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Centro de Campinas recebe o Auto de Elesbão neste sábado, Dia Internacional dos Direitos Humanos
Cortejo sairá da praça Bento Quirino, no centro (Foto José Pedro Martins)

Centro de Campinas recebe o Auto de Elesbão neste sábado, Dia Internacional dos Direitos Humanos

Neste sábado, dia 10 de dezembro, quando é lembrado o Dia Internacional dos Direitos Humanos, a região central de Campinas será ocupada, a partir de 17h30,  por cerca de 150 pessoas que formam um coletivo de artistas  na  encenação de “O Auto de Elesbão”, baseado no livro do pesquisador Valdir Oliveira. Será um momento especial para a cidade refletir sobre um dos capítulos mais tristes de sua história, o da execução em praça pública do escravo Elesbão.

O auto em forma de cortejo teatral percorrerá as praças Praça Bento Quirino, no centro, até o Largo Santa Cruz, no Cambuí. O evento vai narrar a história da cidade de Campinas e do escravizado Elesbão, o 1º escravizado  enforcado e decapitado abrindo o precedente para enforcamentos públicos na cidade. O cortejo contará, por meio de narrações, encenação, dança e música a história da cidade e o julgamento, condenação e execução do jovem escravizado Elesbão.

A data de 10 de dezembro é considerada o Dia Internacional dos Direitos Humanos porque foi a 10 de dezembro de 1948 que as Nações Unidas, recém-criadas, aprovaram a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Um documento fundamental na luta contra as guerras e a opressão no século 20.

Coletivo de artistas – Para contar a saga de Elesbão, 80 alunos, com idade entre 14 e 60 anos,  do curso de teatro da Rede Usina Geradora e Estação Cultura, interpretarão os principais personagens da história. Grupos de cultura popular tradicional também estarão fazendo parte do cortejo e desempenham papéis importantes na narrativa. A produção, iluminação e figurino do auto caberão às turmas dos cursos realizados pela Rede Usina Geradora, Escola Municipal de Cultura e Arte – EMCeA e Laboratório de Produção Cultural da Estação Cultura.

O público poderá assistir à história do adolescente escravizado, participando do evento ao percorrer o trajeto feito por Elesbão e a elite até o enforcamento. Partirá na Praça Bento Quirino, caminhando pela ruas Sacramento, Marechal Deodoro, Dr. Quirino, R. Major Sólon juntamente com os artistas e grupos convidados que farão intervenções artísticas com  música e dança até o local da instalação da 1ª forca em Campinas, no Largo Santa Cruz.

O auto trará temas atuais fazendo paralelos temporais, como o extermínio da juventude negra: o escravizado Elesbão era adolescente na época  de seu julgamento, condenação e enforcamento.  Temas como machismo, preconceito racial e direitos humanos serão abordados no auto que também  narra a história da cidade de Campinas.

Elesbão – O autor da obra, Valdir Oliveira, pesquisou durante sete anos todo o processo de condenação no Arquivo do Tribunal de Justiça, que  faz parte do acervo do Centro de Memória da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). O escravizado Elesbão foi condenado por assassinato de um dono de engenho.

No ato teriam participado escravizados fugidos da fazenda do capitão que viviam em um quilombo para os lados de Belém (atual Itatiba). Elesbão, um adolescente, foi considerado o responsável pelo crime apesar de, até o momento da morte, ter jurado inocência.

No dia do crime, ele foi detido e levado para São Paulo. Juntamente com Narciso, outro escravizado, chegou a fugir da cadeia. Narciso foi recapturado e enforcado em São Paulo no ano de 1833. Elesbão voltou para Campinas e viveu escondido no Engenho Romão até 1835, quando foi capturado por capitães do mato e só então sentenciado à pena de morte. Ele foi levado da Praça Bento Quirino (onde ficava a cadeia) em um cortejo até o Largo Santa Cruz, onde a primeira forca da cidade foi instalada.

Havia uma determinação do imperador D. Pedro I para que as forcas fossem erguidas dois dias antes do cumprimento da sentença e retiradas dois dias depois. Em Campinas, ela permaneceu na praça até 1848, servindo a uma série de enforcamentos e depois transferida para o Campo da Alegria (hoje, Praça Sílvia Simões Magro — Largo São Benedito). Neste local permaneceu por  alguns anos, até que numa noite foi incendiada por parte da população, que se mobilizou em uma campanha para acabar com os enforcamentos na cidade.

