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O Centro de Pesquisas em Engenharia “Prof.Urbano Ernesto Stumpf”, que tem como objetivo o desenvolvimento de motores de combustão interna adaptados ou criados especificamente para etanol e outros biocombustíveis, como parte do esforço global de redução das emissões atmosféricas que agravam as mudanças climáticas, foi apresentado no início da tarde desta quinta-feira, 23 de abril, em evento no Techno Park, em Campinas. A redução global de emissões atmosféricas será tema de uma grande conferência de cúpula no final do ano, em Paris.
O evento de hoje teve a participação, entre outros, do prefeito de Campinas, Jonas Donizette, do vice-governador de São Paulo e secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia, Márcio França, da deputada Célia Leão e vereadores.
O encontro marcou a aproximação do Centro de Pesquisas com o Techno Park Campinas, um dos mais importantes parques tecnológicos privados do Brasil. O Centro de Pesquisas em Engenharia “Prof.Urbano Ernesto Stumpf” é uma iniciativa em parceria entre o Grupo PSA Peugeot Citroën e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP).
José Luiz Guazzelli: quebra de paradigmas na Sociedade do Conhecimento
“Na sociedade do conhecimento, os paradigmas estão sendo quebrados rapidamente e ter uma visão de futuro baseada na inovação é nada mais do que a obrigação de empresas que pretendem permanecer no mercado”, disse o diretor do Techno Park, José Luiz Camargo Guazzelli. “Esperamos que, com essa aproximação, sejam criadas oportunidades para uma futura cooperação técnica entre o novo Centro de Pesquisas e as empresas localizadas no Techno Park, contribuindo para a consolidação do importante polo de pesquisas de Campinas”, completou Guazzelli.
Parceria estratégica
O Centro de Pesquisas em Engenharia “Prof.Urbano Ernesto Stumpf” funciona desde 2014 na Faculdade de Engenharia Mecânica da Unicamp, sob a coordenação do pesquisador responsável pelo projeto, Waldyr Gallo, e do executivo Franck Turkovics, responsável por Inovação de Powertrain do Grupo PSA Peugeot Citroën no Brasil. O nome do Centro foi dado em homenagem ao pioneiro no desenvolvimento de motores a etanol no Brasil.
O professor Waldyr Gallo explicou que, de fato, apesar de o Grupo PSA Peugeot Citroën ser o parceiro fundador do Centro, haverá a oportunidade de participação de outras empresas nos projetos. Contribuir com a redução das emissões atmosféricas em escala global é, com efeito, um dos propósitos do Grupo PSA Peugeot Citroën, destacou Franck Turkovics.
Franck Turkovics, professor Waldyr Gallo e prefeito Jonas Donizette
De acordo com o professor Gallo, inicialmente será focado o desenvolvimento de motor a etanol, mas posteriormente poderão ser aprimorados estudos para uso de outros biocombustíveis. “O objetivo é melhorar a eficiência do motor a etanol, retomando uma linha de pesquisas que foi mais ou menos deixada de lado quando passou a ser adotado o motor flex, adaptado para álcool e gasolina”, explicou.
Ele notou que o motor flex “tem um cobertor curto, ficando ruim para a gasolina quando é otimizado para o álcool” e vice-versa. “O motor flex não consegue explorar todas as possibilidades do etanol”, completou. Daí então a decisão do Grupo PSA Peugeot Citroën no Brasil em investir em pesquisas para motor específico a etanol, podendo depois evoluir para outros biocombustíveis.
O Grupo de matriz francesa é a segunda maior montadora de veículos da Europa, com faturamento de 53,6 bilhões de euros em 2014, tendo 185 mil colaboradores em todo mundo e já somando 3,9% do mercado na América Latina. No Brasil, tem uma fábrica em Resende (RJ), parceria com várias instituições e, entre outras ações, um poço de carbono florestal (em parceria com a estatal francesa ONF-Escritório Nacional das Florestas) em fazenda no Mato Grosso.
O Centro de Pesquisas em Engenharia “Prof.Urbano Ernesto Stumpf” foi então estruturado, a partir de uma de uma chamada pública da FAPESP. A agência paulista de apoio à pesquisa e o Grupo PSA Peugeot Citroën investirão R$ 8 milhões cada, em um espaço de dez anos, enquanto as demais instituições envolvidas investirão R$ 15,2 milhões, somando R$ 32 milhões de investimento no período. O primeiro projeto será desenvolvido em quatro anos.
O projeto já conta com a participação de pesquisadores da Unicamp, USP, ITA e Instituto Mauá de Tecnologia, além de um acompanhamento internacional por um comitê formado por pesquisadores do Institut des Sciences e Technologies (Paris Tech), do Instituto Politécnico de Turim, e das Universidades de Cambridge, no Reino Unido, Técnica de Darmstadt, na Alemanha, e da University College London, também no Reino Unido. O professor Gallo observou que uma das metas do projeto é capacitar profissionais em alta tecnologia de motores a biocombustível. Apenas na Unicamp, são 28 bolsistas, em nível de pós-doutorado, doutorado, mestrado, iniciação científica e monografias de conclusão de curso, envolvidos no projeto inicial de quatro anos.
Guazzelli entrega projeto do Techno Park para o vice-governador Márcio França
Techno Park – Com uma localização estratégica, próxima aos principais centros de pesquisa e desenvolvimento e universidades de Campinas, o Techno Park é um parque tecnológico consolidado. Com uma área de 524.000 m2 e com 60 empresas instaladas, sendo 43 de base tecnológica, o Techno Park tem projeto embasado em moderna conceituação do ambiente de trabalho, priorizando a harmonia com a natureza como fator de estímulo à criatividade e pelo compartilhamento de serviços.
Apoio em Campinas – O vice-governador e secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia, Márcio França, destacou o apoio que sua parta e o governo estadual como um todo vem destinando à pesquisa e desenvolvimento. Citou os centros de inovação e parques tecnológicos apoiados pelo governo estadual, e enfatizou a necessidade de “maior aproximação entre a academia e o setor privado, para que as pesquisas beneficiem mais rapidamente o cidadão”.
O prefeito de Campinas, Jonas Donizette, destacou a respeito que sua gestão tem encarado “como uma obrigação a busca do alinhamento entre as Universidades, os centros de pesquisa e o setor privado, de modo que a cidade se fortaleça em sua vocação para a ciência e tecnologia”. O prefeito Jonas e outros que se pronunciaram lembraram do pioneirismo de Campinas na criação do Polo de Ciência e Tecnologia – Ciatec, com a participação direta do ex-prefeito José Roberto Magalhães Teixeira e do físico Rogério Cerqueira Leite, que estava presente no evento no Techno Park.
Por sua vez, o vereador André Von Zuben lembrou que na atual gestão foi criado o Conselho Municipal de Ciência, Tecnologia e Inovação, além de ter sido elaborado um Plano Estratégico para o setor para os próximos dez anos. O Executivo enviou e a Câmara Municipal já aprovou, igualmente, um projeto estipulando incentivos para empresas de base tecnológica, sobretudo as startups, se instalarem em Campinas.
Techno Park já conta com 43 empresas de base tecnológica
