A Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) adiou a definição sobre a liberação comercial do eucalipto transgênico, reivindicada pela FuturaGene, empresa do grupo Suzano Papel e Celulose S.A. A empresa defende que o eucalipto geneticamente modificado que desenvolveu aumentaria a produtividade, diminuiria o tempo de colheita em um ano e meio e poderia gerar mais empregos. Mas há resistências quanto a essa liberação.
Na última reunião da CTNBio, em Brasília, no dia 5 de fevereiro, um dos seus integrantes, Paulo Kageyama, pediu vistas sobre o processo relativo ao pedido de liberação comercial do eucalipto transgênico. Kageyama é professor do Departamento de Ciências Florestais da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP), de Piracicaba, e representa o Ministério do Desenvolvimento Agrário na CTNBio.
A Suzano Papel e Celulose S.A é a segunda maior produtora de celulose de eucalipto do mundo. De acordo com a FuturaGene, o eucalipto geneticamente modificado teria um tempo de maturação de cinco anos e meio, em comparação com os sete anos que o eucalipto convencional demora para atingir o ponto de colheita. Ainda segundo a empresa, o eucalipto transgênico representaria 185 milhões de metros cúbicos anuais de madeira produzida em 5,1 milhões de hectares de terra, contra 159 milhões m3/ano do eucalipto convencional, o que significa um aumento de 15%.
Um dos setores preocupados com a liberação do eucalipto transgênico é o de exportação de mel. Hoje 80% do mel nacional exportado são orgânicos e grande parte desse volume é produzida em plantações de eucaliptos, altamente melíferas. O setor argumenta que pode haver, por polinização cruzada, a “contaminação” do mel pela espécie transgênica de eucalipto, o que levaria a uma resistência do mercado consumidor, sobretudo o europeu, onde é forte a oposição a organismos geneticamente modificados.