A divulgação na noite desta sexta-feira, 6 de março, da lista de políticos supostamente envolvidos na Operação Lava Jato vai incrementar o momento de turbulência política no Brasil e pode alimentar a manifestação prevista para o dia 15 de março, pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff. Esta é a opinião do analista político Antônio Augusto de Queiroz, diretor de Documentação do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (DIAP). A lista com pedido de abertura de inquérito foi encaminhada na terça-feira, dia 3, pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ao Supremo Tribunal Federal (STF) e hoje o ministro Teori Zavascki autorizou esse procedimento, que envolve deputados, senadores, ex-ministros e líderes de cinco partidos: PT, PSDB, PMDB, PP e PSB.
O analista Antônio Augusto de Queiroz esclarece ser contrário ao pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Entretanto, acredita que a divulgação da lista encaminhada pelo procurador-geral Janot ao STF, na véspera do ato marcado para o dia 15 de março, pode ajudar a “engrossar essa manifestação”.
Para o diretor do DIAP, a sociedade brasileira “está muito indignada, pois foi às ruas em 2013 para pedir a melhoria da qualidade dos serviços públicos e um basta na corrupção e, agora, vê que nada do que pediu se materializou, pelo contrário, os serviços públicos não melhoraram por falta de investimento”. Com a divulgação da lista, a manifestação do dia 15 pode ser alimentada “com o pedido de cassação dos parlamentares envolvidos”, acredita Queiroz. De qualquer maneira, a manifestação tende a ser um termômetro da percepção da sociedade com relação ao atual cenário.
O DIAP é o órgão que acompanha há 30 anos a tramitação de matérias de interesse dos trabalhadores no Congresso Nacional. O analista político Antônio Augusto de Queiroz acompanha quase diariamente a movimentação na Câmara dos Deputados e Senado Federal.
Ele comentou a possibilidade de, a partir da divulgação da lista de Janot, ser solicitada a abertura de processo nas duas casas do Congresso por quebra de decoro parlamentar em relação aos deputados e senadores envolvidos. Queiroz nota que, se esse pedido for feito por partidos políticos, a matéria é encaminhada diretamente ao Conselho de Ética. Entretanto, se o pedido de abertura de processos por quebra de decoro parlamentar for feito individualmente por parlamentares, o presidente da casa, por exemplo Eduardo Cunha, da Câmara, tem a prerrogativa de recomendar o arquivamento à Corregedoria. De qualquer modo, Queiroz entende que esses eventuais pedidos de quebra de decoro “vão movimentar bastante o Congresso nos próximos dias”.
Um ponto que pode ser positivo, derivado do ambiente de tensão política, pode ser a eventual apreciação pelo Parlamento de projetos “alterando a legislação, de modo que sejam evitadas situações que possam permitir esquemas de corrupção”, acredita o analista do DIAP. Por outro lado, ele nota que deve haver impacto da divulgação da lista no ambiente econômico, que também está tenso.