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Efervescente, Recife é um polo cultural cada vez mais sólido e diversificado
Recife vai sediar segunda audiência do Conselho Nacional de Educação sobre BNCC (Fotos José Pedro Martins)

Efervescente, Recife é um polo cultural cada vez mais sólido e diversificado

Na segunda-feira, 17 de agosto, no reformado Paço Alfândega, lançamento de “Brasil, uma biografia”, das historiadoras Lilia Schwartz e Heloisa Starling. Nesta terça, cerimônia oficializando os Maracatus Nação como patrimônio cultural imaterial do Brasil, no Pátio São Pedro, centro da cidade. Ainda ontem, abertura da exposição Pernambuco Cena Contemporânea, com o emblemático trabalho de Paulo Bruscky. Até domingo, 23, shows com Renata Rosa, Zeca Viana, Sofia Freire, Céu, Isabela Taviani, Pedro Mariano, SpokFrevo, Alice Caymmi, Antônio Nóbrega, orquestras Sinfônica do Recife e do Conservatório Pernambucano de Música e muito mais, além do convidado estrangeiro Billy Paul. E muitos outros lançamentos de livros e ações de coletivos culturais. Este é um pequeno resumo da semana artística – e só desta semana – de Recife, cada vez mais um efervescente polo cultural.

Poesia à margem do rio

Poesia à margem do rio

A vocação para o novo está no DNA da capital pernambucana. A polêmica passagem de Maurício de Nassau à frente do governo pernambucano, entre 1637 e 1644, foi uma indicação de que cidade percorreria caminhos diferentes em relação aos espaços urbanos estruturados no estilo da ocupação lusitana. E a própria derrota e expulsão holandesa, dez anos depois, pelas tropas que uniram portugueses, brancos e indígenas, é apontada como uma confirmação da da abertura do Brasil para a diversidade – uma tendência sempre negada quando vigoram a intolerância, o preconceito, o racismo, a neofobia. A singular identidade brasileira é o plural, e Recife sempre nos lembra disso.

Se Joaquim Nabuco estava ao lado do abolicionismo, Gilberto Freyre fez o elogio da mestiçagem. Se o cético Camus amou o Xangô do Pai Apolinário e a arquitetura católica do Pátio São Pedro, a ucraniana Clarice Lispector tornou-se decididamente brasileira ao passar infância e adolescência em Recife, caminhando e brincando e poetando pelas ruas da Boa Vista – para depois provar que a literatura brasileira não é nem precisa ser só “social”. Se o olindense de Peixinhos Chico Science deflagrou uma pequena revolução com o Mangue Beat, um coquetel de estilos e emoções, hoje são os coletivos – Lumo, Escambo, Lugar Comum, Revo, entre outros – que renovam e reviram a cena cultural recifense.

Mangue Beat: a coragem de criar

Mangue Beat: a coragem de criar

Renovação, metamorfose, uma marca permanente da capital pernambucana. O que dizer de uma cidade que transforma a antiga Casa de Detenção na Casa da Cultura? E que semeia, pelas praças, ruas ou margens do rio Capibaribe, estátuas de artistas-ícone – João Cabral, Capiba, Bandeira, Ascenso Ferreira?

Casa da Cultura, ex-Detenção: metamorfose

Casa da Cultura, ex-Detenção: metamorfose

Recife é multiarte, é policultura, é coragem e ousadia. É a conversa do cordel e a guitarra elétrica, é a soma do barroco e o contemporâneo, é a fusão do frevo e o coco. Um convite à criação, que não sucumbe a tempos de intolerância. (Por José Pedro Martins)  

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