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Campinas se prepara para a maior intervenção urbana desde a década de 1950
Centros urbanos ainda são voltados principalmente para os automóveis (Foto Adriano Rosa)

Campinas se prepara para a maior intervenção urbana desde a década de 1950

Aterramento de fios de eletricidade e telefonia, ciclovias, mais faixas exclusivas para ônibus, implantação do BRT, restrições a estacionamento, prioridade para pedestres, diretrizes para ocupação do Centro, que deve receber um Parque Tecnológico. Campinas está se preparando para a maior intervenção urbana, começando pela região central, desde a década de 1950, quando foi concluído o Plano Prestes Maia. No dia 15 de janeiro de 2015 começarão as obras de requalificação da Avenida Francisco Glicério, no coração da cidade, primeira escala de uma série de ações envolvendo o poder público e a iniciativa privada. O projeto que pretende tornar a Glicério um novo cartão-postal de Campinas foi discutido na manhã desta quinta-feira, 23 de outubro, em audiência na Câmara Municipal.

O secretário municipal de Cultura, Ney Carrasco, coordenador do grupo de trabalho que está conduzindo o projeto de requalificação na Prefeitura, disse que a iniciativa para a avenida Francisco Glicério é um modelo do que o Executivo propõe para toda a região central. “As próximas gestões terão como dar continuidade, com diretrizes claras indicadas agora”, explicou o secretário, observando que o projeto apresentado deriva de uma proposta do Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB), núcleo de Campinas.

Audiência na Câmara Municipal discutiu projeto de requalificação da Avenida Francisco Glicério (Fotos José Pedro Martins)

Audiência na Câmara Municipal discutiu projeto de requalificação da Avenida Francisco Glicério (Fotos José Pedro Martins)

As linhas gerais do projeto de requalificação da avenida Francisco Glicério foram apresentadas pelo secretário municipal de Desenvolvimento Econômico, Social e de Turismo, Samuel Rossilho, que destacou a parceria entre vários órgãos públicos e organizações privadas. “Todas as obras serão executadas pela iniciativa privada, sob a coordenação de uma empresa que será contratada para isso”, sublinhou.

Como informou o secretário, a avenida Francisco Glicério terá, em seu lado direito, no sentido avenida Orosimbo Maia-Aquidabã, uma faixa exclusiva para ônibus. Do lado esquerdo, a atual faixa destinada a estacionamento será suprimida, com sua destinação à ampliação da calçada para pedestres. Os dois pontos de táxi da Glicério serão localizados nessa calçada, em uma baia com recuo em relação à pista. A calçada, adornada com as andorinhas de Campinas e floreiras, terá uma pavimentação especial, que já está sendo preparada pela Associação Brasileira de Cimentos Portland (ABCP), um dos parceiros do projeto.

A fiação elétrica e de telecomunicações será aterrada, e nesse propósito estão envolvidos outros dois parceiros, a CPFL Energia e a Associação Brasileira das Prestadoras de Serviços de Telecomunicações Competitivas (TELCOMP). Outros parceiros, pelo poder público, são a Sanasa, Setec e IMA, municipais. Pela sociedade, Associação Comercial e Industrial de Campinas (ACIC) e Sinduscon. Pela iniciativa privada, Comgás, Embratel, Net, Vivo/Telefônica/TVA, TIM, GVT, Algar, Transit, WCS, Nettel, Oi, AVVIO, Level 3, BR Fibra, Americanet, SAMM, Ascenty e CPFL Telecom.

Vereadores, secretários municipais e várias organizações participaram da audiência pública

Vereadores, secretários municipais e várias organizações participaram da audiência pública

Iluminação mais eficiente, despoluição visual, padronização dos quiosques que serão instalados na calçada ampliada, paisagismo como ordenador do espaço, iluminação cênica nova para os monumentos históricos, a cargo da CPFL, e a troca da pichação por grafite, em parceria com artistas locais, são outras ações previstas.

O secretário municipal de Transportes e presidente da Emdec, Carlos José Barreiro, observou por sua vez que as diretrizes de trânsito que serão observadas no projeto de requalificação da Glicério serão válidas para o “novo plano para 25, 30 anos” que a Prefeitura está preparando para o setor de mobilidade em Campinas.

Será o caso da padronização das estações de transferência para ônibus, que serão implantadas na Glicério. Outro destaque será a ciclovia do lado esquerdo. “Não será uma ciclo faixa, de convivência entre bicicletas e automóveis, mas ciclovia mesmo, como parte de um grande projeto de ciclovias que está sendo preparado e incluirá por exemplo a Orosimbo Maia e Aquidabã”, disse o secretário, igualmente citando a importância que será dada para a acessibilidade a todos.

Do mesmo modo, serão implantados novos semáforos, com tecnologia que será ampliada para as demais vias que serão objeto do projeto maior de mobilidade em estruturação. O secretário lembrou que a implantação do BRT, sigla em inglês para ônibus de trânsito rápido, demandará “mudanças importantes”, que já começarão a ser implantadas a partir da requalificação da Francisco Glicério.

Os corredores de BRT serão implantados com recursos do Programa de Aceleração do Crescimento da Mobilidade Urbana (PAC 2), do governo federal. A empresa portuguesa Engimind Brasil Consultores e Representação foi a vencedora da licitação para projetar os corredores. Serão 14,4 quilômetros de extensão no Ouro Verde, uma das regiões mais populosas de Campinas. No Campo Grande, também muito populoso, serão 17, 8 quilômetros, começando pelos trilhos desativados do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) na região central. A estimativa é a de que os corredores tenham capacidade de transportar 30 mil pessoas por hora nos dois sentidos.

