Com mais de 50 anos de carreira, o fotógrafo de origem tcheca Jan Saudek é normalmente rotulado como expoente do surrealismo erótico, apesar de suas imagens sempre despertarem questionamentos sobre temas muito atuais. A carne crua da realidade. A tradução de sua obra em dança contemporânea, como ponto de partida para a reflexão sobre a relação do ser humano com a memória, é a atração que a Cia de Intérpretes Independentes, de Manaus (AM), leva para três dias de atividades gratuitas na Unicamp, entre 25 e 27 de fevereiro.
“A vida começa pela memória” é o nome do espetáculo, associado a atividades formativas, como parte do Projeto “Circulando com a Memória”. O espetáculo faz um corajoso diálogo com o universo de Saudek, um dos grandes artistas contemporâneos. De família judia, em grande parte morta nos campos de concentração da Segunda Guerra Mundial, o fotógrafo usa técnicas que resultam em imagens perturbadoras, geralmente em conversa com o erótico que subverte a ordem estabelecida ou com o milagre do nascimento que renova a vida a todo momento.
A programação começa com oficina, palestra e mesa-redonda, em sequência, na quarta-feira, dia 25, a partir das 14 horas, no Departamento de Artes Corporais da Unicamp, Sala 1, sob a coordenação do coreógrafo Ricardo Risuenho, diretor da Cia de Intérpretes Independentes.
Na quinta-feira, 26, às 18h30, e sexta, 27, às 12h30, o espetáculo “A vida começa pela memória” será encenado na Casa do Lago da Unicamp, na Sala de Cinema, tudo grátis. Ricardo Risuenho assina a encenação coreográfica e participa da cenografia e figurino, ao lado de Nelson Magli, Divan Fernandes e Luís Ferreira. Magli também é responsável pela iluminação e cenotécnico. Gisa Almeida é encarregada da operação de som e produção geral. Ricardo Risuenho ainda compõe o elenco com Anna Raphaella Costa.
A Cia de Intérpretes Independentes foi criada na capital amazonense em 2003 por Risuenho, inicialmente com o nome Risuenho Cia. de Dança, a partir de um processo de pesquisa sobre o movimento dos membros superiores, que caracterizaria seu percurso, fornecendo-lhe uma linguagem estética específica.
Com este objetivo, a companhia desenvolveu uma técnica de dança em linguagem contemporânea para preparação física de seus intérpretes, pautada no padrão de movimentação fundamentado na biomecânica dos membros superiores, resultado da pesquisa de Risuenho sobre esta região corporal utilizando os conceitos da Cinesiologia.
O repertório do grupo é formado por produções como: Mulheres de Macbeth (2003), Ilha da ira (2004), Ruídos da solidão (2004/05), Origem (2006/07/10), Homem de Barro (2008), ZÉ (2009), Com Shakespeare na Rua (2011) e A Cruz e a Moça e Bella (2012). A Cia. de Intérpretes Independentes foi contemplada com Prêmio Funarte de Dança Klaus Vianna em cinco edições.