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Três décadas depois de Vila Socó, Baixada Santista tem plano de emergência para acidentes
Plano considera todas as vias de acesso ao Porto de Santos, como estratégicas em caso de acidente (fotos José Pedro Martins)

Três décadas depois de Vila Socó, Baixada Santista tem plano de emergência para acidentes

No último dia 16 de dezembro, quarta-feira, foi apresentado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) o Plano de Área do Porto de Santos e Região (PAPS). O Plano contém as ações que serão tomadas, envolvendo vários órgãos, em caso de novos acidentes na Baixada Santista, como o mais grave deles, o do rompimento de oleoduto seguido de incêndio em fevereiro de 1984 em Vila Socó, Cubatão, e em 2015 o incêndio nos tanques do Terminal Químico Aratu S.A. (Tequimar).

O PAPS detalha o sistema viário da Baixada Santista, composto pelas rodovias e outras vias públicas que são necessariamente acessadas em caso de acidente grave na área do Porto de Santos. O sistema também envolve o transporte ferroviário, aquaviário e marítimo que serve a região, assim como os aeroportos e heliportos que também podem ser acionados.

Do mesmo modo, o Plano de Área do Porto de Santos e Região descreve o ambiente físico da Baixada Santista, como seus recursos hídricos, a biodiversidade encontrada nos remanescentes de Mata Atlântica e mangue, condições climáticas, panorama do ambiente marinho e das áreas de concentração humana, com destaque para os municípios de Santos, São Vicente, Guarujá e Praia Grande, os mais densamente povoados.

O PAPS observa que essa região densamente povoada, com forte polo industrial, o maior porto do país e ainda rica de recursos naturais já foi muito afetada por acidentes ambientais. Entre 1978 e 2014, foram 795 casos, entre as 10.044 ocorrências registradas pela Cetesb em todo território paulista, relacionadas a transporte rodoviário e ferroviário, dutos, transporte marítimo, armazenamento e manchas de origem desconhecida, entre outras atividades. O Plano não cita, entretanto, as dezenas de mortes já ocorridas em função de acidentes, como no caso da tragédia de Vila Socó.

Medidas de prevenção e em caso de acidentes já são tomadas, nota o PAPS, que representa, entretanto, um passo à frente. O rol de ações previstas no PAPS, e que foram pensadas para cada hipótese de acidente grave, será acionado “pela instalação em emergência em conjunto com o Comando Unificado, quando extrapolada a capacidade de resposta aos incidentes de poluição por óleo prevista no Plano de Emergência Individual – PEI da instalação responsável pelo atendimento ao incidente”, em decorrência de motivos como influência de fatores meteorológicos ou oceanográficos, falhas mecânicas ou operacionais e dificuldades logísticas.

O Plano descreve, então, em fluxograma detalhado, as providências que devem ser tomadas, pelos vários órgãos envolvidos (como Corpo de Bombeiros, Defesa Civil, Capitania dos Portos e outros), em uma série de hipóteses de acidentes dentro e fora da chamada Área do Porto Organizado.

Em caso de acidentes, serão acionados grupos nas áreas de monitoramento, contenção e recolhimento, de limpeza das áreas impactadas, apoio logístico de campo e atendimento da fauna oleada, entre outros. Também haverá um grupo de comunicação, encarregado de formulação e divulgação de informações sobre a operação de emergência e as operações na mídia.

O Plano contém, ainda, as ações que devem ser tomadas quando o PAPS de cada acidente for desmobilizado. É igualmente descrito um programa de treinamentos, a ser executado visando capacitar os órgãos que vão atuar quando um PAPS for acionado.

Encostas da Serra do Mar, ainda com rica biodiversidade (Foto José Pedro Martins)

Encostas da Serra do Mar, ainda com rica biodiversidade (Foto José Pedro Martins)

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