O Rio de Janeiro vai sediar pela primeira vez, entre os dias 9 e 17 de maio, o Viva a Mata – Encontro Nacional pela Mata Atlântica. O evento promovido pela Fundação SOS Mata Atlântica teve dez edições em São Paulo e tem o propósito de comemorar o Dia Nacional da Mata Atlântica, lembrado a 27 de maio, por meio da troca de experiências entre pessoas e organizações que lutam pela conservação da floresta. A Mata Atlântica é o bioma mais devastado do Brasil, e apesar dos esforços continua sendo desmatado e ameaçado, segundo instâncias como a Convenção da Diversidade Biológica (CDB).
Gratuita e aberta ao público, a 11ª edição terá uma programação renovada, segundo informações da SOS Mata Atlântica. A maior parte das atividades será realizada no Jardim Botânico do Rio de Janeiro.
Além das atividades de educação ambiental, passeios e atrações culturais, integradas ao projeto “A Mata Atlântica é Aqui”, um seminário trará ao público debates atuais sobre temas de grande relevância, como a situação das águas, dados inéditos sobre a Mata Atlântica do Estado do Rio de Janeiro, a poluição na Baía de Guanabara e a importância das áreas naturais para a saúde e qualidade de vida nas cidades.
O encontro, que será realizado no dia 14 (quinta-feira), das 9h às 19h, no Teatro Tom Jobim, contará com a presença de diversos especialistas que se dividirão em painéis de acordo com os temas Mar, Cidades, Água e Clima. Para acompanhar os painéis, os interessados já podem conferir a programação e realizar a inscrição no link: bit.ly/vivaamata2015.
Nos dias 12 e 13, uma série de reuniões temáticas será realizada também no Teatro Tom Jobim, como um encontro que debaterá os Planos Municipais da Mata Atlântica (PMMA) e que contará com o lançamento do PMMA do Rio de Janeiro. No dia 13, haverá ainda o “Encontro dos Secretários de Meio Ambiente dos Estados da Mata Atlântica”, que pela primeira vez se reunirão para debater a situação da Mata Atlântica e metas para que se alcance o desmatamento zero no bioma.
Já no dia 15, o seminário “Desafios para a implementação do novo Código Florestal” reunirá na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro um representante da sociedade civil de cada Estado e os deputados coordenadores das Frentes Parlamentares Ambientalistas Estaduais para avaliar os entraves e as soluções para a implantação do Código Florestal.
O encerramento do Viva Mata 2015 será no dia 17 de maio, com uma mobilização para plantio de mudas em uma área do Parque Nacional da Tijuca. Os detalhes serão divulgados em breve, aqui no site da Fundação. A ação vai simbolizar a restauração que a SOS Mata Atlântica fará em uma área de manancial como presente para a cidade do Rio de Janeiro pelos seus 450 anos.
Lazer e educação ambiental
A programação de lazer e educação ambiental ficará por conta do projeto “A Mata Atlântica é Aqui”, mais conhecido como Caminhão da SOS Mata Atlântica, que também marcará presença no Jardim Botânico, abrindo mais um ano de atividades.
A programação inclui passeios guiados, jogos e brincadeiras, palestras sobre meio ambiente, contação de histórias, apresentações teatrais, oficinas e muitas outras atividades. Para algumas das atividades, como os passeios, é necessária inscrição e as vagas são limitadas. Os participantes das palestras também receberão um certificado.
O projeto “A Mata Atlântica é Aqui” é viabilizado pelo Ministério da Cultura do Governo Federal, por meio do Fundo Nacional de Cultura e da Lei de Incentivo à Cultura, com patrocínio da Repsol Sinopec Brasil, e parceria do “Grumaluc – Teatro de Bonecos” e “Kiara Terra – Contadora de histórias”. O Viva a Mata de 2015 tem o apoio da Tam, Rede Globo, Meu Rio, Brasil Kirin, além do Jardim Botânico do Rio de Janeiro.
O Quinto Relatório Nacional sobre a Biodiversidade, encaminhado, em fevereiro de 2015 – com atraso de quase um ano – pelo governo brasileiro para a Convenção da Diversidade Biológica (CDB), confirmou que a Mata Atlântica é o bioma mais devastado do país, e o Pantanal, o mais preservado.
De acordo com o documento, o Pantanal tinha 83,1% de sua vegetação nativa preservados, de um total de 151,313 km2 do bioma. O segundo bioma mais preservado, de acordo com o documento, é a Amazônia, com 81.4%, do total de 4,175,857 km2.
A Caatinga, que tem um total de 826,411 km2, tem somente 53,4% de vegetação remanescente. O Cerrado tem 51,2% de vegetação remanescente, de um total de 2,039,386 km2 originais. De um total de 177,767 km2, somente 35,6% do Pampa estão preservados.
E o mais inquietante é o panorama da Mata Atlântica, que tem somente 21,9% de vegetação remanescente, do total original de 1,1 milhão de quilômetros quadrados. Esse percentual da Mata Atlântica considera todos os fragmentos. Se considerados somente os fragmentos mais relevantes, o bioma tem menos de 10% da vegetação nativa preservados.
No final de 2014, a CDB havia lançado o livro “Panorama da Biodiversidade nas Cidades”, destacando o cenário crítico da Mata Atlântica. “A expansão urbana e a fragmentação de habitats estão transformando rapidamente habitats críticos que têm valor para a conservação da biodiversidade ao redor do globo – os chamados hotspots – entre eles a região da Mata Atlântica no Brasil, o Cabo da África do Sul e a zona costeira da América Central”, afirma o estudo, resultado da colaboração de dezenas de cientistas e instituições internacionais.
Apesar da situação mais do que preocupante da Mata Atlântica, as políticas públicas ainda não contemplam como deveriam a proteção do bioma. De acordo com o Painel Nacional de Indicadores Ambientais (PNIA), divulgado no final de 2014 pelo Ministério do Meio Ambiente, a Mata Atlântica, a Caatinga e o Pampa são os biomas brasileiros com menor cobertura por projetos de Zoneamento Ecológico Econômico (ZEE) e, por isso, sua ocupação está mais sujeita a ações sem planejamento e predatórias.
Em 2011, segundo o Ministério do Meio Ambiente, projetos de ZEE cobriam a totalidade dos biomas da Amazônia e do Pantanal, cerca de 67% do Cerrado e 27% da Mata Atlântica. Segundo o próprio Ministério, a cobertura “mostrou-se ainda irrisória para a Caatinga e nula para o Pampa”.