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Filme de animação sobre café chega às telas após seis anos de pesquisa e captação de recursos
Maurício Squarisi, diretor de cinema de animação: “Tem de ser persistente e paciente”. Fotos Martinho Caires

Filme de animação sobre café chega às telas após seis anos de pesquisa e captação de recursos

Por Adriana Menezes

Após seis anos de elaboração e muita persistência, o filme de animação “Café – Um dedo de prosa”, de Maurício Squarisi, com narração de Vera Holtz e Wandi Doratiotto, foi lançado oficialmente no Brasil em sua versão final no dia 26 de março, na Casa do Lago da Unicamp. Realizado com verbas da iniciativa privada por meio do ProAC (Programa de Ação Cultural, da Secretaria de Cultura do Estado), o filme multidisciplinar e didático sobre o café também será levado às escolas para cumprir seu papel educativo. No dia 21 de maio, às 14h, haverá uma sessão na Estação Cultura, em Campinas, e a distribuição nos cinemas fica agora por conta da Polifilmes.

A obra é mais um exemplo de que, no Brasil, ainda é preciso um esforço pessoal e heroico de alto risco para realizar projetos culturais e artísticos. Autor de 16 filmes de animação, Maurício Squarisi começou sua pesquisa em 2009, quando leu o livro “História do Café”, de Ana Luiza Martins. “Há muito tempo eu queria fazer um filme sobre esse tema, porque tudo tem relação com o café. Isso me estimulou a curiosidade”, diz o diretor, que já produziu curtas sobre brincadeiras de rua, Carlos Gomes, cartas de Pero Vaz Caminha e inúmeros temas nacionais, desde 1979.

“Fiquei dois anos lendo, relendo e rabiscando o livro, até procurar a historiadora Ana Luiza, que aceitou ser a assessora histórica do projeto.” Os desenhos e o roteiro desde o início já estavam sendo produzidos por Squarisi.

Persistência

Depois de ter aprovação do ProAC, em setembro de 2013, começou a batalha para conseguir a verba. “Para aprovar já é difícil, mas depois é ainda mais complicado chegar às empresas. Tem de ser persistente e paciente, como em tudo na animação. O meu prazo no ProAC quase expirou, cheguei ao desespero e apelei até a São Benedito. Precisei de uma agência para fazer dar certo”, desabafa Squarisi, que finalizou o filme em outubro de 2014. A agência responsável pela captação de recursos foi a AN7.

Com custo de R$ 800 mil, o filme teve a participação de 15 profissionais. “Foi preciso refazer o orçamento desde a aprovação do projeto no ProAC. Precisamos alterar os cachês de muitos que trabalhavam para conseguirmos chegar até o fim, porque de acordo com o processo as empresas não depositam tudo de uma vez”, explica Squarisi, que comemora a finalização do projeto e torce para que produzir um filme seja um processo mais simples para quem se propõe a fazer.

O lançamento nacional do filme foi na Casa do Lago, na Unicamp; nova sessão acontece dia 21 de maio na Estação Cultura e distribuição para os cinemas será feita pela Polifilmes

O lançamento nacional do filme foi na Casa do Lago, na Unicamp; nova sessão acontece dia 21 de maio na Estação Cultura e distribuição para os cinemas será feita pela Polifilmes

Investindo em arte

Metade dos custos do filme foi assumida pela empresa Sapa, o restante ficou por conta das empresas Tuberfil e Simeira. Para o produtor e diretor de cinema Wilson Lazaretti, um dos fundadores do Núcleo de Cinema de Animação do Museu da Imagem e do Som (MIS) Campinas, o filme “Café – Um dedo de prosa”, além de ser um registro da histórica do café, é também um produto artístico, pelo traço do desenho carregado de personalidade. “A criação está sempre relacionada ao contexto cultural em que você vive. Este é um filme com o estilo próprio do Squarisi, não tem nada de Disney e está bem dosado com relação às informações”, avalia Lazaretti.

Camila Arcanjo, do Sindicato da Indústria de Café do Estado de São Paulo, pretende transformar o filme em um instrumento de trabalho. “Tenho dificuldade de contar a história do café no Brasil, porque só há material dessa trajetória em outros países. O desenho tem todas as informações sociais, culturais e históricas sobre o café, desde a sua entrada no Brasil até a industrialização, de forma didática”, resume.

O café

Logo no início da narrativa, a atriz Vera Holtz, que está sentada à mesa de um Café com Wandi Doratiotto para “um dedo de prosa”, fala de sua preferência: “Eu gosto mesmo é do café puro”. E assim segue o texto, também de autoria de Squarisi, sobre o café e a relação que ele tem com a política, a sociedade e a cultura. “Tomar café é viver o vai e vem da História do Brasil”, diz a narrativa que tem duração de 72 minutos.

Segundo Squarisi, a versão para as escolas será reduzida para meia hora. “Levamos este formato a nove escolas de Portugal quando participamos do Festival de Lisboa de Animação, e as crianças gostaram muito. Por ser outro país, a música chamou muito a atenção”, diz o diretor, lembrando que a produção musical é de Wandi Doratiotto. Durante o festival, em 14 de março, ele também fez o lançamento internacional na versão completa de “Café – Um dedo de prosa”

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