A leitura dos nomes dos quinze moradores de rua de Campinas que morreram em 2015 foi um momento especialmente marcante e emocionante na reunião do Conselho Municipal de Direitos Humanos e Cidadania, na noite desta quinta-feira, 2 de julho, no Salão Vermelho da Prefeitura. O Conselho quer intensificar uma ampla discussão sobre a morte das pessoas em situação de rua, com base no princípio “do respeito à dignidade dessa população”, como afirmou o presidente, Paulo Tavares Mariante.
Participaram da reunião representantes dos serviços que atendem à população de rua na cidade. Um médico do Consultório na Rua, serviço criado em Campinas em 2012, destacou a necessidade de que seja feita uma análise adequada de cada morte ocorrida, para a verificação de suas reais causas. O profissional defendeu a melhoria da estrutura do atendimento aos moradores de rua, como já acontece em outras cidades.
Curitiba, por exemplo, já conta com quatro equipes do Consultório na Rua, um serviço criado a partir da Política Nacional de Atenção Básica à Saúde, de 2011. As diretrizes de organização e funcionamento dos Consultórios na Rua foram fixadas pela Portaria 122 do Ministério da Saúde, de 25 de janeiro de 2012.
Uma das ideias em discussão é a da promoção de um colóquio, com a participação de representantes dos vários setores envolvidos, visando a implementação de uma política apropriada de atenção aos moradores de rua em Campinas. O propósito é o de que a discussão conte com membros da população de rua. O presidente Paulo Mariante lembrou que o Conselho já fez audiência, no dia 24 de maio de 2014, nas escadarias da Catedral Metropolitana, para discutir a situação dos moradores de rua.
“É muito importante abrir diálogo com diferentes setores, e que os moradores de rua tenham voz”, sublinhou Mariante. O Fórum da População em Situação de Rua é considerado um interlocutor fundamental pelo Conselho Municipal de Direitos Humanos e Cidadania de Campinas.
Foi um consenso na reunião do Conselho que a questão envolvendo a série de mortes de cidadãos em situação de rua em Campinas é complexa e como tal deve ser tratada. Um ponto central, segundo os participantes, é o respeito à dignidade dessa população e o combate ao preconceito.