GRUPOS CULTURAIS PARTICIPANTES

Comunidade Jongo Dito Ribeiro, Ponto de Cultura Caminhos, Casa de Cultura Tainã, Grupo Evolução de Teatro, Casa de Cultura Fazenda Roseira, Ponto de Cultura Sia Santa, Além da Lona, Urucungos, Puítas e Quijengues, Liga Independente das Escolas de Samba de Campinas, pesquisador Valdir Oliveira, Liga Metropolitana de Campinas de Capoeira, Bloco Berra Vaca, Tv Cidade Live, Terreiro da Vó Benedita, Família Eclipse,  Maracatucá, Coletivo Vai Jão, Pornorama, Socializando Saberes,  Conselho Municipal de Direitos Humanos, Coletivo de Comunicadores Populares, Rede de Museologia Social de Campinas, em Parceria com Laboratório de Produção Cultural da Estação Cultura e EMCEA e apoio da Prefeitura Municipal de Campinas

NÚCLEO CÊNICO

Formado por alunos de teatro do Laboratório de Produção Cultural da  Estação Cultura, EMCEA  e Rede Usina Geradora, com atores e atrizes convidados, com direção cênica de  Carol Novaes, Everaldo Candido, Fernando Fubá,  Marcelo das Histórias do Ponto de Cultura NINA e André Sun e Rafael D’ Alessandro do Damião e Cia de Teatro e produção do Ponto de Cultura NINA.

CURSO DE TEATRO 2016 DA ESTAÇÃO CULTURA

O curso de Teatro é realizado pela Escola Municipal de Cultura e Arte – EMCEA, Laboratório de Produção Cultural da Estação Cultura, Universidade das Culturas – UniCult e Rede Usina Geradora.

O curso teve como ponto de partida vivências na cultura tradicional regional e propõe investigar histórias das memórias silenciadas pela cidade, com o objetivo de fortalecer a identidade cultural e a ancestralidade dos participantes. No desenvolvimento da oficina houve intercâmbios em Casas e Pontos de Cultura de Campinas, dentro de um percurso de formação complementar, que apresentou aos alunos professores e mestres griôs de tradição oral como convidados ao longo do ano, como base de uma formação teatral crítica e de potencial reflexivo para a criação.

O corpo docente do curso desenvolve pesquisas ligadas à cultura popular tradicional, teatro de rua e a história da cidade de Campinas e é composto por atores e pesquisadores formados pela Unicamp e Universidade das Culturas-UniCult, contadores de histórias, artistas e bonequeiros de destacados grupos de teatro e Pontos de Cultura de Campinas.

Sobre a Escola Municipal de Cultura e Arte – EMCeA – A Escola Municipal de Cultura e Arte é responsável por todas as oficinas culturais e artísticas desenvolvidas pela Secretaria Municipal de Cultura de Campinas. Seu objetivo é implementar projetos pedagógicos de ensino das artes que promovam a formação, a reflexão, a criticidade,  a troca de conhecimento, a investigação estética, o apoio à pesquisa e a criação, por meio da disponibilização de diversas atividades de arte-educação que propiciem a iniciação, a formação e a atualização nos diversos segmentos das artes e da cultura. O Laboratório de Produção Cultural da Estação Cultura é um dos núcleos de formação da EMCeA.

Sobre o Laboratório de Produção Cultural da Estação Cultura – O Laboratório de Produção Cultural é uma metodologia de gestão que integra atividades e envolve seis frentes de trabalho (Gestão Compartilhada, Produção Colaborativa, Comunicação Colaborativa, Formação, Memória e Relações Interinstitucionais). Tem como objetivo implementar um sistema permanente de gestão compartilhada, contando com a participação das iniciativas culturais que frequentam e utilizam o espaço, além da rede parceira formada por coletivos, universidades, pontos de cultura, agentes culturais entre outros. Na frente de formação o Laboratório de Produção Cultural tem como parceira a Escola Municipal de Cultura e Arte, responsável pelas oficinas promovidas pela Secretaria de Cultura de Campinas e a Universidade das Culturas – UniCult.

Sobre a Usina Geradora – A Usina Geradora de Cultura é uma rede formada por 11 coletivos artísticos, que atua na cidade de Campinas e região. Foi premiada pelo Ministério da Cultura por seu trabalho desenvolvido desde de 2014 na gestão compartilhada da Sala dos Toninhos, do Vagão dos Bonecos, Ateliê da Estação e no desenvolvimento da metodologia de formação cultural junto ao Laboratório de Produção Cultural da Estação e à Escola Municipal de Cultura e Arte de Campinas-EMCeA.

Serviço

AUTO DE ELESBÃO

NO DIA DOS DIREITOS HUMANOS O “AUTO DE ELESBÃO” SERÁ ENCENADO NO CENTRO DA CIDADE

Cortejo Teatral – Coletivo de artistas

Dia 10 de dezembro, a partir das 17h30,

Início: Praça Bento Quirino (R. Barão de Jaguara com Av. Bejamin Constant – Centro) até o Largo Santa Cruz (Rua Santa Cruz, Cambuí)

Percurso – ruas Sacramento, Marechal Deodoro, Dr. Quirino, R. Major Sólon

Sobre ASN

Organização sediada em Campinas (SP) de notícias, interpretação e reflexão sobre temas contemporâneos, com foco na defesa dos direitos de cidadania e valorização da qualidade de vida.

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