Sem o desfile das escolas de samba, suspenso por questões de ordem financeira, como ocorreu em várias cidades brasileiras, o Carnaval de 2016 em Campinas foi protagonizado pelos blocos. E também como reflexo de fenômeno registrado em todo país, os blocos demonstraram uma enorme vitalidade, com o resgate do brincar na rua com espontaneidade e criatividade, apesar das limitações de recursos, da chuva muito forte em alguns momentos e das tentativas de cerceamento das manifestações públicas, verificadas desde o grande movimento de junho de 2013.
No sábado pré-Carnaval, dia 30 de janeiro, a City Banda fez uma apresentação que consolidou a sua vocação de ser uma “confederação de blocos”. Mais de 40 blocos reunidos no grande bloco, que pela última vez teve como base o Centro de Convivência Cultural, como foi confirmado pela sua diretoria. Alguns endereços estão em estudo para o Carnaval de 2017 e a avenida José de Sousa Campos (Norte-Sul) é um deles.
O domingo, dia 31, teve um amplo cardápio. Logo pela manhã, o Cordão do Félix reuniu o Bando de Corruíras e o Unidos, que tradicionalmente saíam na City Banda. O Cordão do Félix ofereceu um Carnaval de retomada de marchinhas e sambas clássicos, em plena praça Carlos Gomes.
Ainda no domingo, o Nem Sangue Nem Areia prosseguiu a retomada de sucesso do bloco da Vila Industrial que fez história, entre as décadas de 1940 e 1970. Aliás, em 2016 o Nem Sangue Nem Areia, em sua nova fase, comemorou justamente os 70 anos de criação do bloco, em 1946, um ano depois do fim da Segunda Guerra Mundial e da ditadura de Getúlio Vargas. Era um momento, portanto, de renovação de esperanças no Brasil.
Desde a sexta-feira, 5 de fevereiro, dezenas de blocos fazem a festa em vários bairros e em todas regiões de Campinas. No sábado, dia 6, a Tomá na Banda reiterou o seu vigor pelas ruas do Cambuí e Centro. O Unidos do Candinho, por sua vez, repetiu seu Carnaval crítico no distrito de Sousas.
De fato, os distritos de Sousas, Joaquim Egídio e, sobretudo, Barão Geraldo, se firmaram como epicentro de importantes manifestações culturais no município. Em Sousas, também desfilou o Bloco do Paredão. Em Joaquim Egídio, o Bloco da Galinhada repetiu a irreverência dos anos anteriores, com muita gente devidamente fantasiada para homenagear a galinácea, o que ocorre desde 2010.
Em Barão Geraldo, foram muitos blocos. Caxeirosas, Cupinzeiro, Flautins, Berra Vaca, Jegue Gerso, Zé Coquinho, Sonhos Havaianos, União Altaneira, entre outros. Em outras regiões, saíram blocos como Bloco Vermelho (Jardim Santa Mônica), DIC Bloco Você É? (DIC I), Nação Bantos Savuru (Vila Renascença), Sem Preguiça (Jardim Campos Elíseos), Bloco do Bob (Cambuí), Ibaô (Vila Padre Manoel da Nóbrega), Bloco Parque Tropical (no bairro do mesmo nome), Nação Bantos (Vila Padre Anchieta), Afoxé Aladô (Vila Costa e Silva), Vai que Vira (Fundação da Casa Popular), Urucungos (Vila Teixeira), Da Zocca (Vila Castelo Branco), Vó Tiana (Vila Teixeira), Bloco do Boi (Centro), Teia do Aranha (Vila Padre Manoel da Nóbrega), Pacu com Cebola (Vila Aurocan).
Como em várias partes do Brasil, o povo retomou o Carnaval nas mãos em Campinas. Uma nova geografia carnavalesca, uma resistência à oficialização, mercantilização e padronização da maior festa nacional.