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Aliança entre pesquisa, governos e empresas prepara Campinas para liderar bioeconomia no Brasil
Agropolo Campinas-Brasil reúne polo científico e tecnológico e setor empresarial (Foto Adriano Rosa)

Aliança entre pesquisa, governos e empresas prepara Campinas para liderar bioeconomia no Brasil

Um dos grandes desafios globais é a transição da economia baseada em combustíveis fósseis, como o petróleo, carvão e gás natural, para uma economia sustentada em fontes renováveis de energia. Pois um grupo de organizações de ciência e tecnologia e empresas privadas, reunidas no Agropolo Campinas-Brasil, está avançando os entendimentos para que a região se torne líder na chamada Bioeconomia, marcada por energias sustentáveis, uso intensivo de pesquisa e desenvolvimento e aproveitamento do enorme potencial brasileiro em biodiversidade e agricultura, com grande incremento de pequenas e médias empresas. O próximo passo dessa coalizão é a realização de um workshop nestes dias 28 e 29 de junho, no Instituto Agronômico (IAC), abrindo um calendário que vai até 2018.

São parceiros na construção do Agropolo Campinas-Brasil a Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, por meio do IAC, Instituto de Tecnologia de Alimentos e Instituto Biológico, Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação, Prefeitura de Campinas, Unicamp, Techno Park Campinas – Associtech e Associação Agropolis International.

No final de 2015 foi eleito o Conselho Administrativo do Agropolo Campinas-Brasil, presidido pelo prefeito Jonas Donizette. O vice-presidente é o reitor da Unicamp, José Tadeu Jorge. O diretor-geral do IAC, Sérgio Augusto Morais Carbonell, e a assessora-técnica da Diretoria do IAC, Lilian Cristina Anefalos, foram escolhidos para compor a Secretaria Executiva, ao lado de Luís Augusto Barbosa Cortez, da Unicamp.

Também integram o Conselho: Arnaldo Jardim, secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo; Márcio França, secretário de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação; José Luiz Camargo Guazzelli, do Techno Park Campinas, e Bernard Hubert, da Associação Agropolis International. No dia 24 de março passado foi assinado na França um acordo de cooperação entre os prefeitos de Montpellier, Phillipe Saurel, e de Campinas, dando prosseguimento a estruturação do Agropolo Campinas-Brasil.

Bioeconomia – A bioeconomia é baseada na aplicação de ciência e tecnologia para o uso sustentável da biodiversidade, na qual o Brasil é líder mundial. Os membros do Agropolo Campinas-Brasil notam, de fato, que o Brasil é um grande player global em commodities agrícolas, mas não em termos de valor agregado nesse setor. O comércio exterior, acentuam os parceiros do Agropolo, é muito concentrado em grandes empresas e nessas commodities, mas com pequena participação de pequenas e médias empresas.

Os centros de pesquisa, empresas e órgãos públicos envolvidos destacam, então, a necessidade do Brasil desenvolver um novo modelo econômico, fundamentado no enorme potencial agrícola do país (com vastas extensões de terras férteis e diversidade biológica, entre outros fatores) e na implementação do valor agregado, em benefício de pequenas e médias empresas e como um dos fatores para a superação das profundas desigualdades existentes em território brasileiro.

Um dos caminhos para a construção de uma Bioeconomia forte no país, acentuam os parceiros do Agropolo Campinas-Brasil, é explorar o potencial brasileiro para energias sustentáveis, uma demanda internacional em função do combate às mudanças climáticas. É particularmente promissor, nesse aspecto, o uso sustentável da biomassa para o incrementos de energias alternativas, como no caso já comprovado do etanol.

Um mapa do caminho para a Bioeconomia –  Os parceiros do Agropolo Campinas-Brasil já traçaram até um “mapa do caminho” preliminar para a viabilização das condições para que o Brasil se torne de fato um líder global na Bioeconomia, com importante participação dos centros de pesquisa e empresas que atuam na região de Campinas e Piracicaba. São vários aspectos que devem ser tratados para que esse cenário favorável se concretize, e cada um deles será objeto de um dos workshops já previstos em um calendário que começa nesta terça e quarta-feira, dias 28 e 29 de junho, no Instituto Agronômico de Campinas.

O tema do workshop de abertura é “Bioeconomia, uma oportunidade para o Brasil de uma economia baseada em combustíveis fósseis para uma economia baseada na biodiversidade”. O evento terá o apoio da Fapesp, que dá respaldo a todo o processo. Está prevista a participação de representantes dos parceiros do Agropolo e de alguns convidados internacionais, como Eric Fargeas, diretor da Agropolis International, da França; Peter Einser, de Fraunhofer/IVV; e Luuk van der Wielen, diretor do BE-Basic, da Holanda.

Um dos propósitos do workshop inicial é apresentar e consolidar a implementação do “mapa do caminho” para a construção do Projeto PPPBio, pressupondo então uma Parceria Público-Privada envolvendo todos os parceiros. O roadmap desenhado prevê outros workshops, abrangendo vários aspectos necessários à construção de uma Bioeconomia sólida e sustentável no Brasil.

Assim, serão discutidos nos próximos meses temas técnicos como “Desenvolvimento  de novos produtos a partir de óleos essenciais”, “Processamento, disposição final e reuso de resíduos da produção a partir de biomassa” e “Novos biocombustíveis para transporte aéreo e marítimo”, até outros aspectos associados como “Uso sustentável da água”, “Internet das Coisas, Big Data e Data Science” e questões legais envolvidas.

A expectativa é de execução do Projeto PPPBio, em sua fase de workshops, até 2018. Em um contexto de forte crise econômica, a união entre centros de pesquisa, empresas e poder público em torno do Agropolo Campinas-Brasil no processo da Bioeconomia representa um motivador sinal de esperança. (Por José Pedro Martins)

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