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Desabastecimento aumenta em São Paulo, mas crise de 2015 pode ser pior, diz professor da Unicamp
"Cemitério" de carros no Cantareira seco: alternativas para ampliar abastecimento são urgentes em São Paulo (Foto Adriano Rosa)

Desabastecimento aumenta em São Paulo, mas crise de 2015 pode ser pior, diz professor da Unicamp

A situação de desabastecimento se agrava na Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) e bacias dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ), mas a crise hídrica poderá ser ainda pior em 2015, se os reservatórios do Sistema Cantareira, que chegaram a 3,3% nesta terça-feira, não foram recompostos de forma razoável nos próximos meses. A advertência é do professor Antônio Carlos Zuffo, do Departamento de Recursos Hídricos da Faculdade de Engenharia Civil da Unicamp.

Grande parte da população da Grande São Paulo já sente o desabastecimento e corre para estocar água em casa. Em Campinas o abastecimento foi normalizado nesta terça-feira, dia 21 de outubro, segundo a Sanasa, depois de onze dias de fornecimento irregular, em função do aumento da poluição no rio Atibaia, responsável por 95% da água captada no município. Vários municípios da região do PCJ também sentem a falta de água há dias.

O especialista da Unicamp lembra que em janeiro de 2014 os reservatórios do Sistema Cantareira, que abastece metade da Grande São Paulo, estavam com 22,4% de sua capacidade, menos da metade do que em janeiro de 2013, que foi de 52%. Pois em 21 de outubro de 2014 o conjunto do Cantareira está com 3,3% de capacidade, já considerando o uso do Volume Morto. Em termos reais, o Cantareira está com -15,6% e o Volume Morto, com – 5,8%. Sem chuvas que recomponham os reservatórios, eles estarão com um volume ainda menor no início de 2015, projetando uma crise hídrica ainda mais severa em 2015.

O professor Zuffo também nota que os reservatórios na bacia do Alto Tietê, que abastecem a outra parte da RMSP, também estão com nível muito baixo para esta época do ano. Com isso a situação de desabastecimento que já acontece em algumas regiões da Região Metropolitana de São Paulo pode ser agravada. O reservatório do Alto Tietê está com 8,5% de sua capacidade, o de Cotia com 30,8%, o de Guarapiranga com 42,8% e o de Rio Claro com 48%. Com situação melhor está o reservatório de Rio Grande, com 71,8%.

Para o professor Zuffo, é fundamental então que os reservatórios do Cantareira tenham um volume mínimo no início de 2015, para que a crise hídrica não seja ainda pior no próximo ano. A Agência Nacional de Águas (ANA) tem defendido um uso escalonado do que resta do Volume Morto do Sistema Cantareira, argumentando justamente com a necessidade de haver uma reserva no início de 2015.

Cooperação – A ANA divulgou nota nesta sexta-feira afirmando que, “diante da severa estiagem e suas possíveis consequências para a população, é fundamental manter a cooperação e confiança entre os atores institucionais que atuam na gestão e regulação dos recursos hídricos brasileiros”.

A Agência Nacional de Águas também salientou na nota que, em resposta ao projeto do governador do Estado de São Paulo,  Geraldo Alckmin, de transferir águas do reservatório Jaguari ao reservatório Atibainha, no Sistema Cantareira,  “a ANA, junto com o Comitê de Bacia do Paraíba do Sul –  CEIVAP,  tem liderado a construção de consenso técnico entre os estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro com o objetivo de aumentar a segurança hídrica das Bacias do Rio Paraíba do Sul e do PCJ”. Essa transposição de águas seria uma das formas aventadas pelo governo paulista para diminuir a crise hídrica derivada do esvaziamento dos reservatórios do Cantareira.

Sobre José Pedro Soares Martins

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