Campinas recebeu oficialmente na manhã desta sexta-feira, 3 de julho, o restauro da fachada e torre da Catedral Metropolitana, como fruto de uma ação envolvendo vários setores da comunidade. Com base em um projeto conduzido pela Associação Comercial e Industrial de Campinas (ACIC), o restauro de componentes importantes de um dos mais relevantes patrimônios históricos locais representa um símbolo dos esforços pela revitalização da região central da cidade. O centro está entrando em uma nova fase, em função de iniciativas como a requalificação da avenida Francisco Glicério, o restauro de outros edifícios, como a Basílica do Carmo e a Escola Estadual Carlos Gomes, e a ocupação com uma agenda cultural intensa da Estação Cultura e do Museu da Imagem e do Som.
O projeto de restauro da Catedral Metropolitana de Campinas é assinado pela ACIC, como proponente junto ao Ministério da Cultura, por meio da Lei Rouanet. Através dessa Lei de Incentivo Fiscal, um grupo de empresas – Bancos Itaú e Bradesco, mais Ticket, Alelo, Sodexo e FMC – decidiu investir no projeto. A Arquidiocese de Campinas recebeu em 2012 a autorização do Minc para captação de R$ 7,1 milhões para o restauro da Catedral. Até o momento foram captados R$ 2,8 milhões, aplicados no restauro da torre e fachada. O restauro dos demais componentes do prédio histórico depende de novas captações.
Na cerimônia de entrega oficial dessa etapa de restauração, a presidente da ACIC, Adriana Flosi, defendeu a urgência de um programa de manutenção do patrimônio histórico de Campinas. Ela lembrou que a ACIC tem se preocupado de forma permanente com a preservação do patrimônio histórico e artístico local, tendo já atuado nesse sentido em edifícios como o Palácio dos Azulejos, onde está o MIS-Campinas, e a antiga sede da Companhia Mogiana.
Adriana Flosi também destacou o papel importante do ex-deputado federal e ex-presidente da ACIC, Guilherme Campos, no projeto de restauração da Catedral Metropolitana. Campos agradeceu as empresas que têm investido no projeto, por meio da Lei Rouanet, e lembrou de sua infância na Catedral, em missas ao lado da família.
Também estavam presentes no evento o vice-prefeito em exercício, Henrique Magalhães Teixeira, o pároco da Catedral, cônego Álvaro Augusto Ambiel, e o arquiteto responsável pelo restauro, Ricardo Leite. O arquiteto destacou a recuperação da cor original da Catedral, o amarelo-ocre, como um dos pontos altos do processo de restauro. “Foi após uma série de prospecções e estudos que chegamos ao amarelo-ocre”, explicou. O restauro também abrangeu as icônicas imagens dos anjos, dos evangelistas, de aves e de São Pedro e São Paulo. O projeto de restauro foi formulado e apresentado ao Ministério da Cultura por meio da empresa especializada Direção Cultura.
Centro em processo de revitalização – Outros componentes do patrimônio histórico de Campinas estão em processo de recuperação e restauro, como parte do processo de revitalização da região central da cidade. É o caso da Basílica do Carmo, que está restaurando a sua fachada neogótica, por meio de projeto com a assinatura do arquiteto Marcos Tognon. Como parte do restauro, estão a recuperação da rosácea no alto da porta principal e a reprodução de suas estátuas que foram roubadas, uma delas de autoria de Lélio Coluccini – a peça era uma reprodução, em relevo, da antiga igreja matriz. Tanto a Catedral Metropolitana como a Basílica do Carmo são tombadas pelo Condepacc.
A restauração do prédio da Escola Estadual “Carlos Gomes”, antiga Escola Normal, já está praticamente concluída. O edifício foi inaugurado em 1924, para abrigar a Escola Normal, fundada em 14 de dezembro de 1902. Com projeto do arquiteto César Marchisio, considerado um discípulo de Ramos de Azevedo, o edifício tombado pelo Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico), do Estado, conta com vitrais e pinturas do artista ítalo-brasileiro Carlo De Servi.
Outros espaços históricos da região central, o Palácio dos Azulejos e o complexo ferroviário, estão mantendo uma intensa e rica agenda de eventos artísticos, por abrigarem, respectivamente, o Museu da Imagem do Som (MIS) e Estação Cultura.
A mais ousada iniciativa de revitalização do centro em curso é o projeto de remodelação da avenida Francisco Glicério. A principal via pública de Campinas está tendo a fiação aterrada, receberá moderno projeto de ajardinamento, novos modelos de quiosques e estações de ônibus urbanos, entre outras melhorias. A expectativa é a de que o projeto seja concluído no início de 2016.
A retomada do centro será completa com uma agenda cultural e de serviços ainda mais intensa, com a reocupação permanente pela população e o restauro de outros espaços e prédios históricos, como o Mercado Municipal, que acaba de completar 107 anos. A cidadania no centro. (Por José Pedro Martins)
A Matriz Nova da Conceição começou a ser construída em 1807 e terminou 76 anos depois, tendo sido concluída sob as orientações do arquiteto Francisco de Paula Ramos de Azevedo (1851-1928), que depois de formado na Europa fez carreira em Campinas, antes de se projetar em São Paulo, com obras como o Teatro Municipal.
A técnica da construção é a taipa de pilão – terra socada com pilão -, o que a torna o maior templo construído com esta técnica no mundo. Em 1908, com a criação da diocese, a igreja foi elevada à Catedral Nova Senhora da Conceição.
A Catedral também contém obras de outro gênio, o baiano Vitoriano dos Anjos (1765-1871), Ele assina os entalhes do altar-mor, da varanda do coro, dos púlpitos e tribunas. Dispensado, continuou residindo em Campinas, onde faleceu praticamente esquecido e na pobreza.
A Catedral foi tombada pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Campinas (Condepacc) e pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico (Condephaat).