sem tanta gente na rua como era esperado, organizações não-governamentais e redes de vários matizes agiram mais nos corredores e bastidores do local da Conferência oficial, em Le Bourget, próximo ao famoso aeroporto nos arredores de Paris.  As expectativas não eram muito altas por parte dos ambientalistas e organizações sociais diversas, e de fato a tendência é a de que o Acordo de Paris, a ser anunciado neste sábado, não contemple medidas de fato eficazes para a arquitetura de um regime climático global mais seguro.

Permanecem entraves nas questões mais importantes, como a de quem “paga a conta” pelo corte de emissões, se os países historicamente responsáveis por essas emissões terão responsabilidades maiores, se o acordo será vinculativo (com metas obrigatórias) e se os países mais afetados pelas mudanças climáticas, como os insulares, receberão compensação por isso.

Um Acordo de Paris “ambicioso” é o sonho do governo francês, pois isso repercutiria de forma positiva internamente, em um momento em que o Partido Socialista, que está no poder, vem perdendo popularidade de forma progressiva. Nas últimas eleições regionais a Frente Nacional, de extrema-direita, foi o partido mais votado.

Existem muitas implicações, portanto, em jogo. O dia 12 de dezembro de 2015 vai passar à história, com um Acordo de Paris “ambicioso”, corajoso, ou como a data em que o conjunto da comunidade internacional jogou fora uma de suas últimas chances para combater as mudanças climáticas que já provocam impactos profundos na vida de milhares de pessoas.

Ciente da possibilidade de que seja estabelecido um cenário mais negativo, o corpo diplomático de muitos países tem preparado o discurso a ser adotado, anunciando que “ajustes” serão feitos na COP-22 no Marrocos. Essa foi uma prática adotada nas últimas duas décadas, nas 20 Conferências das Partes que assinaram a Convenção das Mudanças Climáticas da ONU. (Por José Pedro Martins) 

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