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Matriz energética brasileira ficou mais “suja” em 40 anos, mas é mais “limpa” que média global
Relatório destaca a alta vulnerabilidade do setor de eletricidade no Brasil, pela grande dependência de fontes hídricas (Foto Adriano Rosa)

Matriz energética brasileira ficou mais “suja” em 40 anos, mas é mais “limpa” que média global

Desde 1973, o ano do choque do petróleo que abalou a economia mundial, a matriz energética brasileira se tornou mais “suja”, com maior presença de combustíveis fósseis. Ainda assim, depois de quatro décadas a matriz energética do Brasil é quatro vezes mais “limpa” do que a média mundial. Os dados estão no relatório Energia no Mundo – Matrizes Energéticas – Matrizes Elétricas 2012-2013, que acaba de ser publicado pelo Ministério das Minas e Energia (MME).

Segundo o documento, o conjunto de energias renováveis (hidráulica e outras) somou 41% da matriz energética em 2013, contra 50,9% em 1973. Nesse período a matriz energética ficou, portanto, mais “suja”, pelo aumento da presença de combustíveis fósseis, e principalmente do gás, que ampliou sua proporção de 0,4% para 12,8%, e do carvão, com crescimento de 3,1% para 5,6%.

A participação do óleo diminuiu de 45,6% para 39,3% e nesse período foi adicionada a energia nuclear, que hoje representa 1,3% da matriz energética. Além dos 12,5% da energia hidráulica na matriz energética em 2013, o grupo das renováveis somou os 16,1% de produtos da cana, 8,3% de lenha e carvão e 4,2% de biodiesel e outros.

Já a matriz energética mundial era composta por 13,5% de renováveis em 2012, somando-se os 2,4% de energia hidráulica e 11,1% de outras (solar, eólica e outras). Nesse sentido houve pouca mudança em quatro décadas, pois em 1973 as renováveis somavam 12,5% da matriz energética mundial. O maior incremento em quatro décadas foi de uso do gás, de 16,0% em 1973 para 21,3% em 2012, e do carvão, de 24,6% para 29,0% no mesmo período. Houve queda de 46,1% para 31,5% na participação de óleo na matriz energética mundial, enquanto foi observado um aumento de cinco vezes do uso da energia nuclear, de 0,9% em 1973 para 4,8% em 2012.

Em termos de geração de eletricidade no Brasil, 70.7% da energia produzida em 2013 eram derivados de fontes hidráulicas, contra 89,4% em 1973. Outras fontes alternativas representaram 9,6% da geração de eletricidade no país em 2013, contra 1,7% em 1973. Nesse sentido, houve uma queda no período, em termos de presença de renováveis na geração de eletricidade, de 91,1% em 1973 para 78,4% em 2013.

Considerando a geração de eletricidade no mundo, 20,9% foram derivados de energias renováveis em 2012, contra 21,6% em 1973. Houve uma expressiva queda da participação do óleo na geração da eletricidade mundial, de 24,6% para 5,0% entre 1973 e 2012, mas um substancial incremento no uso de outros combustíveis fósseis, como no carvão (38,3% para 40,4%) e principalmente gás (12,2% para 22,5%). A energia nuclear cresceu de 3,3% para 10,9% em participação na geração de eletricidade mundial.

Sobre José Pedro Soares Martins

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