Na noite do último sábado, 8 de agosto, e nesta terça-feira, dia 11, dois incêndios, o primeiro no Parque Estadual Serra do Rola Moça e o segundo na Serra da Calçada, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (MG) foram debelados pelos bombeiros do Batalhão Especializado em Emergências Ambientais (Bemad), instalado no parque desde o ano passado. A atuação foi elogiada pela Associação Mineira de Defesa do Meio Ambiente (Amda), que renovou, entretanto, o alerta para a melhoria das condições de trabalho dos bombeiros e proteção em geral dos parques estaduais. O Rola Moça já havia sido atingido por grande incêndio em outubro de 2014.
O biólogo Francisco Mourão Vasconcelos, coordenador da brigada voluntária da Amda, participou do combate e ficou impressionado com a valentia e determinação dos bombeiros: “A atuação deles foi de ‘tirar o chapéu’. Tanto pela rapidez de resposta, quanto pela eficiência no combate. Chegaram a combater fogo em locais íngremes, com apoio de equipamentos de escalada. A criação do Bemad em 2014, com profissionais especializados no combate a incêndios florestais, foi sem dúvida um grande passo no avanço da estrutura do estado na proteção de ambientes naturais em Minas”, disse.
Mas, segundo Mourão, a situação é preocupante devido a carências diversas por que passa o Bemad. Faltam equipamentos diversos, como caminhões moto bombas e camionetes para transporte das equipes e dos materiais de combate. O único caminhão moto bomba disponível está parado há quatro meses, em manutenção. Trata-se de equipamento fundamental para combate a incêndios de maiores proporções, como o que aconteceu no dia 12 de outubro de 2014. O fogo saltou a rodovia que atravessa o parque e queimou extensa área. Devido à altura das chamas, somente jatos d´água pressurizados impediria isto. A Copasa, que é também responsável pela proteção do Rola Moça por possuir diversas captações no mesmo, tem um único caminhão que estava quebrado.
“Corremos o mesmo risco este ano. Quando as chamas ficam muito altas, os brigadistas não conseguem combater ‘corpo a corpo’ se não tiverem apoio de caminhões moto bombas. Nesses momentos não adianta apostar no heroísmo dos brigadistas. É preciso tecnologia”, afirmou a superintendente da Amda, Dalce Ricas.
A situação do Bemad ilustra as deficiências do PrevIncêndio. Há meses os bombeiros esperam por conserto de 30 bombas costais, equipamento também fundamental no combate em locais inacessíveis a veículos.
Na última reunião do Conselho Estadual de Política Ambiental (Copam), ocorrida em 15 de julho, os conselheiros aprovaram proposta da Amda para realização de reunião com o Secretário de Planejamento do Estado, visando discutir a destinação das taxas de incêndio e fiscalização minerária cobradas pelo governo. Segundo informações da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Semad), 72% dos recursos da última são desviados para a Secretaria da Fazenda, 18% para a PMMG e somente 8% são destinados à Semad. A taxa de fiscalização minerária foi instituída pelo governo anterior, mas o desvio dos recursos continua sendo mantido pelo atual.
A Amda enviou correspondência ao Secretário de Meio Ambiente Sávio Souza Cruz, ao comando do Corpo de Bombeiros e à Copasa, solicitando informações a respeito dos caminhões e outros equipamentos de combate a incêndios no Vetor Sul da capital.