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Crescente número de veganos impulsiona mercado que atende movimento filosófico-político
Cabeto Rocker inaugurou em maio o Espaço Educador Vegano ‘Como?’, no Guará, em Barão Geraldo

Crescente número de veganos impulsiona mercado que atende movimento filosófico-político

Por Adriana Menezes     Fotos: Martinho Caires

Não há números que comprovem o crescimento de adeptos do movimento vegano entre nós, mas há sinais que apontam para a visível ascensão deste mercado, como o aumento de opções de lojas especializadas e de produtos voltados para quem aboliu o consumo de tudo que seja de origem animal (carnes, laticínios, ovos e mel). Em Campinas, a iniciativa dos ativistas Cabeto Rocker e Maria Castellano trouxe mais uma alternativa para os veganos, no distrito de Barão Geraldo. Inaugurado em maio, o Espaço Educador Vegano, que se chama ‘Como?’, funciona como loja de roupas, cosméticos, livros, brinquedos e alimentos, e também promove atividades educativas.

Estima-se que cerca de 4% da população brasileira seja de vegetarianos, entre os quais estão inseridos os veganos. A diferença básica é que os vegetarianos não deixam de consumir produtos de origem animal (laticínios, ovos e mel), como os veganos. A primeira sociedade ‘vegan’ (do inglês) que se tem registro foi fundada em 1944, na Inglaterra. Em 1060 surgiu a sociedade ‘vegan’ norte-americana. Existem cerca de 50 sociedades do gênero em todo o mundo.

Os sapatos, livros, roupas, brinquedos e cosméticos comercializados no 'Como?' são produzidos com matéria-prima sem origem animal, de acordo com a proposta da sócia Maria Castelhano

Os sapatos, livros, roupas, brinquedos e cosméticos comercializados no ‘Como?’ são produzidos com matéria-prima sem origem animal, de acordo com a proposta da sócia Maria Castelhano

De acordo com Cabeto Rocker, o ‘Como?’ foi o desdobramento da Ong Garoa Cultural. “Queremos ser um espaço de fluição dessa sabedoria, caminho para o qual vários cientistas e governos em todo o mundo estão indo”, defende.

Questionamentos

Em seu material publicitário, Cabeto definiu os objetivos do ‘Como?’: “Visa oferecer um espaço que desperte questionamentos, rompendo a suposta obviedade de nossos modos de vida, com a esperança de que as pessoas se motivem a acessar informações e a conversar sobre questões que são cruciais para o futuro de nossas sociedades.”

Sobre a imagem de ‘radicalismo’ que existe sobre os veganos, ele sugere que radical é a violência contra os animais. “Quer que eu te mostre links para você ver de onde vem essa comida que você come?”, argumenta. “O vegano é um movimento filosófico-político. Além de não fazer uso de nada de origem animal, ele é também pela defesa de qualquer ser vivo”, explica Cabeto.

O Espaço fica na Rua José Pugliesi Filho, 420, no Guará, em Barão Geraldo (www.comoveganshop.com.br). A reforma, lembra Cabeto, seguiu padrões de bioconstrução, para causar o menor impacto possível ao ambiente.

Os alimentos veganos também não incluem laticínios, ovos e mel na sua produção, em acordo com a filosofia e política do movimento em defesa dos animais

Os alimentos veganos também não incluem laticínios, ovos e mel na sua produção, em acordo com a filosofia e política do movimento em defesa dos animais

Em Campinas, há outros espaços com propostas semelhantes, como a lanchonete Ala Verde (também em Barão Geraldo e no Facebook), as comidas vegetarianas VegVida (WWW.vegvida.com.br) e o restaurante Vegetalle, no bairro Cambuí, todos citados por Cabeto. “Nós fazemos um movimento pacífico, baseado em estudos científicos. Também promovemos encontros e sempre participamos da Semana Vegetariana da Unicamp, que está em sua nona edição”, diz o empreendedor e ativista.

De vegetariano para vegano

Quando Fábio Castelhano Ortiz, de 36 anos, abriu seu restaurante Vegetalle, em 2006, a proposta era vegetariana, ou seja, ainda era ovo-lacto. Mas há três anos Fábio decidiu fazer a opção pelo vegano, em função da demanda de clientes, disse ele. O ex-auditor e consultor tributário, que sempre gostou de cozinhar, é vegetariano desde os 23 anos, em 2004. Abriu o restaurante dois anos depois sem deixar sua atividade profissional, mas o sucesso do empreendimento forçou sua decisão de se dedicar somente ao restaurante.

“Minha opção por me tornar vegano foi muito mais em função da proteção animal, que por motivos de saúde. Mas muita gente se torna vegano devido a alimentação ou por questões ambientais”, afirma Fábio, que observa um claro aumento no número de adeptos. “Entre meus clientes, percebo que há cada vez mais veganos, mas não deixei de ter vegetarianos, e a grande maioria, cerca de 70%, não é vegetariano nem vegano. Eles vêm pela qualidade da comida, que é mais saudável.” Segundo o próprio Fábio, desde que ele se tornou vegano, tudo melhorou na sua vida: o sono, a digestão, a disposição e a qualidade de vida como um todo.

Cosméticos

Além de alimentos, roupas e brinquedos, os veganos também têm hoje disponíveis no mercado os cosméticos da linha de produtos que não sejam de origem animal. A marca Surya Brasil possui a certificação norte-americana Vegan, a qual apenas cem empresas em todo o mundo detêm. A marca alemã Alva, também comercializada no Brasil, tem certificação brasileira e garante não conter parafina, parabenos ou outros derivados do petróleo, sulfatos, triclosan, Lauril Sulfato de Sódio, corantes nem fragrâncias sintéticas, “em respeito ao homem e ao planeta”.promovida por loja do Cambuí.

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