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Focos Antológicos relembra trajetória de Paulo Cheida, Celina Carvalho e Olho Latino, no MACC
Instalação do Grupo Olho Latino (Foto Divulgação)

Focos Antológicos relembra trajetória de Paulo Cheida, Celina Carvalho e Olho Latino, no MACC

Em 1966, Paulo Cheida Sans fazia sua primeira exposição, no Museu de Arte Contemporânea de Campinas (MACC), então recém-inaugurado. O artista agora comemora os 50 anos de carreira no próprio MACC, que receberá a partir desta quinta-feira, 18 de fevereiro, uma tríplice exposição, reunida sob o nome Focos Antológicos, marcando também os 40 anos de trajetória profissional de Celina Carvalho, 20 do grupo Olho Latino e 15 do museu do mesmo nome, sediado em Atibaia. Quatro datas, uma celebração, a da gravura e sua perspectiva singular de mundo e da cultura. A vernissage será às 19 horas, como parte da programação de mais uma Quinta no Museu, que começa às 17 horas e inclui apresentação do DUO VIPI.

“É uma grata coincidência de datas e fico feliz em que o MACC tenha aberto suas portas para essa múltipla comemoração”, diz Cheida, que não esconde a emoção pelo momento de voltar ao Museu onde começou há cinco décadas, ao participar do Salão de Arte Moderna da Juventude de São Paulo, realizado em Campinas.

Era um tempo em que a cidade estava sempre aberta para o novo e para as infinitas possibilidades da arte contestar e propor. Além de Paulo Cheida Sans, o Salão de Arte Moderna da Juventude, infelizmente de curta duração, contribuiu para revelar ou firmar nomes como Clodomiro Lucas, Geraldo Porto e Aldir Mendes Souza.

Escultura de Paulo Cheida Sans, sem nome (Foto Divulgação)

Escultura de Paulo Cheida Sans, sem nome (Foto Divulgação)

Depois do début, uma carreira ascendente, com mais de 400 exposições, individuais ou coletivas, em diversos países, com muitos prêmios contabilizados. Em 1987, outro marco com a 1ª Bienal Internacional da Gravura, em Campinas. Foi igualmente realizado no MACC e, de novo, mais uma iniciativa interrompida, o que tem ocorrido com frequência na história cultural da cidade, como no caso do Salão de Arte Contemporânea de Campinas, há anos sem ser realizado.

Ainda assim, a Bienal foi fundamental para o processo que culminaria na gênese do Grupo Olho Latino, em 1996, e na criação do Museu Olho Latino, em 2001. Como lembra Cheida, o Museu foi uma iniciativa sua e da artista Celina Carvalho, sua esposa, que perceberam a urgência de reunir um importante acervo de gravura que vinha sendo construído no Brasil e em vários países do continente.

Como eixo central, o Museu desde sempre cultivou a ideia de “seguir uma identidade própria, latina, e não eventuais modismos que vêm da Europa, por exemplo”, explica o seu idealizador. O propósito original era o de montar o Museu em Campinas, terra natal do artista, mas em função de vários fatores o projeto acabou evoluindo para sua estruturação em outra cidade, no caso Atibaia.

“Atibaia nos acolheu e estamos sediados em um prédio muito bonito”, diz Cheida, lembrando que o Museu Olho Latino, há dez anos naquela cidade, já recebeu seis edições da Bienal do Esquisito e Bienal Nacional de Gravura. É esta história construída especialmente em torno da gravura, mas também de outras linguagens e suportes artísticos, que será contada a partir deste dia 18 de fevereiro, em Campinas, com uma exposição tripla e diversa.

“Lampejos Atemporais” é a exposição com que Paulo Cheida Sans comemora os 50 anos de carreira. São pinturas, objetos, esculturas de modo misto e, claro, gravuras, tendo como pano de fundo a mistura de técnicas e a temática que tem como foco importante a denúncia das injustiças e da corrupção.

Acéfalo, obra de Celina Carvalho (Foto Divulgação)

Acéfalo, obra de Celina Carvalho (Foto Divulgação)

Os 40 anos da trajetória de Celina Carvalho serão, por sua vez, relembrados com a exposição “O Guardião das Sombras”. Trata-se de uma instalação que tem vários componentes em recortes de madeira, bonecos de panos e máscaras diversas que traduzem, na soma geral, o instrumental estético e poético da artista em lidar com lendas, histórias e brincadeiras infantis de modo inusitado e particular. Celina considera como marco inicial de sua carreira a mostra coletiva com alunos do Curso de Educação Artística da PUC-Campinas, em 1976.

A terceira exposição é “Resquícios”, do Grupo de Arte Olho Latino, integrado por artistas como Alex Roch, Celina Carvalho, Cibele Marion Sisti, Lisa França, Maricel Fermoselli, Paulo Cheida Sans, Suely Arnaldo, Walcirlei Siqueira e Young Koh. A exposição inclui obras que documentam passagens do grupo em eventos do Museu Olho Latino e  algumas instalações inéditas, sempre com a gravura como germe criativo e meio que possibilita a ponte entre criação individual e construção coletiva.

O ponto de partida para a constituição do Grupo foi a mostra “Papel Latino”, que aconteceu na Galeria da Casa da Cultura da América Latina da Universidade de Brasília, em 1996. De lá para cá foram várias participações, em muitos eventos e cidades. A gravura e suas portas abertas para o que é belo e instigante, marcas da grande arte.

Focos Antológicos faz parte da programação de mais uma edição de Quinta no Museu, que inclui neste dia 18 de fevereiro apresentação do DUO VIPI, formado pelo pianista Thiago Lourenço e o violonista Guilherme Vieira. (Ver aqui)

No jardim do MACC e Biblioteca Municipal, será montada uma praça de alimentação com várias opções de Food Trucks. O estacionamento externo da Prefeitura, na rua Barreto Leme, estará aberto para os visitantes a partir das 18 horas. (Por José Pedro Martins) 

 

 

 

 

 

 

 

 

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