Com as chuvas de fevereiro, o volume do Sistema Cantareira tem crescido há vários dias, chegando a 8,9% nesta quarta-feira, 18 de fevereiro. Para o professor dr.Antônio Carlos Zuffo, do Departamento de Recursos Hídricos da Unicamp, “não dá para comemorar ainda, porque essa recuperação deveria ter acontecido normalmente no final de 2014″. Ele entende que a sociedade em geral, apesar da gravidade da crise, “está muito apática, apenas esperando para ver o que vai acontecer” e, por isso, pede uma mobilização maior, de modo a monitorar as ações do setor público.
O pesquisador da Unicamp lembra que nesse mesmo dia 18 de fevereiro, há um ano, o Cantareira estava com 18,4% da capacidade, e ainda sem usar as duas cotas do volume morto, o que acontece agora. “Vamos ver a situação em março, quando termina o período chuvoso. Depois a estiagem pode voltar e a situação novamente pode ficar crítica”, alerta o especialista.
Do mesmo modo, o professor Zuffo entende que as chuvas de fevereiro melhoraram as condições do rio Atibaia e, por extensão, ficou afastada por enquanto a possibilidade de racionamento ou outra medida mais dura no abastecimento de Campinas. Mas ele alerta que, “com a volta da estiagem, de novo a situação pode voltar a ficar crítica, quando a vazão ficar menor que 6 metros cúbicos (seis mil litros) por segundo”. Nesta quarta-feira a vazão do Rio Atibaia, pouco antes da captação de água para Campinas, está em 43 metros cúbicos por segundo.
A maior parte das medidas anunciadas até o momento para a superação da crise hídrica é de médio e longo prazo, observa o especialista da Unicamp. Ele entende que a transposição da Represa Billings para o Sistema Alto Tietê, que deve significar um aumento de 4 metros cúbicos por segundo, é a única medida que pode ser concretizada a curto prazo, aliviando um pouco a situação.