Por José Pedro Martins
No último dia 24 de junho, data em que o Brasil costuma lembrar com muita vibração o Dia de São João, o The Royal Palm Plaza, em Campinas, sediou o Fórum Brasil-Portugal de Sustentabilidade. O evento, realizado no contexto da presença na cidade das delegações portuguesa e nigeriana para a Copa de 2014 da FIFA, foi promovido pelo Instituto Brasileiro de Administração Pública (IBAP), com o propósito de discutir possibilidades de cooperação entre os dois países nas áreas cultural, educacional e da sustentabilidade, com foco em ações em Campinas e região metropolitana. O velejador e economista Amyr Klink participou do Fórum como conferencista.
Durante o encontro foi anunciado o acordo entre o núcleo regional Campinas do Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB), a Universidade de Aveiro, de Portugal, a Prefeitura de Campinas e a PUC-Campinas, estipulando a cooperação técnica, científica e cultural, direcionada para a revigoração do Centro de Campinas. “Falamos em revigoração e não revitalização, porque o Centro de Campinas tem muita vida”, faz questão de esclarecer o presidente do núcleo regional Campinas do IAB, Alan Cury. Foi o IAB-Campinas, por meio de sua Diretora de Patrimônio Histórico, Maria Rita Amoroso, que articulou o acordo, que abre novas perspectivas para o Centro vivo da cidade.
Alan Cury afirma que, em sua opinião, o Centro de Campinas vem passando por um processo gradativo de abandono, “o que leva à necessidade de uma série de ações efetivas, apontando para a sua revigoração”. Por este motivo, considera que o acordo com a instituição portuguesa pode abrir um momento novo para a região central da cidade.
“A Universidade de Aveiro tem uma importante contribuição em termos de preservação do patrimônio histórico, o que Portugal faz muito bem. Ela poderá então fornecer muito auxílio em termos de tecnologia, de instrumentos, laboratórios e pessoal especializado, para contribuir com ações muito positivas no Centro de Campinas”, observa o arquiteto.
Outro ponto positivo desse acordo de cooperação, assinala Alan Cury, é o fato de que, através dele, projetos de Campinas poderão vir a ser credenciados para receber recursos da União Europeia. Um acordo oficial com instituição europeia, no caso uma universidade portuguesa, abriria as portas para esse tipo de repasse de recursos.
Na esfera da Prefeitura de Campinas, o diálogo está sendo mantido com as secretarias municipais de Cultura, de Desenvolvimento Econômico, Social e de Turismo e do Verde, Meio Ambiente e do Desenvolvimento Sustentável. O desafio agora, segundo Alan Cury, será a elaboração de um amplo e detalhado diagnóstico do patrimônio histórico de Campinas, de modo a subsidiar a elaboração de projetos direcionados para a sua restauração e preservação. “Campinas tem uma lição de casa para fazer”, diz ele.
O presidente do núcleo regional Campinas do IAB destaca que o Instituto tem, entre suas atribuições estatutárias, a de promoção da cultura e do desenvolvimento, o que justifica o seu esforço pelo acordo de cooperação com a Universidade de Aveiro e parceiros em Campinas. “A restauração e a preservação do patrimônio arquitetônico e histórico é fundamental para a cultura e para o desenvolvimento local. Cremos que foi dado um importante passo para que seja escrita nova página na história do Centro de Campinas”, ele completa.
A Universidade de Aveiro é uma instituição nova. Foi criada em 1973, pouco antes portanto da Revolução dos Cravos de abril de 1974, mas já alcançou importante projeção internacional, pela sua atuação como polo tecnológico que investe em inovação e pesquisa. O seu campus é considerado um dos principais conjuntos da arquitetura contemporânea portuguesa. A equipe que projetou os edifícios foi coordenada por Nuno Portas, um dos mais importantes arquitetos portugueses, ligado à chamada Escola do Porto e que, na realidade, promoveu uma revisão do plano original do campus. O campus é considerado um modelo de integração da Universidade à cidade e de superação da fragmentação característica das cidades modernas. Fragmentação que é um dos elementos responsáveis pela degradação do Centro de Campinas.
Faço votos que essa iniciativa saia da papel. Campinas precisa urgentemente acordar para uma nova realidade, e retomar seu protagonismo cultural, econômico e urbanístico no cenário nacional.
Esta é a ideia!