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Em plena crise hídrica, Campinas terá novos investimentos em abastecimento de água
Rio Atibaia, um dos formadores da bacia do rio Piracicaba, de onde saem as águas para o Sistema Cantareira: crise histórica em 2014 (Fotos Adriano Rosa)

Em plena crise hídrica, Campinas terá novos investimentos em abastecimento de água

Nesta quinta-feira, dia 30 de outubro, o prefeito de Campinas, Jonas Donizette, anuncia novos investimentos no abastecimento de água na cidade, que tem sido fortemente atingida pela estiagem prolongada. Campinas e várias cidades da região metropolitana dependem para abastecimento da bacia do rio Piracicaba, de onde também são exportadas águas para a Grande São Paulo, por intermédio do Sistema Cantareira, que já está utilizando a segunda parte do seu Volume Morto.

Campinas consome 4 metros cúbicos, ou 4 mil litros de água por segundo, e mais de 95% das águas são retiradas do rio Atibaia, que tem sido particularmente afetado pela estiagem e pela operação do Sistema Cantareira. A região do PCJ sempre protestou contra os impactos negativos do Cantareira.  O estudo “Análise de séries temporais de vazão e de precipitação na Bacia do Rio Piracicaba) realizado por pesquisadores do Centro de Energia Nuclear da Agricultura (CENA), órgão da USP localizado em Piracicaba, comprovou que as vazões médias do rio Atibaia, um dos principais formadores da bacia do rio Piracicaba, foram reduzidas após a entrada em operação do Cantareira, em 1974.

Os pesquisadores (Juliano Daniel Groppo, Luiz Carlos Eduardo Milde, Manuel Enrique Guamero, Jorge Marcos de Moraes e Luiz Antonio Martinelli) compararam as vazões de 1975 a 1996  com as de 1947-1974, em três pontos de medição, e concluíram que elas caíram entre 14,5 e 18,5% após 1974.

Os sinais da crise hídrica estão presentes em todo território paulista, afetando agricultura, abastecimento, transporte e outras áreas. Vários municípios já convivem com o racionamento de água, ação que até o momento vem sendo adiada por exemplo na Grande São Paulo. Até a Hidrovia Tietê-Paraná está paralisada em alguns pontos, o que tem ocasionado enormes prejuízos para agricultores. A pesca também está sendo muito afetada. Duas regiões, em particular, estão próximas de uma forte crise no abastecimento, justamente a Grande São Paulo, na bacia do Alto Tietê, e a Região Metropolitana de Campinas, na bacia do rio Piracicaba. São as áreas mais ricas e populosas do estado e do país e a sua paralisação, por interrupções importantes no abastecimento, teria repercussão nacional.

A Grande São Paulo, que tem mais de 20 milhões de moradores, vivendo em 39 municípios, tem cerca de metade de sua população abastecida com águas do Sistema Cantareira, conjunto de reservatórios formados por águas da bacia do rio Piracicaba. O déficit hídrico na Grande São Paulo é antigo e, atualmente, a região consome 400% a mais de água do que tem de disponibilidade natural. Esse déficit apenas é superado pelas águas exportadas desde 1974 da bacia do rio Piracicaba, que também já está no limite de sua capacidade. O conjunto das bacias dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ), formado por 62 municípios, já consome quase 100%  de sua disponibilidade.

Sobre José Pedro Soares Martins

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