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PATRIMÔNIO HISTÓRICO

Monumento-túmulo de Carlos Gomes, que teve pedra fundamental lançada por Santos Dumont, a 18 de setembro de 1903.  (Foto José Pedro Martins)

Monumento-túmulo de Carlos Gomes, que teve pedra fundamental lançada por Santos Dumont, a 18 de setembro de 1903. (Foto José Pedro Martins)

MONUMENTO-TÚMULO DE CARLOS GOMES

O dia 18 de setembro de 1903 é histórico para Campinas. É a data do encontro de dois ícones brasileiros, o maestro Antônio Carlos Gomes (1836-1896) e o inventor Alberto Santos Dumont (1873-1932), que têm suas biografias ligadas à cidade. Naquele dia, a convite de César Bierrenbach, Santos Dumont – que estava no Brasil para um tour intenso, pouco depois de grandes feitos em Paris – colocou a pedra fundamental do monumento-túmulo de Carlos Gomes.

Santos Dumont estava entusiasmado e comovido. Exatamente em um 18 de setembro, de 1898, ele fez a primeira tentativa de levantar o balão Santos Dumont n.1, que deu início à sua trajetória vencedora. Cinco anos depois estava em Campinas, onde tinha estudado, no Colégio Culto à Ciência. Desta vez, foi recebido como um herói nacional na estação central da Companhia Paulista, atual Estação Cultura. Desceu pela rua Treze de Maio, almoçou no palacete do barão Ataliba Nogueira e se dirigiu ao local onde seria construído o monumento a Carlos Gomes.

Depois de colocar a pedra fundamental, ainda participou de cerimônias no Club Campineiro e Centro de Ciências, Letras e Artes (CCLA), cuja primeira manifestação pública foi justamente a saudação a Santos Dumont, em outubro de 1901. E encerrando a passagem por Campinas o Pai da Aviação visitou o Culto à Ciência.

O monumento-túmulo a Carlos Gomes foi confeccionado por Rodolfo Bernardelli (1852-1931), escultor nascido no México e naturalizado brasileiro, com importantes obras como estátuas que ornamentam o Teatro Municipal do Rio de Janeiro. Está localizado onde funcionou o primeiro prédio do Legislativo campineiro. Carlos Gomes está de frente à Basílica do Carmo, onde executou algumas de suas primeiras obras, ainda muito jovem, em Campinas, antes da carreira internacional. Os nomes de suas grandes obras, como “O Guarani” e “Tosca”, estão em destaque no monumento.

Basílica do Carmo, marco da fundação da cidade.

Basílica do Carmo, marco da fundação da cidade.

BASÍLICA DO CARMO, MARCO NO CENTRO DE CAMPINAS

A Basílica de Nossa Senhora do Carmo é um dos marcos do patrimônio histórico de Campinas. A Igreja está localizada onde foi construído o primeiro templo católico na cidade, e no espaço de fundação da Freguesia de Nossa Senhora da Conceição das Campinas do Mato Grosso, a 14 de julho de 1774.  Francisco Barreto Leme foi nomeado o fundador da freguesia.

A primeira paróquia de Campinas é a de Nossa Senhora da Conceição, criada nesse momento de fundação. A Igreja desta paróquia era originalmente aquela construída onde hoje está a Basílica do Carmo. Em 1870 a Paróquia de Nossa Senhora da Conceição foi dividida em duas.  A matriz passou a ser a nova Igreja de Nossa Senhora da Conceição, atual Catedral Metropolitana de Campinas.

A Matriz Velha, onde funcionava a paróquia da Conceição, passou a ser a sede da nova paróquia, a Paróquia de Santa Cruz. O padre Francisco de Abreu Sampaio, o padre Chico, foi nomeado primeiro pároco de Santa Cruz, tomando posse a 28 de maio de 1870.  Um dos nomes de destaque dessa primeira fase da Paróquia de Santa Cruz é o do padre Roberto Landell de Moura, que atuou por dois anos como substituto interino do padre Scipião F.Goulart Junqueira, que tinha sido o terceiro titular da Paróquia.

O padre Landell de Moura é, para muitos importantes cientistas,  o “pai do rádio”, que inventou na passagem dos séculos 19 e 20. Muitos estudos que levaram a essa descoberta foram conduzidos em Campinas, durante sua passagem pela futura Basílica do Carmo, entre 1894 e 1896.

O atual prédio da Basílica do Carmo foi inaugurado a 21 de fevereiro de 1932, então ainda inacabado, com missa presidida pelo bispo diocesano, que manifestou o seu desejo de que de ora em diante a Igreja se chamasse Matriz do Carmo, pela paróquia ter como padroeira a Nossa Senhora do Carmo.  O nome veio no final de 1938, quando o prédio estava praticamente concluído.

O prédio da Basílica tem a contribuição de nomes importantes da história cultural de Campinas. Um deles é o do engenheiro e arquiteto  ítalo-brasileiro Agostinho Odisio (1881-1948), que cuidou da nova versão das obras de reconstrução da Igreja do Carmo e era também um grande escultor.

O altar-mor da Basílica é de outro ítalo-brasileiro, Lelio Coluccini (1910-1983), escultor com grandes obras na cidade, como o monumento a John Kennedy, o monumento ao Bicentenário de Campinas (de 1774, no Largo das Andorinhas), monumento a D.Barreto (escultura em Bronze, na praça D.Barreto, avenida da Saudade), monumento a fundação de Campinas (na parca Guilherme de Almeida, Largo do Rosário) e monumento aos soldados constitucionalistas de 1932.  

A Capela do Santíssimo é de autoria do pintor Bruno Sercelli, também de origem italiana. Em 1952 a Igreja recebeu o órgão Tamburini, um instrumento com dois teclados e aproximadamente 24 registros, emitindo 24 timbres diferentes, que podem ser usados sozinhos ou combinados entre si. Possui ainda 1335 tubos e 32 pedaleiras. O órgão fortaleceu a vocação musical da Paróquia do Carmo e sua Basílica, sucessora da Igreja onde foi batizado o maestro Antônio Carlos Gomes.  

No dia 6 de novembro de 1974, no formato de Breve Apostólico, o Papa Paulo VI assinou então o decreto Sacra illa aedes, conferindo o título de Basílica à Matriz do Carmo. O pároco era o Cônego Geraldo Azevedo, que esteve por 37 anos à frente da Paróquia do Carmo.

O tombamento do prédio da Basílica foi aprovado pelo CONDEPACC, pela Resolução nº 50, de 13 de maio de 2004, publicada no Diário Oficial do Município de Campinas, dia 21 de maio de 2004. O pároco era o Cônego Pedro Cipolini, depois nomeado bispo de Amparo. No dia 16 de julho de 2009 houve a entrega dos magníficos vitrais da Basílica totalmente restaurados, durante missa solene da Padroeira  presidida pelo então Arcebispo Dom Bruno Gamberini. A Basílica do Carmo é, assim, um marco político e religioso significativo, mas também um dos mais importantes patrimônios históricos de Campinas.

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