O Bosque dos Jequitibás, uma das mais importantes áreas de vegetação nativa remanescente em Campinas da Mata Atlântica, recebe neste sábado, entre 8 e 12 horas, a 2ª Oficina do Plano Municipal de Educação Ambiental. O evento acontece no auditório do Museu de História Natural e é vinculado ao processo de construção do Plano Municipal de Educação Ambiental.
Para participar é recomendável fazer a inscrição antecipada no site da Secretaria Municipal do Verde, Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (que promove a oficina), no endereço http://campinas.sp.gov.br/governo/meio-ambiente/pmea.php. No entanto, se alguém aparecer no momento da oficina sem inscrição, poderá participar da mesma forma. Não é necessário pagar nenhuma taxa.
A oficina vai tratar da construção do programa que definirá os espaços educadores de Campinas, ou seja aqueles espaços que tenham potencial ou que sejam estruturados para o desenvolvimento de atividades de educação ambiental.
Os espaços educadores podem ser os mais diversos, de acesso público ou não. São locais como unidades escolares, centros de saúde, bases de policiamento, praças e jardins, museus, bibliotecas, centros culturais, etc, e que estejam estruturados e providos de equipamentos e pessoal para a implementação de ações continuadas. Alguns espaços potenciais são a Lagoa do Taquaral, o Bosque dos Jequitibás, o Parque das Águas e o Bosque dos Alemães.
Neste 2ª oficina, a expectativa é de mais de 55 participantes. A 1ª oficina, em abril, aconteceu na Estação Cultura e tratou do programa de Educomunicação – termo que trabalha a comunicação na educação ambiental. Cerca de 40 pessoas participaram. Estão previstos, ainda, mais dois eventos, nos dias 5 e 19 de maio, com os temas formação de educadores e monitoramento e avaliação da educação ambiental.
Os coordenadores das oficinas são pessoas que atuam na área de educação ambiental da própria Secretaria do Verde, da Secretaria de Educação e de outras secretarias municipais, da Fundação Mata Santa Genebra, além de profissionais da área acadêmica, de outras cidades inclusive, e de pessoas que são referência no País na área de educação ambiental.
Sobre o Plano
O Plano Municipal de Educação Ambiental, que integra o Indicadores de Metas do Governo (IMG), está previsto em lei (14.961/2015) e estabelece a educação ambiental do município, seus princípios, de que forma deve ser trabalhada, sua capilaridade, flexibilidade, democracia, interdisciplinaridade etc.
Este é o primeiro plano de educação ambiental de Campinas e está associado à Política Municipal de Meio Ambiente. O Plano está sendo construído pela Secretaria do Verde, Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável em parceria com a Secretaria Municipal de Educação, Universidade Estadual de Campinas, a Fundação José Pedro de Oliveira e o Conselho Municipal de Meio Ambiente.
Bosque dos Jequitibás
O Bosque dos Jequitibás está celebrando o seu centenário em 2015 e tem grande importância ambiental e histórica para Campinas. Começando por ser uma das últimas áreas remanescentes de Mata Atlântica no perímetro urbano, com aproximadamente 100 mil metros quadrados.
A área do Bosque pertencia originalmente a Francisco Bueno de Miranda, conhecido como Bueninho. Ele passou a ser um dos locais preferidos de visitação da elite local na década de 1870, período de ouro do café para Campinas.
No início dos anos 1980, o espaço recebeu a visita da Princesa Isabel e do Conde D´Eu, seu marido. Em 1881, foram inaugurados um restaurante e sanitários, projetados por Francisco de Paula Ramos de Azevedo (1851-1928), que depois seria consagrado um dos maiores arquitetos do país.
Na virada dos séculos 19 e 20, o Bosque foi palco de uma das experiências do aeronauta Magalhães Costa com seu aeróstato. Em 1915 o prefeito Heitor Penteado promoveu a compra da área, por 100 contos de réis, por meio da Resolução 472, de 4 de maio.
Depois de receber obras de urbanização, o Bosque foi aberto ao público, agora para todos, sem cobrança de entrada. Uma interrupção do acesso livre aconteceu no início da década de 1930, quando o lugar serve de abrigo às tropas federais do general João Franco, fieis a Getúlio Vargas.
Até 5 de novembro de 1972, data da inauguração do Parque Taquaral, o Bosque dos Jequitibás era a maior área urbanizada à disposição da população de Campinas. Neste mesmo período, mais precisamente entre 1971 e 1977, o Bosque recebeu o impacto da construção da avenida Aquidabã, que também mudou a trajetória de muitos moradores da região.
Por pouco o Bosque não foi destruído. O trajeto original da avenida previa uma linha reta, até a avenida Princesa D´Oeste. Houve um forte movimento de protesto da população em geral e de ambientalistas em particular, e a avenida acabou recebendo um desvio, para não atingir a área do Bosque, que é assim, também, um símbolo de resistência.
Depois o Bosque receberia o Museu Nove de Julho, Museu de História Natural e Museu do Índio, idealizado pelo antropólogo Desiderio Aytai. Também recebeu o Teatro Infantil “Carlito Maia”. A vocação para o meio ambiente, a arte e a cultura é típica do Bosque dos Jequitibás, que agora receberá um Centro de Educação Ambiental.