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Para Fórum Econômico Mundial, crise da água está entre maiores desafios globais
Terra desolada no Cantareira: governo de São Paulo já sabia que poderia haver crise até 2015, segundo estudo da ANA (Foto Adriano Rosa)

Para Fórum Econômico Mundial, crise da água está entre maiores desafios globais

Uma grave crise hídrica como a que atinge grande parte do Brasil em 2014, impactando os principais núcleos produtivos do país (como a Grande São Paulo, abastecida pelo Sistema Cantareira), é uma preocupação cada vez maior dos centros de decisão mundiais. Crises da água e eventos extremos estão, por exemplo, entre os maiores riscos globais para o Fórum Econômico Mundial, organização que promove o grande encontro de líderes políticos e corporativos em todo início do ano em Davos, na Suíça, mas que também viabiliza reflexões sobre grandes temas durante o ano todo.

Nas semanas anteriores ao evento de Davos, onde também não faltam personalidades do cinema, da música e da literatura, o Fórum Econômico Mundial divulga o Relatório Riscos Globais. No documento, um conjunto de especialistas convidados pelo Fórum aponta os principais riscos para o ano, nas áreas da Economia, Meio Ambiente, Geopolítica, Sociedade e Tecnologia.

Desde 2012 a crise da água está entre os cinco maiores riscos, em termos de impacto, elencados pelo Fórum Econômico Mundial. Em 2012 e 2013, esteve em segundo lugar no ranking, atrás somente da instabilidade no sistema financeiro internacional. Em 2014, em terceiro lugar, atrás da crise fiscal e das mudanças climáticas globais – portanto, a crise que atinge São Paulo e outros estados brasileiros foi “prevista”, de algum modo, pelo Fórum Econômico Mundial.

O Fórum Econômico Mundial, que coloca a crise da água ao lado dos eventos climáticos extremos entre os grandes riscos globais, lembra que em 2010 as inundações no Paquistão, que mataram milhares de pessoas, paralisaram grande parte do país durante semanas, levando a economia rural à destruição. Em 2011, uma inundação menor na Tailândia impactou a produção global de automóveis e de discos rígidos de computadores. O PIB do Japão, do mesmo modo, foi fortemente atingido pelo tsunami.

Em contrapartida, a seca extrema na Rússia em 2010 levou ao corte de exportações agrícolas e consequente aumento no preço de grãos em áreas como Oriente Médio e Norte da África. Acredita-se que a escassez de alimentos, impulsionada pela seca, teve papel importante no fomento à chamada Primavera Árabe.

O Fórum Econômico Mundial sugere, então, uma gestão cada vez mais eficiente dos recursos hídricos, como forma de prevenir crises sistêmicas. Alerta em especial para a importância dos impactos das mudanças climáticas nos regimes hídricos. Daí a relevância do tema do aquecimento global estar de forma crescente na agenda pública.

 

Maiores riscos globais em termos de impacto, segundo o Fórum Econômico Mundial

2010 2011 2012 2013 2014
Colapso nos preços de ativos Crise fiscal Crise no sistema financeiro Crise no sistema financeiro Crise fiscal
Retração da globalização Mudanças climáticas Crise no suprimento de água Crise no suprimento de água Mudanças climáticas
Picos no preço do petróleo Conflitos geopolíticos Crise de escassez de alimentos Desequilíbrios fiscais crônicos Crise da água
Doenças crônicas Colapso nos preços de ativos Desequilíbrios fiscais crônicos Difusão de armas de destruição em massa Desemprego e subemprego
Crise fiscal Volatilidade extrema nos preços da energia Volatilidade extrema nos preços da energia e agricultura Falhas na adaptação às mudanças climáticas Colapso na infraestrutura de informação

       Fonte: Riscos Globais 2014, do Fórum Econômico Mundial

Sobre José Pedro Soares Martins

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