O recrudescimento da estiagem volta a ameaçar os rios da região de Campinas e Piracicaba e, com isso, também o abastecimento público de água. O sinal de alerta foi dado pela quantidade de água que está sendo retirada do Cantareira, para abastecimento da Grande São Paulo e distribuição bacia do rio Piracicaba, em volume muito superior à vazão que entra nos reservatórios do Sistema. A vazão do rio Piracicaba, entre outros, já atinge níveis críticos, lembrando a grande estiagem de 2014-2015 que por pouco não provoca uma tragédia na região.
Segundo informou nesta sexta-feira, dia 22 de julho, o Consórcio Intermunicipal das Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ), hoje entraram no Sistema 14,28 metros cúbicos por segundo de água, enquanto a vazão de retirada foi de 18,45 m3/s. Deste total, somente 0,40 metro cúbico por segundo retornou para a bacia do rio Piracicaba, de onde saem as águas que alimentam o Cantareira. Confirmação da injustiça histórica com a região de Campinas e Piracicaba, que sempre foi preterida na distribuição as águas do Cantareira.
O Consórcio PCJ também observou que em 2016, após chuvas acima de 300% da média histórica em maio e junho, a precipitação em julho está entre 12 e 15% do esperado para o mês. Clara demonstração da ocorrência cada vez mais frequente de eventos climáticos extremos na região, como tem informado a Agência Social de Notícias (ver aqui e aqui).
O resultado é a baixa vazão dos rios da região. O rio Piracicaba, que chegou a uma vazão superior a 700 metros cúbicos por segundo em junho, chegou aos 62,89 m3/s às 18h50 desta sexta-feira. A vazão no rio Atibaia, pouco antes da captação de água para Campinas, era de 13,88 m3/s no mesmo horário. A baixa liberação de água do Cantareira para a bacia do rio Piracicaba é uma das explicações para essa baixa vazão.
A queda na estiagem acontece no momento em que começam a ser intensificadas as discussões sobre a renovação da outorga para a Sabesp continuar gerenciando o Cantareira. A renovação deveria acontecer em 2014, mas foi suspensa para 2015, em função da crise hídrica, e novamente para maio de 2017, sem grandes garantias para a segurança hídrica nas bacias PCJ, onde está a região de Campinas e Piracicaba.
No próximo dia 29 de julho, sexta-feira, Campinas sediará uma das duas reuniões técnicas públicas previstas no calendário de renovação da outorga do Sistema Cantareira. Será oportunidade única para a cidade e região influenciarem nos rumos da renovação da outorga para a Sabesp continuar gerenciando o Cantareira, o que significará o futuro do abastecimento de água pelos próximos cinco ou dez anos. A reunião acontecerá no auditório da CATI, como informou a ASN (aqui).