A Câmara Municipal constituiu um grupo de trabalho, presidido pelo vereador Marcos Bernadelli, para acompanhar o projeto de requalificação da Francisco Glicério. A audiência pública de hoje foi convocada pelo vereador.

Os vereadores também estão discutindo o projeto do Executivo, de concessão de incentivos para instalação no centro de um Parque Tecnológico, constituído por startups. O vereador André von Zuben tem atuado ativamente nesse sentido.

Plano Prestes Maia – As intervenções previstas pela Prefeitura Municipal, em parceria com empresas e comunidade, se implementadas na totalidade, representarão a maior intervenção urbana em Campinas, sobretudo na região central, desde o final da implantação do Plano Prestes Maia, na década de 1950.

Plano Prestes Maia é como ficou conhecido o plano de urbanismo contratado em 1934 pela Prefeitura de Campinas, junto ao escritório do arquiteto e urbanista Francisco Prestes Maia, de São Paulo. O propósito era reestruturar a região central, cujas ruas não eram mais adequadas à sociedade do automóvel em expansão.

Muitas modificações previstas no Plano de Melhoramentos Urbanos, ou Plano Prestes Maia, foram implantadas entre as décadas de 1940 e 1950. Algumas ações derivadas do Plano foram polêmicas, incluindo derrubada da Igreja do Rosário e outros prédios para a ampliação da avenida Francisco Glicério. Entre 1938 e 1945, Prestes Maia foi prefeito nomeado de São Paulo, onde também executou várias reformas urbanas.

Obras na Glicério começarão em 15 de janeiro de 2015, segundo secretários municipais informaram na audiência pública

Obras na Glicério começarão em 15 de janeiro de 2015, segundo secretários municipais informaram na audiência pública

Sobre José Pedro Soares Martins

13 comentários

  1. Depois de ver as árvores de Campinas sendo podadas mutiladas nas principais ruas, muito me admira saber que AGORA vão começar a aterrar a fiação. Precisamos de árvores nessa cidade e não de tocos mutilados deformando e matando as coitadas que nos dão vida e nos enchem os olhos.

  2. Apenas uma correção de conteúdo histórico: Plano Prestes Maia não. Plano de Melhoramentos Urbanos. O famoso urbanista, apesar de contratado pela Prefeitura, ainda na década de 1930, não foi quem assinou e concretizou a intervenção do período como a reportagem faz crer. Prestes Maia fez apenas o projeto inicial do Plano, abandonando-o antes mesmo que o mesmo entrasse em vigor no final da década de 1930.

  3. Campinas era pra ser exemplo de cidade há muito tempo se não estivesse na mão de bandidos travestidos de homens de bem. A cidade está abandonada, completamente suja. O povo, que trata o voto como algo qualquer está pagando o preço de colocar no poder gente que defende os interesses dos ricos.

  4. Espero mesmo que isso aconteça! Faz mais de 40 anos que os moradores e empresários do bairro Parque Rural Fazenda Santa Cândida praticamente implora por asfalto, luz, esgoto, e nada foi feito! Quando vamos em reuniões com os vereadores, somos surpreendidos com a resposta “nem estávamos sabendo disso.” HÁ QUARENTA ANOS RECLAMANDO! E no fim das contas quem paga pra fazer as coisas somos nós mesmos porque se depender da Prefeitura, a gente não sai da estaca ZERO!!!

  5. Despejar?

    Só não esqueça que ainda são pessoas e não lixo a ser descartado!

  6. Na Glicério, de um lado faixa pra ônibus, do outro aumento da calçada e uma ciclovia. Bacana. Mas e os carros? É uma das avenidas mais movimentadas da cidade. Sem falar que da Orozimbo Maia até a Aquidabã tem uns 6 (seis) semáforos.

    • Os carros sao os maiores responsaveis por esse caos no transito. A ideia é que eles passem a ocupar papel menos importante no transporte diario e se incentive o uso transporte publico e bicicletas. O projeto ta caminhando na direçao correta, só precisa sair do papel!

  7. Ciclovia em Campinas? Preparem os hospitais pois vai aumentar o numero de acidentados e mutilados. Não vi uma linha sequer sobre o que realmente precisa: viadutos e túneis, como foi feito em São Paulo.

    • Luiz Eduardo

      ISSO VOVÓ… precisamos de mais carros e mais caminhões… Bicicletas só matam e mutilam pensamentos.

      TA SERTO!!!!!

    • Acho que o que ela quis dizer é que não adianta só fazer ciclovia e calçadas longas, vai demorar vários anos (ou décadas) para que troquemos nossos carros por bicicletas ou longas caminhadas, nesse meio tempo, viadutos e tuneis fariam com que ganhássemos mobilidade e qualidade de vida. Mas nada impede que ao mesmo tempo incentivemos o uso de bikes.

  8. Luiz Fernando Perez

    Penso que o correto seria dizer “enterramento da rede elétrica”, pois aterramento é outra coisa.

  9. Matheus Pereira

    Finalmente uma revitalização nessa nossa querida e abandonada Campinas. Só não se esqueçam da segurança. Nosso centro é perigoso de dia e sinistro à noite.

  10. Só eu eu vendo a Glicério nova .
    Pra dizer se vai ficar bom.
    Pq só penso em congestionamento e buzinões.

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