Campinas registrou 211 casos de dengue em 2015, segundo a Secretaria Municipal de Saúde. Todos os casos foram em janeiro, mês em que também foram contabilizados 915 casos suspeitos, ainda aguardando resultados de exames laboratoriais para confirmação ou descarte. Em janeiro de 2014 foram 262 casos confirmados. No ano passado Campinas teve a maior epidemia de dengue no Brasil, com 42.721 casos. A Prefeitura está intensificando as medidas de prevenção e combate ao mosquito Aedes aegypti, que também transmite a Febre Chikungunya, ainda sem casos no município.
A Prefeitura está muito preocupada com o cenário muito favorável à proliferação da dengue, que historicamente tem sua maior incidência anual entre os meses de janeiro e maio, período de chuvas e calor. São três fatores em 2015 que alimentam a inquietação das autoridades sanitárias.
Em primeiro lugar, o alto número de casos no estado de São Paulo e no Brasil. Municípios próximos de Campinas registram grande número de casos notificados, como Sorocaba (912) e Mogi Guaçu (221), segundo o Boletim Epidemiológico da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde. Em todo Brasil já foram 40.916 casos em 2015, contra 26.017 casos notificados no mesmo período em 2014.
Outro ingrediente é o alto calor no estado de São Paulo, que registra temperaturas superiores à média histórica das últimas décadas. E o terceiro fator preocupante deriva da escassez hídrica, que leva muitas pessoas a guardar água em casa de forma inadequada, aumentando os riscos de proliferação do Aedes aegypti.
Elenco de medidas – Em função da epidemia histórica de 2014, a Prefeitura intensificou medidas de prevenção e combate à dengue, e por extensão à Febre Chikungunya. Muitas ações vêm sendo tomadas desde o ano passado. A Prefeitura cita essas principais medidas:
- Criação do Comitê Gestor Municipal de Prevenção e Controle da Dengue e Chikungunya, espaço que potencializa de forma intersetorial as ações de combate à doença. Participam deste fórum as Secretarias de Chefia de Gabinete, Saúde, Educação, Serviços Públicos, Verde, Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Recursos Humanos, Administração, Comunicação, além da Defesa Civil e da Sanasa;
- Contratação de serviços complementares para as atividades de campo, especialmente para nebulização e telamento de caixas d´água. Todo o trabalho de nebulização e telamento de caixas d’ água é indicado e supervisionado pelas equipes de Vigilância em Saúde da Secretaria Municipal de Saúde, de acordo com áreas de risco e ocorrência de casos;
- Trabalho intersetorial com a Secretaria de Educação, por meio de ações de educação, informação e mobilização social nas escolas. Para isto, foram capacitados todos os representantes das Naeds (Núcleo de Ação Educativa Descentralizada) e diretores de educação infantil e fundamental, que serão multiplicadores em seus territórios;
- Intensificação do trabalho intersetorial com a Secretaria de Serviços Públicos para limpeza e organização da cidade, por meio de mutirões e remoção de criadouros;
- Reforço na parceria com a Sanasa, para atuação, inclusive, em relação às caixas d´água e nas ações de mobilização social, por meio dos seus leituristas e outros profissionais que atuam em campo;
- Capacitação das equipes das redes pública e privada de saúde no sentido de formar uma rede sensível e competente para suspeição, notificação, atendimento e acompanhamento dos pacientes. Capacitação, em parceria com a Sucen, de equipes de trabalho de campo;
- Sensibilização das secretarias municipais e autarquias para a questão da dengue, no sentido de eliminação de criadouros nos equipamentos próprios da Prefeitura. Equipes da Defesa Civil foram capacitadas;
- Revisão e adequação das estratégias de informação, comunicação e mobilização social;
- Parceria com o Exército, para colaboração nas ações de controle;
- Realização da investigação de casos, com busca ativa, remoção de criadouros, ações de orientação e educação em saúde;
- Reorganização interna dos Centros de Saúde mais afetados, para permitir maior agilidade na assistência aos casos;
- Reorganização do fluxo com o Laboratório Municipal, para permitir maior agilidade nos exames complementares para dengue (hemograma);
- Atuação dos técnicos nos pontos de risco (que são ferros velhos, borracharias, cemitérios etc) e nos imóveis especiais (escolas, hospitais).
Região Metropolitana de Campinas – A dengue preocupa todo o conjunto da Região Metropolitana de Campinas (RMC). Em sua última reunião, a 27 de janeiro, em Engenheiro Coelho, o Conselho de Desenvolvimento da RMC aprovou uma ação intermunicipal para prevenir a dengue e a Febre Chikungunya.
O Conselho aprovou a destinação de R$ 1,4 milhão do Fundo de Desenvolvimento Metropolitano de Campinas (Fundocamp) para a aquisição de recursos como veículo com equipamento de som e nebulizador e para a confecção de material gráfico para ações educativas.
“A Agemcamp e o Conselho da RMC priorizam o combate à dengue, somando esforços com os municípios e a Sucen (Superintendência de Controle de Endemias), da Secretaria de Estado da Saúde, que já realizam trabalhos preventivos”, afirmou Ester Viana, diretora executiva da Agência Metropolitana de Campinas (Agemcamp).
Em 2014, além de Campinas, outro município da RMC esteve entre os dez com maior número de casos de dengue no país. Foi Americana, com 9.040 casos, segundo o Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde.