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Setor privado brasileiro contribui com Objetivos de Desenvolvimento Sustentável
Base do Projeto Tamar em Ubatuba é estratégica para a proteção das tartarugas marinhas e educação ambiental (Foto José Pedro Martins)

Setor privado brasileiro contribui com Objetivos de Desenvolvimento Sustentável

Por José Pedro S.Martins

Campinas, 29 de maio de 2018

A CPFL Renováveis opera uma usina solar fotovoltaica em Campinas (SP) e mantém várias usinas de energia eólica no Rio Grande do Norte e Ceará, o Bradesco desenvolve um dos maiores programas de formação técnica profissional do país, a Coca-Cola anuncia enorme investimento em uma iniciativa global de destinação correta de resíduos, a farmacêutica MSD dá suporte a uma expressiva mobilização também em Campinas em defesa do rio Atibaia, principal manancial de abastecimento de água da cidade. Estas são algumas das ações que empresas brasileiras, ou subsidiárias nacionais de grupos estrangeiros, estão implementando como contribuição para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), um esforço planetário de combate à fome e à pobreza, redução de desigualdades e preservação dos recursos naturais, com um conjunto de metas até 2030.

Muitas empresas brasileiras estão contribuindo de forma individual com os ODS, mas há também as organizações que atuam de forma articulada, como parte de iniciativas mais abrangentes. É o caso por exemplo do ramo de seguros, envolvido com a ação denominada Princípios para Sustentabilidade em Seguros (PSI). Os PSI são resultado de uma ação desenvolvida no âmbito da Iniciativa Financeira do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (UNEP FI), que entre 2006 e 2009 realizou uma série de estudos visando identificar os riscos e oportunidades para o setor de seguros, ligados à integração das questões ambientais, sociais e de governança (ASG).

Entre 2009 e 2011 os estudos foram aprofundados e muito discutidos entre os componentes da UNEP FI e em 19 de junho de 2012 os PSI foram então lançados, no momento de realização, no Rio de Janeiro, do 48º Seminário Anual da International Insurance Society e da Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável (Rio+20). Foi na Rio+20 que a comunidade internacional aprovou a implementação, até 2030, dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), como sucedâneos dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, que vigoraram entre 2000 e 2015.

O propósito central dos PSI é direcionar e fomentar o engajamento da indústria global de seguros no território da sustentabilidade, considerando a própria inclinação do segmento à gestão de riscos e a necessidade de enfrentamento dos desafios contemporâneos, de alcance global, como as mudanças climáticas mas também outros. Os PSI foram imediatamente aceitos pelo segmento, inclusive por terem nascido no contexto da UNEP FI, maior articulação do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente com a área empresarial (site de PSI/UNEP FI, aqui).

Não demorou para a indústria de seguros no Brasil se sensibilizar pelas diretrizes indicadas nos PSI e o país se tornou aquele com maior número de empresas do segmento signatárias dos Princípios para Sustentabilidade em Seguros. São 57 companhias signatárias em todo mundo, sendo 11 do Brasil: Bradesco Seguros, Brasilcap, Caixa Seguradora, Grupo Segurador Banco do Brasil e MAPFRE, Itaú Seguros, Liberty Seguros, Mongeral AEGON, Porto Seguro, Seguradora Líder, SulAmerica e Terra Brasis Resseguros. O segundo país com maior número de seguradoras signatárias dos PSI é a Holanda, com seis empresas.

Duas instituições brasileiras também assinaram os PSI e, portanto, passaram a difundir os princípios nos seus perímetros de atuação: a Superintendência de Seguros Privados (SUSEP) e a Confederação Nacional das Empresas de Seguros Gerais, Previdência Privada e Vida, Saúde Suplementar e Capitalização (CNseg), associação civil, com atuação em todo o território nacional, que reúne as Federações representativas das empresas dos respectivos segmentos. O Brasil tem três representantes no board de 14 membros da Iniciativa PSI: Rodolfo Ern (Bradesco Seguros), Fatima Lima (Grupo Segurador Banco do Brasil e MAPFRE) e Tomas Carmona (SulAmérica).

Diretrizes para empresas – “Por sua capacidade de investimento e espírito inovador, o setor empresarial prestará uma contribuição imprescindível para o cumprimento dos ODS num espaço de tempo de 14 anos – de 2016 a 2030″, afirmam André Oliveira (da Rede Brasileira do Pacto Global da ONU), Glaucia Terreo (da Global Reporting Initiative – GRI) e Marina Grossi (presidente do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável – CEBDS), na apresentação do documento “SDG Compass – Diretrizes para implementação dos ODS na estratégia dos negócios”, divulgado no final de 2017, na Conferência Ethos 360º São Paulo, do Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social.

O documento indica várias ações, em diferentes setores e âmbitos de governança, que facilitam a contribuição das empresas com a Agenda 2030. “Na verdade, as empresas já detêm um amplo conhecimento de tecnologias e de processo inovadores de gestão para viabilizar uma economia sustentável. Exemplos não faltam. Contudo, com a implementação das metas dos ODS, que vão estimular uma maior parceria com as instituições governamentais e sociais, esse know how empresarial será extremamente valioso e determinante para dar escala às boas práticas”, afirmam os responsáveis pelo relatório (que pode ser lido aqui).

O relatório cita cinco passos para a efetiva contribuição da empresa para os ODS: 1 – Entendendo os ODS (O que são os ODS? Entendendo o business case. Internalizando os ODS nas empresas); 2. Definindo prioridades (Mapear a cadeia de valor para identificar áreas de impacto. Selecionar indicadores e coletar dados. Definir prioridades); 3. Estabelecendo metas (Definir o escopo das metas e selecionar KPIs. Definir linha de base e selecionar tipos de metas. Estabelecer o nível de ambição. Anunciar o compromisso com os ODS); 4. Integração (Ancorando desenvolvimento sustentável nos negócios. Incorporar a sustentabilidade em todas as funções da empresa. Engajamento com parcerias); 5. Relato e comunicação (Relato e comunicação efetivos da contribuição das empresas para os ODS. Alinhar o relato e a comunicação com os ODS).

Um balanço da atuação das empresas brasileiras a respeito dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável confirma que muitos componentes do setor privado, após longo processo interno de debates e ajustes, passaram a dar grande atenção aos princípios e metas que regem a Agenda 2030, e não apenas ao grande desafio que já é continuar produzindo riquezas, empregos e renda no país:

Cooperativa Antonio da Costa Santos, durante o processo de reestruturação (Foto José Pedro S.Martins)

Cooperativa Antonio da Costa Santos, durante o processo de reestruturação (Foto José Pedro S.Martins)

ODS 1 – Acabar com a pobreza em todas as suas formas, em todos os lugares – Na origem o espaço hoje ocupado pela Cooperativa de Recicláveis “Antônio da Costa Santos”, em Campinas, era um barracão destinado à criação de porcos. Em 2001, como resultado da participação em oficina de cooperativismo promovida pela Cáritas, um grupo de trabalhadores decidiu atuar na área de recicláveis. Começo duro, as mulheres trabalhavam no chão, separando os materiais em uma tábua. O grupo não desistiu e acabou chamando a atenção dos poderes públicos, inclusive o prefeito eleito em 2000, Antônio da Costa Santos. O prefeito deu apoio mas acabou não presenciando a inauguração da cooperativa, pois foi assassinado a 10 de setembro de 2001. A sua sucessora, Izalene Tiene, manteve o apoio e a cooperativa começou a crescer.

A metamorfose completa se deu, entretanto, com o apoio, a partir de 2012, do Instituto Arcor Brasil à cooperativa, como parte do PorAmérica – Programa Fortalecimento de Organizações de Base para Combater a Pobreza. O Programa foi uma iniciativa da RedEAmérica, uma aliança hemisférica de institutos e fundações de investimento social privado, sediada em Bogotá, na Colômbia, e que tem um núcleo cada vez mais forte no Brasil. O PorAmérica durou até 2015, com o apoio a vários projetos em quatro estados e o envolvimento, além do Instituto Arcor Brasil, da Fundação Aperam Acesita, Fundação Otacílio Coser, Instituto Holcim, Instituto de Cidadania Empresarial, Instituto Indusval & Partners  e Instituto Walmart.

O Instituto Arcor Brasil, organização que executa o investimento social privado do Grupo Arcor no país, deu apoio ao projeto “Construindo sonhos através dos recicláveis”, da Cooperativa de Produção dos Profissionais em Coleta, Manuseio e Comercialização de Materiais Recicláveis e Reutilizáveis “Antônio da Costa Santos”, localizada no Jardim Satélite Íris, em Campinas (SP). Depois de dois anos, a Cooperativa passou por completa reformulação em sua estrutura física e organizacional, repercutindo na sensível melhora das condições de vida dos trabalhadores, que tiveram a renda aumentada.

Uma das ações viabilizadas foi a implantação de uma política de qualidade, resultado da série de oficinas ministradas pelo Prof Dr. Robisom Calado, da PUC-Campinas, parceira do Centro de Referência em Cooperativismo e Associativismo (CRCA) e do Instituto Arcor Brasil no apoio ao projeto. As oficinas trataram de temas relacionados diretamente ao processo de qualificação da Cooperativa: Solidariedade, Humanização, Valor da cooperação, Política de Qualidade, Ferramenta 5S, Ferramenta Kaizen, Segurança, Produtividade e Melhoria Contínua. Foi utilizada uma metodologia concebida para que os cooperados compreendessem as situações e explicações de forma simples e clara, e que pudessem participar ativamente, apontando desafios e ajudando a identificar melhorias.

“Foi uma grande mudança, deu uma reviravolta, com a reforma do refeitório e banheiro, entre outras obras, e hoje temos todo o trabalho mais organizado”, comenta Aparecida de Fátima Assis, a  Dona Cida, atual presidente da Cooperativa “Antônio da Costa Santos”. O primeiro presidente, Valdecir Aparecido Viana, se emociona ao lembrar toda a trajetória, desde o início em que  as famílias envolvidas na criação da organização “não tinham óleo para cozinhar a batata ou outro alimento que tinham recebido” de um programa municipal de alimentação. A transformação aconteceu, com o importante respaldo do setor privado, em especial do Grupo Arcor, de matriz argentina e que tem cinco plantas no Brasil em Rio das Pedras, Campinas e Bragança Paulista, no interior de São Paulo, em Contagem (MG) e Ipojuca (PE).

ODS 2 – Acabar com a fome, alcançar a segurança alimentar e melhoria da nutrição e promover a agricultura sustentável – O mesmo Instituto Arcor Brasil, e como parte de outra iniciativa do Bloco Brasil da RedEAmérica, o Fundo Comunidade em Rede, deu apoio entre 2015 e 2017 ao Projeto Maré Alta, envolvendo moradores de comunidades dos bairros Cambury e Picinguaba, em Ubatuba, no Litoral Norte de São Paulo. O Fundo tinha o propósito de fortalecer organizações comunitárias. Uma das ações do Projeto Maré Alta foi batizada de Culinária Social, contemplando a capacitação das mulheres do Cambury em ações para promover a redução do desperdício, o consumo consciente, a proteção do meio ambiente e novas práticas alimentares. As oficinas foram coordenadas pela bióloga Jane Fernandes, que tem formação em Nutrição e Dietética. Durante anos ela trabalhou no Projeto Tamar em Ubatuba. “Não foram oficinas de culinária, de elaboração de receitas, mas algo mais amplo. O propósito era que as participantes cuidassem de todo o ciclo envolvido, desde o plantio e a colheita até a destinação final, evitando-se o descarte inadequado de resíduos”, diz a bióloga.

Um marco para as mulheres da comunidade caiçara foi o dia 16 de dezembro de 2017. Nessa data, moradoras no Cambury, como Maria Aparecida Santos, Day Santos e Juçara Soares, estavam especialmente animadas na apresentação dos produtos que elas mesmas confeccionaram, em função da proposta de Gastronomia Social do Projeto Maré Alta. A partir das oficinas conduzidas pela bióloga Jane Fernandes, o grupo passou a utilizar a gastronomia local como plataforma de transformação de projetos de vida, pela mudança nos hábitos alimentares ou pelo protagonismo na geração de renda na comunidade caiçara. “Priorizamos orgânicos, valorizamos o produtor local, suas raízes na gastronomia e os alimentos do nosso entorno”, explica Jane Fernandes, que coordenou as ações para um grupo formado por 14 mulheres no total. Geleia de pimenta e Cambuci, caponata de casaca de banana e biopão (pão de biomassa de banana verde) foram os produtos disponibilizados para degustação no dia 16 de dezembro. O saboroso cardápio de transformação social.

ODS 3 – Assegurar uma vida saudável e promover o bem estar para todos, em todas as idades – Um exemplo prático nesta área é o Programa Saúde Toda Vida, realizado pela Unimed Campinas, líder em saúde suplementar na região de Campinas (SP), com mais de 700 mil vidas em sua carteira de clientes. O Programa foi criado ainda em 1999 e a cada ano busca oferecer mais atividades para atingir o objetivo de promover a qualidade de vida na população com mais de 55 anos, sendo clientes ou não da operadora.

Geralda Diogo, 95 anos. em atividade no Programa Saúde Toda Vida da Unimed Campinas (Foto José Pedro S.Martins)

Geralda Diogo, 95 anos. em atividade no Programa Saúde Toda Vida da Unimed Campinas (Foto José Pedro S.Martins)

A iniciativa atende a pessoas como Geralda Diogo, 95 anos, desde os 65 aposentada como faxineira autônoma. Ela chegou ao Programa Saúde Toda Vida através de uma amiga de outro programa para Terceira Idade, na unidade local do SESC, e diz que não perde nenhum dia de atividade. “Não perco por nada. Em primeiro lugar está Deus e depois é aqui, que é muito empolgante. Eu canto, danço e me divirto com os amigos”, relata Geralda, que recentemente foi eleita como a Rainha da Primavera do Programa.

O Saúde Toda Vida também representou uma mudança completa para Natalino Jesus Borges, 82 anos. Ele passou a frequentar as muitas oficinas oferecidas pelo Programa, em ginástica, reeducação alimentar e outras, após o falecimento de sua esposa, com quem foi casado por 57 anos. “Eu fiquei muito triste, sofri muito. Agora faço ginástica três vezes por semana, assisto as palestras, é tudo muito bom. E as assistentes sociais são muito bacanas”, define Natalino, conhecido por declamar poesias durante a programação, desenvolvida no Fonte São Paulo, um conhecido clube local.

Natalino Jesus Borges, 82 anos: outra vida depois de se integrar à iniciativa da Unimed Campinas (Foto José Pedro S.Martins)

Natalino Jesus Borges, 82 anos: outra vida depois de se integrar à iniciativa da Unimed Campinas (Foto José Pedro S.Martins)

Outra usuária do Programa é Maria Ofelia de Perez Alemani. Nascida perto de Córdoba, na Argentina, há 45 anos mora em Campinas, para onde o marido foi transferido quando ainda trabalhava em uma fábrica de autopeças. Ela confessa que descobriu o Programa Saúde Toda Vida quase por acaso, mas foi empatia imediata. “Os profissionais que atuam aqui são altamente qualificados, sempre temos palestras interessantes”, cita Maria Ofelia, que segundo o testemunho dos colegas de Programa é “uma ótima atriz” nas peças que o grupo prepara.

“Coral, teatro, ginástica, palestras, educação alimentar, reforço educacional, artesanato, cinema e dança são algumas das atividades que o programa oferece, além de uma oficina da memória, sempre visando um envelhecimento ativo”, afirma a assistente social Aline Mariana Freire Carrasco, coordenadora do Programa Saúde Toda Vida. Ela explica que o Programa atende em média 250 pessoas por semana, em atividades diárias.

Luis Norberto Pascoal em evento sobre educação na Fundação FEAC (Foto Martinho Caires)

Luis Norberto Pascoal em evento sobre educação na Fundação FEAC (Foto Martinho Caires)

ODS 4 – Assegurar a educação inclusiva e equitativa de qualidade, e promover oportunidades de aprendizagem ao longo dos anos – Muitas empresas brasileiras, através de seus institutos e fundações ou de forma própria, estão investindo na melhoria da qualidade da educação oferecida no país. O Grupo DPaschoal, sediado em Campinas, mantém desde 1989 a Fundação Educar DPaschoal, que já promoveu a distribuição de milhões de livros paradidáticos e desenvolve várias iniciativas educativas, em protagonismo juvenil e outras áreas.
“A educação, a mais decisiva influência construtiva para a autorrealização de um ser humano, abre o caminho para a formação da identidade, para fazer o jovem tornar-se um ser humano pleno, aprendendo a ser, a conviver, a compreender-se e a aceitar o próximo”, afirma o empresário Luis Norberto Pascoal, fundador e presidente da Fundação Educar DPaschoal e um dos empresários mais envolvidos na melhoria da educação brasileira, tendo participado por exemplo da criação do movimento Todos pela Educação. A Fundação Lemann, por sua vez, criada em 2002 pelo empresário Jorge Paulo Lemann, oferece capacitação para a qualificação da gestão das escolas públicas, entre outras linhas de atuação.

ODS 5 – Alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas – Durante o Seminário de Riscos e Oportunidades Emergentes, realizado no último dia 20 de setembro de 2017, de forma paralela à 8ª CONSEGURO, no Rio de Janeiro, foi lançada a cartilha “Boas Práticas para Diversidade no Mercado Segurador”, produzida pela CNseg. O documento (aqui) informa que, entre as 30 empresas pesquisadas para o Relatório de Sustentabilidade do Setor de Seguros de 2016, 58% dos colaboradores eram mulheres. Entretanto, a participação feminina nos Conselhos de Administração e outros órgãos de governança é bem menor, indo de 40% na maior representação até 5% na menor. A cartilha elenca algumas propostas para que haja maior diversidade no cenário das seguradoras, inclusive em termos da representação feminina: 1. Buscar o apoio da alta administração; 2. Criar uma rede de apoio;  3. Elaborar política de apoio à diversidade e inclusão; 4. Promover a atenção ao viés inconsciente; 5. Desenvolver indicadores para a diversidade; 6.Redefinir as direções e objetivos; 7. Divulgar a diversidade; 8. Reconhecer as ações de diversidade; 9.Elaborar pilares de diversidade; e 10.Não desistir!

Uma das edições do Reviva o Rio Atibaia, no distrito de Sousas, em Campinas (Foto Martinho Caires)

Uma das edições do Reviva o Rio Atibaia, no distrito de Sousas, em Campinas (Foto Martinho Caires)

ODS 6 – Assegurar a disponibilidade e gestão sustentável da água e saneamento para todos – Os dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS – ano base 2015) são claros e perturbadores: 34 milhões de brasileiros ainda não têm acesso a água tratada e mais de 100 milhões de cidadãos não têm coleta de esgotos no país, sendo que apenas 43% dos esgotos coletados são tratados. Os impactos são evidentes para a saúde pública: somente em 2013, foram registrados no Brasil 14,982 milhões de casos de afastamento do trabalho por diarreia ou vômito, dois indicadores do déficit de saneamento no país, de acordo com dados do Sistema Único de Saúde, incluídos no estudo “Benefícios Econômicos e Sociais da Expansão do Saneamento no Brasil” (aqui), de 2017, do Instituto Trata Brasil. O mesmo estudo mostrou que apenas em 2013 foram computadas pelo SUS 391 mil hospitalizações por internações relacionadas a doenças gastrointestinais infecciosas, outro indicador do gap no saneamento.

Pois chamar a atenção da sociedade em geral e sobretudo do poder público para os desafios em tratamento de esgotos e outras fontes de poluição do principal manancial de abastecimento de água de uma das mais importantes, populosas e ricas regiões do Brasil é um dos objetivos do movimento Reviva o Rio Atibaia, realizado há 20 anos no distrito de Sousas, em Campinas. A iniciativa é de duas organizações da sociedade civil, Associação de Remo de Sousas e Jaguatibaia Associação de Proteção Ambiental, em parceria com a farmacêutica MSD, que tem uma planta no distrito de Sousas.

Rio Atibaia seco em janeiro de 2015: alerta em uma das regiões mais ricas do Brasil, pelo impacto das mudanças climáticas (Foto Adriano Rosa)

Rio Atibaia seco em janeiro de 2015: alerta em uma das regiões mais ricas do Brasil, pelo impacto das mudanças climáticas (Foto Adriano Rosa)

Durante um domingo de manhã, no mês de outubro, os organizadores promovem várias atividades na Praça Beira Rio, principal referência urbanística em Sousas, distrito onde está localizada a estação de captação no rio Atibaia, responsável por 95% da água distribuída em Campinas. São exposições de fotos e trabalhos artísticos, ações em educação ambiental, música, dança e palestras. O ponto alto do Reviva o Rio Atibaia é a barqueata por trechos do curso d´água. Regularmente os ativistas recolhem lixo acumulado no rio e também “plantam” cruzes de madeira em seu leito, como um alerta sobre os riscos que os recursos hídricos estão sofrendo, particularmente nas áreas urbanizadas no Brasil. As advertências são mais do que propícias: em 2014 o rio Atibaia – assim como a maior parte dos recursos hídricos da Região Sudeste do Brasil – passou por uma grave seca. O abastecimento de água em Campinas e região ficou muito comprometido e várias cidades tiveram que fazer racionamento ou rodízio.

Os organizadores do Reviva o Rio Atibaia estão atentos e convictos da relevância da iniciativa para toda a Região Metropolitana de Campinas e bacias dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ). “A preservação dos recursos naturais, com base no desenvolvimento sustentável, merece a atenção da empresa em todas as comunidades onde está instalada no mundo. Nesse sentido, mais do que uma prioridade passageira, essa questão é um  Valor da Companhia.  A MSD orienta a condução de seus negócios de forma a proteger o meio ambiente e garantir a segurança e a saúde de seus colaboradores, comunidades e público em geral”, afirma o Plant Manager MSD, Juliano Pedroso.

O agrônomo José Carlos Perdigão, em distribuição de mudas de árvores nativas no Reviva o Rio Atibaia (Foto Martinho Caires)

O agrônomo José Carlos Perdigão, em distribuição de mudas de árvores nativas no Reviva o Rio Atibaia (Foto Martinho Caires)

O marco de 20 anos do Reviva o Rio Atibaia também é celebrado por um de seus organizadores, o engenheiro agrônomo José Carlos Perdigão, presidente da Associação Jaguatibaia. E ele informa que, neste momento de lembrança de duas décadas da iniciativa, o projeto inicia uma nova fase. A partir de pesquisas em andamento realizadas pela Jaguatibaia e parceiros como a EMBRAPA Meio Ambiente e a Unicamp, pela primeira vez haverá condições de “analisar dados obtidos em bases científicas, que nos auxiliarão na predição e prognóstico do real potencial de contribuição que existe nos mananciais da APA de Campinas para o rio Atibaia, vital para o abastecimento desta região”.

O resultado desse estudo científico, completa Perdigão, servirá como referência para a avaliação de quanto Campinas poderá ficar independente do Sistema Cantareira se fizer sua “lição de casa”, ou seja, se trabalhar incansavelmente para restaurar suas APPs por curso d’água, por declividade e de topos de morro, adequar as Reservas Legais das propriedades rurais à Legislação Ambiental Vigente e contar com a contribuição indispensável do poder público, em todos os níveis e de modo efetivo, na implantação de práticas conservacionistas em cada metro quadrado desta região.

Veículos elétricos usados pela CPFL (Foto Martinho Caires)

Veículos elétricos usados pela CPFL (Foto Martinho Caires)

ODS 7 – Assegurar o acesso confiável, sustentável, moderno e a preço acessível à energia para todos – Diretor de Sustentabilidade e Relações Institucionais da CPFL Energia, Rodolfo Nardez Sirol é convicto ao afirmar que uma das principais consequências que viu, da implantação de vários empreendimentos em energia eólica por parte do grupo no Rio Grande do Norte, foi a melhoria nas condições de vida da população local. Ao lado, é claro, da produção de uma das mais limpas fontes de energia. A CPFL Renováveis, outra empresa do Grupo, alcançou mais de 2 gigawatts e 1.308,6 MW são derivados de seus 45 projetos de energia eólica, 4 no Rio Grande do Sul, 12 no Ceará e 29 no Rio Grande do Norte.

A CPFL Renováveis também conta com 39 Pequenas Centrais Hidrelétricas (somando 423 MW), 8 projetos de energia termoelétrica de biomassa (somando 370 MW) e a usina de energia solar de Tanquinho, no município de Campinas, onde está a sede da empresa. Os projetos estão em 57 municípios de oito estados brasileiros.

Rodolfo Sirol: seleção para Índice de Sustentabilidade Empresarial é um dos claros sinais de compromisso da CPFL Energia com transição para economia de baixo carbono (Foto Martinho Caires)

Rodolfo Sirol: seleção para Índice de Sustentabilidade Empresarial é um dos claros sinais de compromisso da CPFL Energia com transição para economia de baixo carbono (Foto Martinho Caires)

O Programa de Veículos Elétricos é, por outro lado, outra contribuição da CPFL Energia para a transição até uma economia de baixo carbono. No âmbito do Programa, a empresa foi parceira da Edra na fabricação do veículo elétrico Aris, que tem mais de 90% de seus componentes recicláveis. A empresa ainda importou, a título de testes, veículos elétricos da norueguesa Th!nk e iniciou pesquisas em parceria com a Fiat e a Itaipu com o Palio Weekend elétrico. Outros veículos elétricos foram adquiridos para a frota e a CPFL Energia também instalou os primeiros postos de uma rede de recarga de energia para veículos elétricos, em Campinas e em postos da rede Graal.

Já existe, portanto, um robusto portfolio do Grupo CPFL em energia renovável, como contribuição para o lançamento das bases para uma economia de baixo carbono. O diretor de Sustentabilidade, Rodolfo Sirol, nota que um dos mais evidentes sinais do compromisso da empresa foi a sua seleção, no final de 2017, pelo décimo terceiro ano consecutivo, para compor o Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) da B3 (antiga BM&FBovespa), no período de 8 de janeiro de 2018 a 4 de janeiro de 2019. “Participar pelo décimo terceiro ano consecutivo do ISE é a consolidação de que a CPFL Energia é protagonista em sustentabilidade no setor elétrico brasileiro, integrando de forma efetiva o tema na tomada de decisão e contribuindo para a construção de uma visão de longo prazo voltada para a economia de baixo carbono”, diz o diretor, sintetizando o pensamento da empresa.

Caio Camargo, da GS&Up, destacou importância da inovação no 6º Fórum Regional do Varejo, em Campinas (Foto Adriano Rosa)

Caio Camargo, da GS&Up, destacou importância da inovação no 6º Fórum Regional do Varejo, em Campinas (Foto Adriano Rosa)

ODS 8 – Promover o crescimento econômico sustentado, inclusivo e sustentável, emprego pleno e produtivo e trabalho decente para todos – Empreendedorismo e inovação são palavras-chave para o setor produtivo, em termos de relação com o ODS 8, sobretudo no âmbito das micros, pequenas e médias empresas e em pleno avanço da revolução 4.0, marcada pela rapidez das mudanças tecnológicas. Um exemplo é o segmento do varejo, que também passa por profundas transformações. “Não é possível mais para o varejo atuar como antes, ficando à espera dos clientes. Os consumidores são hoje muito mais informados do que antes e querem interatividade, experiências ao adquirir um produto. Os varejistas devem estar atentos a todas as plataformas existentes onde seus potenciais clientes estão. Enfim, precisam inovar para continuar vendendo de forma sustentável”, afirmou Caio Camargo sócio-diretor da GS&Up, no 6º Fórum Regional do Varejo, realizado no dia 26 de abril, no Expo D.Pedro, em Campinas.

Matrix Industrial dos ODS, elaborada pelo Pacto Global da ONU e KPMG

Matrix Industrial dos ODS, elaborada pelo Pacto Global da ONU e KPMG

ODS 9 – Construir infra-estruturas resilientes, promover a industrialização inclusiva e sustentável e fomentar a inovação – É crescente e irreversível o movimento de adaptação das plantas industriais aos desafios da sustentabilidade e são vários os exemplos nesse sentido. Julio Pedroso, Plant Manager da MSD, que apoia o movimento socioambiental Reviva o Rio Atibaia, em Campinas, afirma que a empresa toma “ações e cuidados especiais para não impactar o meio ambiente no qual estamos inseridos” e salienta que o fato de que a planta de Campinas estar inserida em uma Área de Proteção Ambiental “aumenta ainda mais a nossa responsabilidade na minimização de qualquer impacto ambiental”. A planta da MSD está situada na Área de Proteção Ambiental de Campinas, que abrange os distritos de Sousas e Joaquim Egídio e vários bairros rurais do município. É uma área sensível e rica em termos ecológicos, possuindo a maior concentração de mata nativa remanescente em Campinas e a Estação de Captação de Água, que abastece mais de 90% do município.

Julio Pedroso nota que, dessa forma, no momento em que foram lembrados os 20 anos de participação e apoio ao Reviva o Rio Atibaia, a MSD também comemorou “o fechamento quase completo do circuito de tratamento de nossos efluentes industriais nesse site que durante 2018 irá atingir 95% de reutilização dos efluentes dentro da própria planta”.

O Pacto Global das Nações Unidas é um dos grandes indutores da incorporação dos ODS pelo setor produtivo, sobretudo na área industrial. De fato, com o objetivo de registrar exemplos de liderança específicos da indústria e ajudar a identificar oportunidades concretas para que as empresas avancem em relação aos ODS, criando valor para seus acionistas, o Pacto Global das Nações Unidas e a KPMG liderou o desenvolvimento de uma Matrix Industrial do ODS para sete segmentos: Serviços Financeiros; Alimentação, Bebida e Bens de Consumo; Saúde e Ciências da Vida; Indústria de Manufaturas; Transportes; Energia, Recursos Naturais e Químicos; e Oportunidades Climáticas (documentos da Matrix Industrial podem ser lidos aqui).

ODS 10 – Reduzir a desigualdade dentro dos países e entre eles – A América Latina é o continente com maior desigualdade social no planeta. A Comissão Econômica para a América Latina (Cepal), órgão das Nações Unidas, observou no relatório “Panorama Social de América Latina” (aqui) que entre 2008 e 2015 houve uma redução da desigualdade na distribuição de renda no continente, com maior ênfase entre 2008 e 2012. Entre 2013 e 2015 foram registradas variações de menor magnitude. No relatório, a Cepal defende que a desigualdade representa “um desafio chave para o desenvolvimento sustentável”.

Pois o combate à pobreza e à desigualdade, através da construção de comunidades sustentáveis, tem sido o foco da RedEAmérica, que promoveu o Programa PorAmérica. São 80 organizações de origem empresarial de 13 países que integram a RedEAmérica (site aqui). No Brasil são 10 organizações: Fundações Alphaville e Otacílio Coser, Institutos Arcor Brasil, BRF, Camargo Corrêa, Holcim Brasil, InterCement, Lina Galvani e Votorantim e Natura Cosméticos S.A.

A diretora executiva da RedEAmérica, Margareth Flórez, afirma que para a Rede “uma comunidade sustentável é aquela que constrói democraticamente seu território envolvendo a todos os atores e buscando um equilíbrio entre aspectos econômicos, ambientais, sociais, institucionais e humanos, com uma perspectiva de equidade a longo prazo”.

Nesta visão, acrescenta Flórez, as empresas, fundações e institutos assumem o papel de convocadores e facilitadores de espaços de diálogo para a colaboração. “A iniciativa privada orientada à promoção de comunidades sustentáveis contribui a articular os representantes do setor público, privado, social e comunitário; a facilitar o dialogo; a incentivar a participação da comunidade e dos atores do território na identificação dos problemas e soluções e na construção de uma visão compartilhada de desenvolvimento; a criar oportunidades para fortalecer as capacidades das organizações de base e estimular a inclusão dos cidadãos tradicionalmente excluídos nos assuntos públicos e convertê-los em protagonistas de seu destino”, completa a diretora executiva da RedEAmérica, que mantém, portanto, uma metodologia muito bem definida para a redução das desigualdades na América Latina, a partir da iniciativa privada. “Na RedEAmérica acreditamos que a principal contribuição da iniciativa privada está na sua forma de atuação e em colocar esta visão em prática. As temáticas de trabalho serão importantes para conseguir o desenvolvimento sustentável, mas serão escolhidas em cada contexto e com os atores de cada lugar”, conclui Margareth Flórez.

ODS 11 – Construir cidades inclusivas, seguras, resilientes e sustentáveis – O alto índice de acidentes de trânsito, com milhares de mortes anuais, é um dos principais indicadores de que ainda falta muito para o Brasil ter cidades seguras e sustentáveis. Esta é uma área de intensa atuação do setor de seguros.

Entre janeiro e setembro de 2017, de acordo com o Boletim Estatístico da Seguradora Líder – DPVAT (aqui), foram pagas 31.004 indenizações por morte em acidentes, representando 29% a mais do que as 24.123 indenizações pagas pelo  no mesmo período do ano passado. Também foram pagas 220.153 indenizações por invalidez permanente de janeiro a setembro de 2017, 14% a menos do que o mesmo período de 2016. E foram pagas ainda 48.823 indenizações por despesas médicas nos primeiros nove meses de 2017, 7% a mais do que as 41.024 indenizações em 2016. A motocicleta representou 74% das indenizações, mesmo somando 27% da frota nacional. São números eloquentes da violência no trânsito no país.

Mas há muitos outros aspectos a considerar para a construção de cidades resilientes no Brasil. Quem afirma é o próprio coordenador da Campanha “Construindo Cidades Resilientes” no país, Sidnei Furtado Fernandes. A Campanha do Escritório das Nações Unidas para a Redução do Risco de Desastres (UNISDR/ONU) está baseada em dez passos, ou compromissos, que os municípios precisam assumir, ao decidirem aderir à iniciativa. São medidas para garantir a resiliência e reconstrução após desastres, como treinamento de equipes, construção de planos de uso do solo, educação e sensibilização das comunidades, proteção dos ecossistemas e dos serviços essenciais (saúde, educação e saneamento) e diagnóstico dos riscos, entre outras. Em setembro de 2017, com a adesão de Casa Branca (SP), o Brasil chegou à milésima cidade na Campanha da UNISDR. É o país com maior número de cidades inscritas.

ODS 12 – Assegurar padrões de produção e consumo sustentáveis – Em janeiro de 2018, a Coca-Cola Brasil anunciou um investimento de R$ 1,6 bilhão para garantir o objetivo de recolher o equivalente a 100% das embalagens que coloca no mercado até 2030. Atualmente a Coca-Cola Brasil já garante a destinação correta para 51% das embalagens produzidas e trabalha para chegar a 66% até 2020. Em 2016, esse percentual era de 36%. Esse avanço, segundo a empresa, se deu graças ao aumento de participação de embalagens retornáveis, uso de resina reciclada para a confecção de novas garrafas (Bottle to Bottle) e apoio a mais de 200 cooperativas de reciclagem em todo o país.

“Os números mostram que temos trabalhado de forma consistente, o que nos dá confiança e estímulo para alcançarmos, aqui no Brasil, o objetivo de termos 100% das nossas embalagens destinadas corretamente em 2030. Temos que fazer isso porque é o certo e é o que as pessoas esperam de uma empresa líder como a nossa,” destacou o presidente da Coca-Cola Brasil, Henrique Braun, ao anunciar a meta.

As seguradoras brasileiras também estão implementando ações que contribuem para o cumprimento deste Objetivo de Desenvolvimento Sustentável.  Ainda em 2009, o Grupo Bradesco Seguros lançou o Programa de Auto Reciclagem, introduzindo no mercado segurador nacional a prática de reciclar peças resultantes de reparos de carros, caminhonetes, caminhões e motocicletas, danificados em acidentes com segurados e terceiros.

Por meio do programa, foram doadas para empresas de reciclagem, até junho de 2017, mais de 14 mil toneladas de peças recicláveis. Ivani Benazzi, gerente de relações institucionais e sustentabilidade do Grupo Bradesco Seguros, enfatiza que o Grupo  não recebe nenhuma renda da venda dessa sucata. “Todas as peças são doadas a empresas de reciclagem. O programa também gera renda para catadores, recicladores e para as próprias siderúrgicas e indústrias afins, que economizam energia ao receberem esses materiais já separados”, esclarece.

O mesmo Grupo Bradesco Seguros oferece o “Assistência Sustentável”, um serviço domiciliar de descarte ecológico correto de bens em desuso, como: móveis, colchões e equipamentos eletrodomésticos. Este serviço é destinado aos clientes do Residencial e, além disso, o segurado recebe dicas de economia de água e energia e reciclagem de lixo doméstico. “O processo é simples. Feito o agendamento da coleta, os bens são retirados e os materiais, desmontados para a separação das partes a serem reaproveitadas ou encaminhadas para descarte, no caso de material não reciclável. O serviço é oferecido na contratação ou renovação​ do ​produto ​Bradesco Seguro Residencial​, sem custo adicional”, comenta a gerente de relações institucionais e sustentabilidade do Grupo Bradesco Seguros, Ivani Beneazzi. Atualmente, a carteira do Grupo Segurador conta com mais de 1,5 milhão de residências seguradas. “Com o Assistência Sustentável, o segurado​ alia o conforto de ser atendido em casa à garantia de que os materiais descartados serão devidamente reciclados”, completa.

Centro Boldrini, de Campinas: referência internacional no combate e tratamento do câncer infantil (Foto Martinho Caires)

Centro Boldrini, de Campinas: referência internacional no combate e tratamento do câncer infantil (Foto Martinho Caires)

ODS 13 – Tomar medidas urgentes para combater a mudança do clima e seus impactos – Em apenas um gesto, a CPFL Energia uniu a contribuição com os ODS 3, 7 e 13, com a decisão de investir R$ 491 mil na instalação de uma usina de geração de energia fotovoltaica no Hospital Boldrini, em Campinas (SP). A usina usa 276 painéis solares para gerar energia limpa, consumida pelo hospital.

Uma iniciativa do Programa de Eficiência Energética (PEE), o projeto de geração solar fotovoltaica do Centro Infantil Boldrini contempla um sistema de painéis solares com uma capacidade instalada de 70 kWp, gerando em torno de 108 MWh/ano. Essa energia é suficiente, por exemplo, para abastecer por um ano 44 residências, com consumo mensal de 200 KWh. A iniciativa deve reduzir em aproximadamente 10% o valor da conta de consumo de energia do hospital.

A energia gerada pela usina contribuirá para evitar a emissão de 135 toneladas de gás carbônico (CO2), um dos principais agentes causadores das mudanças do clima. Para efeito de comparação, essa quantidade de CO2 que não é lançada na atmosfera representa para a natureza o mesmo que o plantio de 810 novas árvores. O Hospital Boldrini é uma das mais conhecidas organizações sociais de Campinas, referência nacional e internacional em tratamento de câncer infantil.

Comunidade de Cambury tem uma parceria sólida com a base do Tamar em Ubatuba (Foto José Pedro Martins)

Comunidade de Cambury tem uma parceria sólida com a base do Tamar em Ubatuba (Foto José Pedro Martins)

ODS 14 – Conservação e uso sustentável dos oceanos, dos mares e dos recursos marinhos para o desenvolvimento sustentável – Proteger os oceanos e mares e sua rica biodiversidade representa um dos grandes desafios globais para o século 21. No Brasil, uma das práticas mais reconhecidas nesse campo é o Projeto Tamar/ICMBio, que há 30 anos se dedica à pesquisa voltada para a preservação das tartarugas marinhas, ameaçadas pela gigantesca presença de lixo nas águas e pela pesca predatória, entre outros fatores.

O Projeto Tamar começou em 1980 a proteger as tartarugas marinhas no Brasil. Conta com o patrocínio da Petrobras desde 1982, sendo atualmente por meio do Programa Petrobras Socioambiental. Hoje o projeto é a soma de esforços entre a Fundação Pró-TAMAR e o Centro Tamar/ICMBio. Trabalha na pesquisa, proteção e manejo das cinco espécies de tartarugas marinhas que ocorrem no Brasil, todas ameaçadas de extinção: tartaruga-cabeçuda (Caretta caretta), tartaruga-de-pente (Eretmochelys imbricata), tartaruga-verde (Chelonia mydas), tartaruga-oliva (Lepidochelys olivacea) e tartaruga-de-couro (Dermochelys coriacea).

O Tamar protege cerca de 1.100 quilômetros de praias e está presente em 25 localidades, em áreas de alimentação, desova, crescimento e descanso das tartarugas marinhas, no litoral e ilhas oceânicas dos estados da Bahia, Sergipe, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Ceará, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo e Santa Catarina. Desde 2003 a base de Ubatuba do Projeto Tamar recebeu apoio do Grupo Arcor.

Plantação de soja no Centro-Oeste: é possível plantar sem desmatar, de acordo com a Moratória da Soja (Foto Adriano Rosa)

Plantação de soja no Centro-Oeste: é possível plantar sem desmatar, de acordo com a Moratória da Soja (Foto Adriano Rosa)

ODS 15 – Proteger, recuperar e promover o uso sustentável dos ecossistemas terrestres, gerir de forma sustentável as florestas, combater a desertificação, deter e reverter a degradação da terra deter a perda da biodiversidade –  A média do desmatamento na Amazônia, nos municípios monitorados no âmbito da Moratória da Soja, caiu de 6.847 km²/ano (2002-2008) para 1.049 km²/ano (2009-2016), correspondendo a uma redução de 85%. Este foi um dos dados divulgados no dia 10 de janeiro pelo Grupo de Trabalho da Soja (GTS), que apresentou o relatório correspondente à safra de 2016/2017. O mesmo relatório, divulgado em Brasília, revelou que menos de 2% da expansão dos plantios de soja foi registrado em áreas desmatadas após julho de 2008. Do total de 4,5 milhões de hectares plantados na safra 2016/2017, somente 47.365 hectares não estão em conformidade com a moratória, segundo o GTS.

“É possível produzir conservando os recursos naturais, conforme exigências do mercado internacional”, disse, por ocasião da divulgação do relatório, Paulo Adário, estrategista sênior de Florestas do Greenpeace Brasil e um dos coordenadores do Grupo de Trabalho. No bioma Amazônia, a maioria da soja (97%) é cultivada em 89 municípios, que compõem a área de estudo da safra 2016/17, distribuídos em sete estados: Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima, Amapá, Maranhão e Tocantins. A Moratória da Soja – um pacto envolvendo setor público, privado e organizações da sociedade civil – foi declarada em 24 de julho de 2006 com o intuito de inibir o avanço da sojicultura sobre a floresta tropical do bioma Amazônia. Com o novo Código Florestal, sancionado em 25 de maio de 2012, a data de referência da Moratória passou a ser 22 de julho de 2008, a partir da safra 2012/13. Paralelamente, “diversos avanços tecnológicos observados desde o início da vigência da Moratória foram gradativamente incorporados nos procedimentos metodológicos, o que aperfeiçoou o monitoramento”, afirma o GTS, no relatório sobre a safra 2016/2017 (que pode ser lido aqui).

ODS 16 – Promover sociedades pacíficas e inclusivas para o desenvolvimento sustentável, proporcionar o acesso à justiça para todos e construir instituições eficazes, responsáveis e inclusivas em todos os níveis – O Mapa da Violência, produzido há vários anos pela FLACSO-Brasil, sob coordenação de Julio Jacobo Waiselfisz, é um dos termômetros do mal estar na sociedade brasileira. De acordo com o “Mapa da Violência 2016″ (aqui), entre 1980 e 2014 aconteceram quase 1 milhão (967.851) homicídios por armas de fogo no país, segundo dados do Ministério da Saúde. O Mapa deixa evidente a migração e descentralização da criminalidade, dos grandes centros urbanos para outras regiões. Houve um aumento exponencial dos homicídios por arma de fogo no Nordeste. Segundo o Mapa da Violência, novos polos econômicos que surgiram na região “atraíram investimentos e fluxos populacionais, mas também criminalidade e violência, diante da virtual ausência das instituições do Estado, fundamentalmente as da Segurança Pública”.

ODS 17 – Fortalecer os meios de implementação e revitalizar a parceria global para o desenvolvimento sustentável – As parcerias são fundamentais para a implementação dos ODS e muitas empresas brasileiras estão atentas a essa premissa, como demonstram as seguradoras que aderiram aos PSI. As seguradoras também têm ampliado parcerias próprias. A mais recente iniciativa do Grupo Bradesco Seguros, em parceria da Organização Bradesco com o Instituto Akatu, observa Ivani Benazzi, gerente de relações institucionais e sustentabilidade, tem o objetivo de sensibilizar e mobilizar os colaboradores em relação ao consumo consciente de energia elétrica e água, além do descarte adequado de resíduos.

Intitulada “Campanha Racionalize”, o primeiro passo da campanha foi a oferta do Teste de Consumo Consciente, criado para aferir o grau de conhecimento dos funcionários e colaboradores sobre o consumo consciente dos recursos naturais. Paralelamente, foram realizadas palestras com dicas para funcionários e prestadores de serviços sobre o uso correto dos recursos e descarte de resíduos, além da colocação de lixeiras de coleta seletiva nas dependências da empresa, adesivos em sanitários e curso on-line de sustentabilidade.

Parceria é uma palavra chave para a RedEAmérica, a aliança de institutos, fundações e empresas que busca a construção de comunidades sustentáveis em conjunto com os atores locais. “A RedEAmérica tem convidado ao setor empresarial a contribuir na consecução dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável – ODS da Agenda 2030″, destaca a diretora executiva Margareth Flórez.

“A partir dos negócios, as empresas podem contribuir a alcançar a Agenda 2030 e  o desenvolvimento sustentável das comunidades, quando oferecem produtos ou serviços com critérios de inclusão social, quando incorporam critérios socioambientais na operação, quando geram valor para a sociedade através de sua rede de valor e quando contribuem à competitividade e sustentabilidade de seu entorno”, diz Flórez.

E ela conclui, resumindo o sentido da contribuição do setor privado para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável: “Vivemos um mundo cada vez mais complexo, com grande margem de incertezas, ansioso por transformações que cheguem a todos. A Agenda 2030 oferece uma oportunidade para alinhar coletivamente os esforços. Entretanto, atingir resultados perduráveis e transformações reais nos territórios e na vida das personas e comunidades dependerá da forma como se construa a rota para o desenvolvimento sustentável. Diálogo, visões compartilhadas, articulações e cooperação entre múltiplos atores são elementos da visão de comunidades sustentáveis da RedEAmérica e ao mesmo tempo são  aspectos essenciais para alcançar o desenvolvimento sustentável que queremos e merecemos, e que propõe a Agenda 2030″.

Projeto Telhados Solares CPFL: símbolo da contribuição do setor empresarial brasileiro para os ODS (Foto Martinho Caires)

Projeto Telhados Solares CPFL: símbolo da contribuição do setor empresarial brasileiro para os ODS (Foto Martinho Caires)

 

 

 

Sobre ASN

Organização sediada em Campinas (SP) de notícias, interpretação e reflexão sobre temas contemporâneos, com foco na defesa dos direitos de cidadania e valorização da qualidade de vida.

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