A disseminação do uso de próteses eletrônicas em humanos, a implantação subcutânea de chips, a propagação de técnicas genéticas e da inteligência artificial são ingredientes de uma paisagem que, para alguns, pode ser muito promissora, mas para outros, assustadora. De qualquer modo, este é o alvorecer daquela que alguns pensadores e corporações estão denominando “quarta revolução industrial”, tema da reunião de 2016 do Fórum de Davos, que acontecerá entre 20 e 23 de janeiro nessa cidade suíça. O evento normalmente reúne a elite política e do empresariado mundial, para discutir as tendências contemporâneas.
Em artigo justificando a escolha da temática desse ano, o idealizador do Fórum de Davos, Klaus Schwab, destaca a trajetória até a chamada “quarta revolução industrial”. A primeira revolução industrial, observa, aconteceu com o uso do vapor d´água para movimentar máquinas e sistemas, como as ferrovias. A segunda aconteceu, por sua vez, com a utilização da eletricidade para a produção em massa.
A terceira revolução industrial, que estaria em seu auge no momento, seria a fase caracterizada pelo emprego da tecnologia de informação para automatizar os processos produtivos. E a quarta revolução industrial, aquela que estaria dando seus sinais no horizonte planetário, seria aquela configurada pela convergência das tecnologias de informação e comunicação, biotecnologia, robótica e outras, e que levará à aceleração ainda maior das dinâmicas industriais, comerciais e financeiras, entre outros impactos.
Um novo modo de educar e produzir conhecimento, uma nova forma de gerar e usar energia, novos caminhos para a saúde e cultivo de alimentos são alguns possíveis efeitos da quarta revolução industrial. Assim o fundador e chairman do Fórum de Davos descreve esse novo momento histórico:
“Estamos à beira de uma revolução tecnológica que irá alterar fundamentalmente a maneira como vivemos, trabalhamos e nos relacionamos. Em sua escala, escopo e complexidade, a transformação será diferente de tudo que a humanidade experimentou antes. Nós ainda não sabemos exatamente como isso vai se desdobrar, mas uma coisa é clara: a resposta a ela deve ser integrada e abrangente, envolvendo todas as partes interessadas da comunidade política mundial, dos setores público e privado, da academia e da sociedade civil”.
Este é o perfil do que vem por aí, sobretudo na visão de algumas corporações e futurólogos. Seria a emergência do que alguns autores indicam como a interconexão das tecnologias NBIC (Nanotecnologia, Biotecnologia, Tecnologia da Informação e Comunicação e Neuro-Cognitivas), desafio que certamente demanda respostas nas esferas política, filosófica e cultural. Será este o futuro? Quais seus riscos e oportunidades? O que realmente a humanidade demanda nesse momento histórico? Os direitos humanos e o equilíbrio ambiental serão respeitados, ou será um mundo de interesse apenas de grandes empresas e outras organizações, aprofundando desigualdades e injustiças? Perguntas a serem respondidas pelo conjunto da sociedade global. (Por José Pedro Martins)