A ampliação do Aeroporto Internacional de Viracopos, que poderá receber até 80 milhões de passageiros/ano quando estiver totalmente concluída, irá consolidar a Região Metropolitana de Campinas (RMC) como um polo mundial de turismo, aviação, empreendedorismo, ciência e inovação. Este foi o consenso do Seminário de Turismo da RMC, realizado na manhã e início da tarde desta quarta-feira, 10 de dezembro, no Centro de Convenções Expo D.Pedro, com a participação de representantes das principais companhias aéreas que operam em Viracopos, executivos, agentes de turismo e dirigentes municipais.
O Seminário terminou por volta de 14 horas. Duas horas depois, começaria na Cidade do Panamá o voo inaugural da Copa Airlines para Viracopos. Mais uma linha aérea conectando aquele que será o principal aeroporto do Brasil em uma década com novos destinos internacionais. “Campinas, com Viracopos e a sua malha rodoviária, está se consolidando como um dos principais hubs do Brasil e da América Latina”, comemorou a diretora de Turismo da Prefeitura de Campinas, Alexandra Caprioli, coordenadora do Seminário.
“Mas a região precisa se preparar para receber, e não apenas para embarcar passageiros”, avisou a diretora, dando o tom do evento: como a região deve se estruturar para consolidar o turismo, de negócios e lazer, como parte das novas dinâmicas abertas com o megainvestimento que está sendo feito em Viracopos, da ordem de R$ 9,5 bilhões ao longo de 30 anos de concessão.
De fato, a RMC terá que se preparar em todas as áreas, diante da ampliação de Viracopos e outros grandes projetos previstos para a região, observou a diretora-executiva da Agência Metropolitana de Campinas (Agemcamp), Ester Viana. “O turismo é muito importante como articulador de ações, mas todas as áreas, saneamento, meio ambiente, educação, saúde, devem estar preparadas”, disse a diretora, que esteve na mesa de abertura do Seminário.
Potencial da RMC – Outros participantes da mesa de abertura destacaram o enorme potencial da RMC para o turismo de negócios e de lazer, no cenário das dinâmicas despertadas com a ampliação de Viracopos. Anfitrião do evento, o diretor do Expo D.Pedro, Sergio Bicca, citou números recentes, de um estudo que ele coordenou, na esfera da Associação Brasileira de Empresas de Eventos (ABEOC), o II Dimensionamento Econômico da Indústria de Eventos no Brasil, realizado em parceria com o Sebrae com a consultoria de profissionais da Universidade Federal Fluminense.
Segundo o estudo, o mercado brasileiro de eventos gerou, em 2013, um volume de R$ 209,2 bilhões, representando 4,3% do PIB do país e gerando 7,5 milhões de empregos. Foram 590 mil eventos em 2013, contra 327 mil em 2001, quando a ABEOC promoveu o primeiro dimensionamento do setor.
202 milhões participaram dos eventos em 2013, sendo 52,5% do total justamente na Região Sudeste. “São números que falam por si mesmos o potencial de Campinas, de Viracopos, tão bem localizados, mas a região precisa se preparar”, avisou Sergio Bicca, repetindo um mantra presente em vários discursos durante o Seminário.
Representando a Câmara Municipal de Campinas, o vereador André Von Zuben, por exemplo, advertiu para a necessidade de capacitação de mão-de-obra, como um dos desafios para a consolidação da região como polo de turismo e inovação. Do mesmo modo, o presidente do Conselho de Desenvolvimento da RMC e prefeito de Holambra, Fernando de Godoy, reiterou o potencial da região, mas bateu igualmente na tecla da melhor estruturação. “Precisamos ter uma política regional para o turismo, independente das ações de cada município, que devem ser feitas”, afirmou o prefeito.
Melhorias no acesso a Viracopos – Os representantes das companhias aéreas que já operam em Viracopos, agora atuando com voos internacionais, confirmaram (em mesa coordenada por Fernando Vernier, do Campinas e Região Convention & Visitors Bureau) o enorme potencial de crescimento de negócios em várias áreas a partir do aeroporto, mas também apontaram alguns desafios para a sedimentação da região como polo de turismo e inovação.
Estavam presentes representantes da American Airlines (que inaugurou voos para Nova York e Miami desde Viracopos no início de dezembro), Azul (que também inaugurou um voo para Fort Lauderdale/Miami e dia 15 abre voo para Orlando), Gol (que já opera Campinas-Miami desde julho) e Copa Airlines. O gerente da Copa, Gustavo Esusy, estava especialmente motivado, com as tendências da companhia, desde hoje operando entre a Cidade do Panamá e Campinas. “Nós temos uma tradição de abrir mercados, e estamos muito confiantes com o potencial de Campinas e região”, afirmou. Outra companhia, a TAP, já atua com voos internacionais em Viracopos (Campinas-Lisboa) desde março de 2010. A Azul prevê um voo para Nova York a partir de julho de 2015.
Mas nem tudo é céu de brigadeiro. Participantes do seminário realmente advertiram para algumas demandas, no sentido de consolidar o potencial tanto de Viracopos como do turismo de lazer e negócios na RMC. Uma delas, a melhoria da visibilidade e comunicação da RMC, para que ela se torne mais conhecida em todo mundo. “Estamos competindo é com as grandes cidades do mundo”, alertou um participante. “Temos ótima estrutura hoteleira, mas é preciso e podemos ter mais”, disse a diretora de Turismo da Prefeitura, Alexandra Caprioli.
A representante da Aeroportos Brasil Viracopos acentuou a necessidade de aprimorar a logística até Viracopos. “A região tem algumas das melhores rodovias do Brasil, mas não podemos depender apenas do modal rodoviário. A própria Bandeirantes tende a ficar saturada”, disse Graziela de Goody, que citou a relevância, na sua opinião, de projetos de ferrovia para facilitar conexões e, a curto prazo, de linhas rodoviárias diretas para Viracopos. A Câmara Temática de Turismo da RMC, coordenada por Alexandra Caprioli, dará continuidade às discussões, no sentido de formulação de uma política regional, integrada, para o turismo de negócios e lazer na região. (Por José Pedro Martins)