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Conflitos pela água explodem em todo Brasil em tempo de estiagem prolongada
Rio Atibaia, em Campinas, um dos formadores do rio Piracicaba: conflitos pela água aumentam (Foto Adriano Rosa)

Conflitos pela água explodem em todo Brasil em tempo de estiagem prolongada

Os conflitos pelo uso da água alcançaram maior visibilidade em razão da estiagem inédita que atinge sobretudo o estado de São Paulo em 2014. O esvaziamento do Sistema Cantareira deixou evidente o conflito que ocorre há décadas pelo uso da bacia do rio Piracicaba, enquanto a disputa entre São Paulo e o Rio de Janeiro pela utilização da bacia do Paraíba do Sul confirma o potencial de conflitos interestaduais pela água.

Mas os conflitos pela água têm sido registrados há anos em outras partes do país, como mostra o levantamento atual promovido pela Comissão Pastoral da Terra (CPT). Na última década (2004 a 2013) foram 681 conflitos, envolvendo mais de 1,4 milhão de pessoas e provocando nove mortes.

A documentação feita pela CPT indica o agravamento do quadro de conflitos, em todas as regiões brasileiras. Entre 2004 e 2008 foram 309 conflitos, média de 61,8 por ano. Foram 582.147 pessoas envolvidas, média anual de 116.429. Na outra metade da década, entre 2009 e 2013 foram 830.495 pessoas envolvidas, representando uma média anual de 166.099 pessoas.

O ano de 2013, com 93 conflitos, bateu um recorde histórico em número de conflitos, segundo o levantamento anual da CPT. A CPT caracteriza como conflitos pela água as “ações de resistência, em geral coletivas, para garantir o uso e a preservação das águas e de luta contra a construção de barragens e açudes, contra a apropriação particular dos recursos hídricos e contra a cobrança do uso da água no campo, quando envolvem ribeirinhos, atingidos por barragens, pescadores, etc”.

“Os conflitos pela água em 2013 revelam a falência do atual modelo de gestão da coisa pública, onde se insere a questão das águas, se é que podemos chamar de gestão esse controle predador”, afirma o engenheiro agrônomo Alexandre Gonçalves, articulador do Projeto São Francisco, agente da CPT Minas Gerais, comentando os conflitos ocorridos no ano passado.

 

 

Sobre José Pedro Soares Martins

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