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Nova queda de vazão renova inquietação com o futuro do rio Piracicaba e sua bacia hidrográfica
Rio Piracicaba neste domingo, 20 de setembro: vazão 10% menor do que há uma semana (Fotos José Pedro Martins)

Nova queda de vazão renova inquietação com o futuro do rio Piracicaba e sua bacia hidrográfica

O rio Piracicaba novamente voltou a ter queda de vazão, após a elevação resultante das chuvas no início de setembro. Neste domingo, 20 de setembro, a vazão em Piracicaba chegou a pouco mais de 20 metros cúbicos por segundo, 10% do volume que tinha há uma semana. É renovada a preocupação com os possíveis impactos da crise hídrica no rio e em toda bacia hidrográfica em 2015, a exemplo do que aconteceu no ano passado em todo território paulista.

A mortandade de peixes, por exemplo, disparou no estado de São Paulo em 2014, ano de forte estiagem e agravamento da má qualidade das águas, como está ocorrendo em 2015. Foram 213 registros de mortandade em 2014, ou 22,5% a mais do que em 2013, fato que não ocorria desde 2010. Neste período a mortandade de peixes havia permanecido mais ou menos estável, em torno de 170 por ano de 2010 a 2013. As bacias dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ), onde está a região de Campinas e Piracicaba, foram novamente “campeãs” no triste quesito, com 50 registros de mortandades, com a bacia do rio Mogi Guaçu em segundo lugar, com 40 registros, e a do Alto Tietê em terceiro, com 23.

Os dados estão no relatório “Qualidade das águas superficiais no estado de São Paulo 2014″, da Cetesb, a agência ambiental do governo paulista. O documento mostra como as bacias PCJ vêm mantendo a triste liderança na mortandade de peixes desde 2009, sendo responsáveis por 24% dos registros naquele ano, 26% em 2010, 22% em 2011, 29% em 2012, 27% em 2013 e 24% em 2014.

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Elementos tóxicos – Do mesmo modo, o relatório mostrou que, em 2014, em que ocorreu forte estiagem e agravamento da má qualidade das águas, foram encontrados elementos tóxicos em vários rios de São Paulo, incluindo corpos hídricos da Grande São Paulo, na bacia do Alto Tietê, da região de Campinas, nas bacias PCJ e da Baixada Santista.

O estudo observa que a verificação da ocorrência de efeitos tóxicos é utilizada, pela CETESB, para avaliação das condições de qualidade das águas de rios e reservatórios, no que se refere à proteção das comunidades aquáticas. Com esse propósito, explica a agência, foram realizados em 2014 ensaios ecotoxicológicos com o microcrustáceo Ceriodaphnia dubia em 330 pontos de monitoramento no Estado de São Paulo.

E o resultado foi que em somente uma das 22 bacias hidrográficas paulistas, a da Mantiqueira, não foi constatado qualquer efeito tóxico em 2014, o que indicaria a adequação de suas águas em termos ecotoxicológicos, embora nesta bacia “tenham sido monitorados somente quatro pontos”, observa a Cetesb.

As bacias com pior condição das águas foram as do PCJ (região de Campinas), Alto Tietê (Grande São Paulo), do Litoral Norte, Pardo, Baixada Santista, Sapucaí/Grande, Mogi Guaçu, Sorocaba/Médio Tietê, Ribeira de Iguape/Litoral Sul, Baixo Pardo/Grande, Tietê/Jacaré e Pontal do Paranapanema, que apresentaram “percentuais de ocorrência de toxicidade crônica acima da média do Estado (22%) e/ou toxicidade aguda em suas águas”.

Na região de Campinas e Piracicaba, nas bacias PCJ, segundo o relatório da Cetesb, houve “toxicidade aguda registrada em dois afluentes do Rio Piracicaba, o Ribeirão Quilombo (QUIL03900), no município de Americana, e o Ribeirão dos Toledos (TOLE03900), em Santa Bárbara do Oeste, nos quais os efeitos podem estar associados aos teores de cobre e de amônia detectados na água”. No Ribeirão dos Toledos, completa o documento, “detectou-se, ainda, níquel em concentrações capazes de causar os efeitos tóxicos mencionados”. (Por José Pedro Martins)

 

 

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