A região de Campinas, localizada nas bacias dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ), passará a receber até 3,5 metros cúbicos por segundo de água do Sistema Cantareira a partir de primeiro de junho, ante os atuais 2 m²/s que estão sendo liberados. Esta foi uma das definições da reunião realizada na manhã desta segunda-feira, 25 de maio, em São Paulo, entre a Agência Nacional de Águas (ANA), o Departamento de Água e Energia Elétrica de São Paulo (DAEE), a Secretaria Estadual de Saneamento e Recursos Hídricos e a Sabesp, que gerencia o Cantareira.
Para a Grande São Paulo, o Cantareira vai reduzir liberação dos atuais 13,5 m³/s para no máximo 10 m³/s, a partir de primeiro de setembro e até 30 de novembro. ANA e DAEE poderão, entretanto, autorizar acréscimos de descarga para jusante dos aproveitamentos do reservatórios Jaguari-Jacareí, Cachoeira e Atibainha (que compõem o Cantareira) e para a bacia do Alto Tietê, na estação elevatória de Santa Inês, “mediante solicitação justificada”. Até primeiro de agosto, ANA e DAEE irão reavaliar as projeções da evolução de armazenamento do Cantareira.
Segundo informações do Consórcio Intermunicipal PCJ, o Superintendente do DAEE, Ricardo Borsari, disse durante a coletiva de imprensa após a reunião que obras de interligação entre Sistema Rio Grande e do Alto Tietê devem diminuir a dependência do Cantareira pela Grande São Paulo. “O que está previsto pelo cronograma das obras é que elas entrem em operação a partir do dia primeiro de setembro. Nós queremos preservar o manancial”, afirmou.
A definição do volume de água que será utilizada do Sistema Cantareira, de acordo com o Consórcio PCJ, seguiu o relatório do Centro Nacional de Monitoramento de Alertas de Desastres Naturais, divulgado na semana passada. O documento leva em conta o cenário 50% mais seco que a média histórica. Para o Diretor Presidente da ANA, Vicente Andreu, mesmo com pior quadro climático a situação do manancial deverá manter-se estável, em função da redução da retirada.
Mesmo com essa ampliação para 3,5 m³/s da água destinada às Bacias PCJ pelo Cantareira, a região deverá passar por dificuldades durante o período seco. Para o secretário executivo do Consórcio PCJ, Francisco Lahóz, a região está no limite de restrição hídrica. “As Bacias PCJ sempre necessitaram de 12 m³/s, durante a estiagem. A região tem economizado, em média, 20%, o que faz com que essa demanda tenha sido reduzida para 9,6 m³/s. Descontando os 3,5 m³/s autorizados pela ANA, ainda teremos um déficit de 6,1 m³/s. Atualmente, estamos sobrevivendo com as nascentes e afluentes dos rios da Bacia, mas, a nossa lição de casa vai ser ainda mais severa para a estiagem de 2015”, advertiu Lahóz.
O Consórcio PCJ segue com as orientações de contingenciamento para a crise hídrica, das quais se destacam: a racionalização do consumo de água, acelerar o combate ao desperdício nos sistemas de abastecimento, com destaque às perdas visíveis, além de ser importante e bastante oportuna o desassoreamento de reservatórios, rios, lagos, lagoas e córregos, para otimizar o armazenamento de água das chuvas quando vierem. “É na estiagem que se garante a sustentabilidade hídrica para o próximo ano, com a vinda das tão esperadas chuvas no próximo ciclo hídrico”, completa Lahóz.